t w e l v e

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As meninas continuaram a dançar sensualmente, mas todos os outros estavam entretidos em outras coisas, como bebidas, exceto eu.

Eu olhava pra aquelas meninas dançando e as vezes pensava "será que eu seria mais legal e interessante se fosse daquele jeito?". Na real, eu não me sentia tão satisfeita comigo mesma naquele momento.

Mas depois de algum tempo observando as pessoas ao redor, eu percebia os seus olhares discretos com os seus amigos e as risadinhas abafadas.

A verdade é que aquele luau não parecia tão interessante pra mim.

—Ta tudo bem contigo, meu bem? —Você me perguntou enquanto acariciava meu cabelo.

—Com certeza. —Eu respondi forçando um sorriso.

Mas vinte minutos depois de afirmar que estava tudo bem, eu insistia em voltar pra casa quando você tinha bebido.

—Evan, eu quero voltar pra casa, por favor, larga essa bebida e vamos. —Eu falei.

—Para de ser chata e vai viver e se divertir que nem suas amigas, senhora certinha. Que saco! —Você falou grosseiramente depois de virar uma lata de bebida.

E ao invés de ser tão grossa quanto você e começar uma discussão, apenas assenti e respondi: —Que seja, Evan.

Logo depois entrei em casa em busca da chave do seu carro, eu precisava ir embora dali mesmo sem um grande motivo. Você me disse que eu era chata e que deveria me divertir, viver, como se eu não me esforçasse pra fazer isso com você. Porque eu vivia, não da mesma forma que você, mas vivia. Eu gostava da minha vida sem graça e rotineira antes de você aparecer e transforma-la no oposto. E você estava lá, falando como um babaca mesquinho e egoísta como se meu esforço de nada adiantasse.

Eu procurei as chaves desesperadamente, mas não achei. Então eu simplesmente desabei na escadas da casa de veraneio.

—Você quer que eu te leve pra casa, Noora? —Você falou, aparecendo repentinamente.

Eu apenas assenti, não tinha vontade de conversar com você.

—Desculpa, ok? Eu apenas fui um babaca, como sempre. Mas eu me esforço pra parar com essa babaquice. —Você falou, se aproximando mais de mim.

E foi naquele momento que eu explodi.

—Você se esforçou? VOCÊ? Eu mudei minha rotina, eu criei novos hábitos, me afastei das minhas amigas e me aproximei dos seus e aceitei quem você é. Mas claro, você se esforçar pra parar de ser um babaca de merda é bem mais do que tudo que sacrifiquei.

Você apenas ficou calado, me observando duramente.

—Do que adianta eu me esforçar tanto, se o seu esforço nem um pouquinho é? —Eu falei em meio aos soluços e lágrimas.

Depois de alguns minutos, você finalmente falou algo: —Esse é problema, eu não queria que o nosso relacionamento fosse um tremendo esforço. Eu queria que você se sentisse confortável tanto quanto eu me sinto com você, garota. Eu não queria que você tivesse que se esforçar pro nosso relacionamento, porque isso deveria ser a coisa mais natural do mundo. É você que dificulta tudo, pra si mesma, pra mim, pra todos.

E antes mesmo de eu poder digerir tudo aquilo, você subiu as escadas da casa de veraneio e voltou com as nossas malas.

—Vamos? —Você me falou com indiferença.

E eu fui.

Você colocou músicas antigas dos The Beatles para tocar no caminho de volta pra casa, provavelmente no intuito do momento ficar menos climão.

E funcionou.
Depois de um longo tempo em silêncio, uma conversa discreta sobre bandas antigas surgiu e uma coisa levou a outra: depois de algum tempo, estávamos conversando tranquilamente no carro.

—Sua pupila está muito dilatada, maneiro. —Eu falei quando ele olhava pra mim enquanto estávamos parados em frente a uma sinaleira e o sinal estava vermelho.

—Você sabia que a pupila dilata quando vemos a pessoa que amamos? E bom, meu bem, eu tô olhando pra você. —Você respondeu sorridente, e logo em seguida me deu um beijo na bochecha.

Dali em diante, começamos a conversar sobre coisas mais quentes mesmo comigo estando com raiva de você. Depois de alguns minutos, você parou no acostamento.

Uma coisa leva a outra, quase manhã, parados no acostamento da estranha vazia e com ódio e tesão reprimido, acabamos aproveitando o final daquele dia no carro.

E entre gemidos, sabíamos que aquilo estava completamente errado.

Esse foi um dos nossos piores problemas que se disfarçava de melhor solução: o sexo.

Nós sempre resolvemos todos os nossos problemas, brigas, discussões que acabam de começar e basicamente tudo com sexo. Acontece que por mais que funcionasse em primeiro momento, a dor e o nossos problemas sem soluções ficavam armazenados no nosso peito (ao menos no meu) e nos afetando diretamente, aguardando o momento de explodirem.

Quando chegamos na minha casa, que estava novamente vazia sem meus pais, fomos direto para o meu quarto dormir. Eu estava com os olhos fechados e prestes a cair no sono quando ouvi você falar:

—Eu te amo, Noora. Desculpa por ser um babaca.

Adormeci nos seus braços com o coração aquecido e com a mente a mil pensamentos por minuto.

Quem é você, Evan? Where stories live. Discover now