f i f t e e n

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Hoje deveria ser mais um dia normal e monótono assim como todos os últimos. mas minha prima decidiu me levar pra praia, e surpreendentemente eu aceitei.

no caminho pra praia pegamos um engarrafamento gigante, e enquanto minha prima reclamava e reclamava, eu esperava pacientemente enquanto ouvia Arctic Monkeys no último volume. Quando chegamos na praia, o sol estava prestes a se pôr, então aproveitamos o momento pra assistir sentadas no píer.

e foi naquele momento, com o sol beijando o mar, que eu entendi.
o perdão é a chave pra ser liberto.

foi ali que pensei em nós e na nossa trajetória e compreendi que nunca daríamos certo com aquele relacionamento naquele momento da nossa vida. Nosso namoro estava na beira do precipício; você só o empurrou e causou o inevitável. Você era óleo e eu água, e como você sabe, os mesmos não se misturam, não importa o quando forcem pra isso acontecer. sei que não faz tanto tempo que ainda éramos nós, mas seu toque ainda habita no meu corpo, afinal, cada célula no nosso corpo é destruída a cada sete anos, então ainda irá demorar até que eu tenha um corpo no qual você não tenha tocado. isso me trás muitos sentimentos angustiantes, mas também reconforto. sim, reconforto.

Evan, você sempre me disse que sempre perdoo da boca pra fora mas nunca do peito pra dentro. mas dessa vez é ao contrário.
uma vez li que o fraco nunca pode perdoar, perdão é um atributo dos fortes. É verdade, perdoar é sublime demais. Para o fraco, perdoar significa esquecer todo o mal que te fizeram. Mas para o forte, perdoar é um ato de misericórdia e força a si mesmo, afinal, perdoar é se libertar de pesos que não são seus. perdoar é não se tornar um colecionador de mágoas.
eu concordo com o forte, e é por isso que tento te perdoar. Não por você, mas por mim, porque perdoar você é também é praticar meu auto-perdão, é tirar o fardo do ressentimento das minhas costas que tanto atrapalham minha caminhada por mais difícil que seja. A ventania entrou no meu coração e bagunçou tudo dentro, mas tenho minha parcela de culpa, afinal, fui eu que deixei a janela aberta. E cabe a mim rearrumar o coração, ajeitar a bagunça e ser livre. Só com o perdão se alcança isso.
Saiba que faço por mim, não por nós.

estou voltando pro meu lar, quem sabe seja a hora do meu perdão. e decide a sua vinda assim, sentada em um píer assistindo ao pôr do sol, sem forçação de barra, sem precisar parar a minha vida pra isso. na verdade, parei a minha vida pelo ressentimento e ódio, mas a retomei com o perdão. Ele aparece no momento certo, quando estamos preparados —mesmo sem saber— pra começar a seguir a vida.

É válido fugir daquilo que nos apavora por um tempo, é válido ficar sozinho porque preciso de um pouco de paz e se reerguer e só consiga estando em silêncio consigo mesma, só consiga com o tempo.
também é válido fazer o longo caminho de volta —mas de volta até aonde?— após não se apavorar mais, nem mesmo com a verdade e intensidade dos sentimentos que prevalecem no meu peito.

quando está carta chegar nas suas mãos, muito provável que esteja no caminho de volta até aí.

caso queira me procurar, mesmo com medo do reencontro, estarei te esperando no mesmo lugar esperando que nos reencontramos com o coração mais maduro e a mente mais preparada: na minha casa, assim como você sempre estará no mesmo lugar: no meu coração, não importa ao lado de qual sentimento.

Quem é você, Evan? Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum