Reescrevendo a História

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Elisa sabia a verdade, o que não mudou em muito a sua ansiedade. Desde a conversa com Dona Gilda, o objetivo era outro, ela precisava encontrar Guto. Todavia, dia após dia ela tentou e não o achou em lugar nenhum. Ela leu aquele livro dezenas de vezes e em todas as oportunidades o desfecho era igual. Ela precisava mudar aquela história, pois desejava viver o seu final feliz. Mas como? O que fazer para reencontrar o seu amado e lhe dizer tudo o que ainda não havia dito?

O coração da menina estava confuso e quando achou que ninguém mais poderia lhe ajudar, se lembrou de Dona Anael. Elisa resolveu visitá-la, estava com a esperança de que ela pudesse lhe dizer o que fazer.

Já na biblioteca, Dona Anael a recebeu com a cordialidade de sempre:

— Olá, minha querida. Quanto tempo! Chegue a pensar que não voltaria mais.

— Oi, Dona Anael. Tudo bem com a senhora? — Falou a menina com a voz trêmula.

— O que foi menina? Percebo que estás aflita!

— Eu preciso lhe perguntar uma coisa! Estou perdida naquele livro — a menina segurou as lágrimas e Dona Anael fingiu não perceber.

— Venha, vamos tomar algo. Sentemos em nossa mesinha preferida. — elas se sentaram e Dona Anael pediu para Marco Antônio levar um café.

As duas ficaram de frente e Dona Anael segurou em suas mãos, para logo em seguida perguntar:

— O que está lhe afligindo minha menina? Não gostou do livro?

— O problema é esse! Gostei tanto, que agora só consigo viver dentro dele.

Elisa falou de uma forma aberta e acreditou que a senhora iria lhe dizer tudo o que precisava saber para terminar com a sua aflição.

— Não fique triste, é apenas uma história! Todos os dias milhares de romances semelhantes são escritos. Eu sei que os livros nos emocionam, mas não deixe que ele lhe mude ao ponto de chorar.

— A senhora sabe o que estou falando não é? — Perguntou a menina na esperança de que ela não desconversasse.

— Sim, eu entendi! Você está lendo um romance emocionante e, assim como diversos leitores, você entrou na história intensamente.

— Não, a senhora sabe que não é isso! Eu estou mesmo dentro do livro, viajo para lá todos os dias e nele vivi as mais incríveis aventuras.

— Minha menina, venha cá. – Dona Anael a abraçou forte e depois disse que devia ser apenas um sonho e que histórias de livros não se concretizam como em um passe de mágica. A menina chorou abraçada com a senhora, que a consolou mais uma vez.

— Vou te dar um conselho! Viva a sua vida de uma forma que o real seja o mais importante. Mas nunca duvides daquilo que não se pode ver. Algumas vezes as pessoas se esquecem de que os mistérios existem e sobrevivem por todo o sempre. Feliz é aquele que pode sonhar. Não desista dos seus sonhos, apenas tente traze-lo para o mundo real.

— Mas e o livro, o que eu faço com ele?!

— Devolva-me quando achar que já não deves mais ler.

A senhora não falou claramente sobre o livro e a menina não teve certeza se ela acreditou que de fato estava vivendo a história. Mesmo assim, Elisa guardou em seu coração os conselhos e partiu em busca da realização de seus sonhos. Aquela era uma menina apaixonada por um livro e pela vida. 

A Menina que se apaixonou por um livroWhere stories live. Discover now