O farol dourado

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Um casal apaixonado, caminhando de mãos dadas pela praia e repletos de sonhos. Eles desfrutaram daquele momento sem pensar em nada mais. Viveram intensamente cada instante daquele novo encontro e esqueceram de que no mundo real os seus olhos ainda estavam fechados.

Ao cair da tarde no alto da colina, observaram o casal de pássaros fazendo um ninho. Era como uma dança, onde constantemente pulavam de galho em galho dedicando-se a sua devotada tarefa. Elisa e Guto se encantaram com a dedicação daqueles dois, que unidos, viviam o auge do amor.

O sol se pós e, ao longe, um sino podia ser ouvido. Eles não se lembravam de nenhuma igreja, entretanto, aquela era uma terra misteriosa e a todo momento novas histórias surgiam.

O casal desceu por outra trilha, seguindo o som estridente que aumentava a cada passo que davam. Eles caminharam por um longo tempo, encontrando adiante a outra parte da trilha. Era uma subida difícil, com muitas pedras e bastante íngreme. Quando enfim alcançaram o topo, se encantaram mais uma vez ao descobrirem a existência de um lindo farol. Eles desceram correndo pelo caminho e pararam ofegantes aos pés do grande sinaleiro. Riram bastante da aventura e depois resolveram entrar para conhecer o lugar.

Por dentro, era tão iluminado quanto por fora, suas paredes douradas pareciam de ouro e isso o fazia brilhar ainda mais. Elisa subiu as escadas correndo e um pouco acima de Guto, parou e sorriu. O rapaz apressou-se e juntos eles alcançaram o topo, para novamente se encantar com a vista deslumbrante daquele mar brilhante. De tão encantados que estavam, nem perceberam que havia um homem sentado com o chapéu no rosto, tirando um cochilo e se preparando para a jornada noturna. Ao ouvir a conversa do casal, ele despertou e os saudou:

— Boa noite, meus jovens. Como é bom receber visitas! Já faz muito tempo que estou sozinho por aqui. — Eles olharam surpresos para trás e se assustaram por não terem o visto antes.

— Nossa! Não vimos você quando entramos — Revelou Elisa, se lembrando dos diversos encontros anteriores quase sempre da mesma forma.

— Eu estava a dormir. A maratona noturna não é fácil. Preciso cuidar da segurança de todos, somente com a luz é que eles podem encontrar o caminho. E vocês, também estão perdidos?!

— Não! Ouvimos um sino e saímos ao seu encontro, no entanto, o som parou de bater logo após avistarmos o farol. — Guto estava ofegante.

— Aqui não temos sino, somente luz! Talvez fosse alguma embarcação em festa. Vocês devem ter confundido o som.

— Ah não! Sabemos reconhecer o som de um sino. — Respondeu Guto com convicção.

— Que seja! Nesse caso não sei de onde vem tal som. Mesmo assim confesso que é tão bom tê-los aqui. Que tal me ajudarem essa noite? Tenho muito trabalho.

— Mas não é somente um farol e basta acender a luz? — Elisa estava confusa.

— Para iluminar o caminho não basta acender uma luz. Muitas vezes temos que direcionar as embarcações para o lado certo. Se fosse apenas uma luz a girar, eles nunca saberiam para onde deveriam ir.

— E para onde devem ir? — Guto percebeu que era uma mensagem.

— Depende muito! Alguns seguem adiante e, mesmo que ilesos por desviarem das pedras, acabam por se perder e vagam a espera de uma sorte maior. Outros até conseguem se encontrar, mas esses também enfrentam muitas dificuldades para chegar ao seu destino. Somente quando eu os ilumino, é que conseguem encontrar a direção e chegam ao seu porto seguro.

— Sabe de uma coisa! Todos que encontrei por aqui tem uma forma semelhante de falar. Vocês são contadores de história? — Perguntou a menina curiosa.

A Menina que se apaixonou por um livroWhere stories live. Discover now