Um olhar apaixonado

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A vida é surpreendente e quando menos se espera, o inesperado pode acontecer. É nesse momento que os sonhos se realizam e novos sorrisos podem surgir.

Elisa acordou cedo e antes de sair, a mãe pediu para ela devolver o livro. A menina não se espantou ao saber que o exemplar ainda estava em sua casa e brincou mais uma vez, dizendo que achava que ela também havia visitado a Colina Esmeralda. Logo depois saiu para cumprir a missão e avisou que chegaria mais tarde, pois combinou de ver o pôr do sol com as amigas.

Elisa ainda não era habilitada e por isso não saia com o carro que ganhou dos pais. Ela pegou o ônibus em direção ao transbordo. Do outro lado da cidade, um jovem sonhador também se dirigia para a biblioteca e por um acaso do destino, as duas conduções estacionaram lado a lado nas plataformas. Eles desceram no mesmo instante e até mesmo o seu andar estavam sincronizados. Logo após descerem, se esbarraram e Elisa pediu desculpas ao rapaz. Seguiram para a outra plataforma e apenas alguns metros de distância separavam o casal.

Dentro do ônibus que os levaria para biblioteca só havia um banco vazio e Elisa sentou-se nesse lugar. Ela ficou observando pela janela, aguardando a partida da condução. Ao seu lado estava um senhor de óculos que começou a mexer em sua bolsa. Elisa pode ouvir os seus resmungos e até achou engraçado a forma como ele falava:

— Onde está? Cade você quando preciso? — Ele sussurrava e algumas vezes, olhava para a menina sorrindo, quando enfim, desistiu de procurar e falou:

— Moça, será que você pode me informar as horas?

— Dez e vinte oito. — Respondeu.

— Muito obrigado minha jovem. Não consigo enxergar bem nem mesmo com esses óculos.

Nesse momento o motorista entrou e ligou o veiculo, preparando-se para partir, quando o senhor novamente falou:

— Esse ônibus vai para praia, certo? Estou indo visitar a minha irmã. Ela mora de frente para o mar, é um lindo lugar. Pretendo ficar um tempo por aquelas bandas. Algumas vezes é bom mudar de ares.

— Não senhor! — Exclamou Elisa. — Este ônibus vai para o centro. Se deseja ir para à praia, deve pegar o cento e vinte dois.

Guto estava de pé um pouco a frente e não percebeu a conversa, foi então que o senhor gritou e falou com ele.

— Meu rapaz, peça para o motorista esperar, pois eu preciso descer.

Guto prontamente atendeu o seu pedido e observou o senhor todo desajeitado se levantar, dirigindo-se para saída. Ao passar por Guto, ele agradeceu e disse:

— Como presente por sua boa ação, lhe ofereço o meu lugar. Aproveite a viagem meu jovem.

O rapaz olhou para trás e aceitou a sugestão do senhor, sentando-se ao lado de Elisa e enfim o ônibus partiu.

Foram apenas alguns minutos e nenhum dos dois se olhou. Eles sentiam algo dentro de si, porém, sem saber o que era, fecharam os olhos no mesmo instante e puderam sentir que algo diferente estava no ar. Elisa foi a primeira a abrir os olhos e logo notou pela janela um pássaro a voar no céu. De tão longe, não conseguia ver suas cores, contudo, percebeu que outra ave o seguia.

Tão pertos e tão distantes. Eles desceram no mesmo ponto, porém, Guto seguiu rumo à lanchonete, enquanto Elisa dirigiu-se direto para a biblioteca. No caminho, o rapaz parou para ouvir um músico de rua que tocava uma linda melodia. Era uma flauta doce, algo que o que o fez lembrar imediatamente de alguém que conheceu em uma praia. Minutos depois ele seguiu o seu caminho, enquanto o flautista fez uma pausa e sorriu.

A Menina que se apaixonou por um livroWhere stories live. Discover now