Capítulo 2: Thiago

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Eu estava achando que a viagem para o acampamento seria divertido, mas o Well vomitar na Larissa já está valendo muito a pena. Amo aquele sorriso. Ele e a Andressa fazem minha vida mais feliz.

Adentramos uma estrada de terra, a qual começou a ficar cercada por diversas árvores, eu estava achando o lugar lindo. Entretanto o ônibus parou bem antes de chegarmos no acampamento, pois havia um tronco bloqueando a passagem. Desta forma, terminamos o percurso da viagem a pé. O melhor foram os inteligentes que trouxeram malas de rodinhas, sabendo que íamos para um lugar com lama.

Chegamos ao diviníssimo acampamento, era dividido em duas áreas com cabanas, uma determinada de área masculina e outra feminina, com banheiros para ambos os sexos. Eu achei lindo. Tinha quatro cabanas de cada área e uma para o banheiro. Por mais ridículo que pareça, nossas professoras quiseram nos separar pelo sexo biológico. Eu e o Well ficamos no quarto com o João Victor e o Rafael (Se acha o gostosão, mas ele é bonito). Rafael é moreno, corpo bem definido, braços grossos, seu cabelo preto liso fazia sua cara de safado ficar bem sensual.

Esqueci de contar que no acampamento tinha uma cabana cozinha, a qual usaríamos para cozinhar e fomos recepcionados por uma tal de Mariana, que teoricamente cuidaria de nós essa semana. Assim, nossas queridas professoras nos dividiram em grupos para realizar diferentes atividades, pois apesar de ser uma viagem, ela tinha o intuito de estudar o Bioma e a vegetação. Os grupos foram cozinheiros, limpeza e estudos, mas os alunos sempre seriam revezados para cada grupo.

Eu fui separado do Well e da Andressa, eu fiquei com os cozinheiros, Andressa com a limpeza e Well para estudos. Só que eu não sei cozinhar nada, a não ser miojo e preciso ler as instruções ainda. Então me colocaram para descascar batatas, eu fiz isso e desapareci, fui atrás do Well, pois eu queria conhecer a floresta.

Então resolvi caminhar atrás deles e os encontrei tomando banho no lago próximo ao acampamento. Fiquei frustrado pelo fato do Well não me chamar. Chateado com a cena que eu vi, voltei a caminhar pela floresta, encontrei alguns pássaros que não faço ideia do nome. Enquanto andava distraído, encontrei uma cabana velha, tinha várias teias de aranhas por fora, seu visual estava detonado. Imaginei que aquela cabana fez parte de um acampamento no passado.

Cheguei mais perto e fui abrir porta, estranhamente ela estava trancada, mas pela janela parecia ter algo acesso dentro da cabana. Então usando parte da minha camiseta, limpei a janela, vi uma lareira acessa e uma sombra similar a silhueta de um humano. Dei a volta na cabana e encontrei uma garagem com Opala vermelho escuro, um carro clássico muito bonito e em boas condições. A porta da garagem para cozinha estava aberta.

Eu entrei dizendo:

— Olá, tem alguém aqui? Eu estou entrando.

A cozinha estava limpa, brilhando, o fogão tinha uma panela com um pouco de arroz mofado. Louças todas lavadas no escorredor. Eu achei estranho, fui para a sala, a qual eu estava observando antes pelo lado de fora. O chão tinha um tapete vermelho com o desenho de um alfa (letra grega). Na parte esquerda encontrava-se a lareira ligada e do seu lado um televisão antiga (talvez de 1940). Havia duas poltronas de frente para lareira. Passei a mão nelas, não tinha poeira e estavam tão macias. Na parte direita tinha uma escada com alguns vasos e plantas vivas enfeitando a cabana. A cabana não parecia ter dois andares. Ao lado da porta havia um cabideiro com um casaco marrom.

Ao andar em direção ao cabideiro, meus pelinhos da nunca arrepiaram, como se alguém estivesse passado atrás de mim, vire-me rapidamente e meus olhos se depararam com dois pés balançando. Eu levantei minha cabeça e me deparei com uma cena chocante. Um homem de aproximadamente trinta anos, pendurado pelo pescoço. Ele foi enforcado ou se enforcou. Um momento de pânico percorreu minha mente ao ver aquela cena de morte.

No mesmo instante, comecei a andar vagarosamente em direção a cozinha, comecei a suar frio, meus passos pareciam pesados, então eu escutei a seguinte voz:

— Ei, psiu, olha aqui – A voz aparentemente vinha do defunto. Virei meu rosto em direção a cabeça do rapaz enforcado e de sua boca saiu – Eu estou morto, ok?

Medo, corre, medo, corre, assombração, corre, grito, corre; eram as únicas coisas que se passavam em minha mente. Eu tropecei, cai enchendo minha boca de terra e eu conseguia gritar:

—SOCORRO!!!

Well apareceu, me levantou, eu agarrei sua mão e o puxei correndo comigo para o acampamento, onde poderia ser seguro. Fui diretamente para o quarto, sentei em minha cama, agarrei minhas pernas e me encolhi no canto da cama.

O que houve Thiago? – Well perguntou – Por que você estava gritando?

Não saia uma palavra com sentido da minha boca, apenas gagueja sílabas perdidas. Well me fitou por um minuto e falou:

— Vou ver se encontro água com açúcar para lhe acalmar, tudo bem? – Eu apenas balancei a cabeça, assentindo que sim.

— João Victor, pare de assistir filmes pornográficos! Vá lavar suas mão e ajudar o pessoal! – Well arqueou uma de suas sobrancelhas, a esquerda, como se estivesse profundamente irritado enquanto falava.

Ele voltou com o copo de água com açúcar, eu tomei tudo de uma única vez, mas ainda não conseguia processar aquela cena para contar a alguém. Rafael entra no quarto, de sunga preta e o corpo molhado e pergunta para o Well.

— Como ele está?

— Assustado – Well responde e Rafael diz:

— Hum, vou ajudar acender a lareira que mais tarde vamos fazer nossos espetinhos na brasa – Ele sorri alegre.

Well faz um olhar para o Rafael, que eu traduziria como: Fora do quarto! Rafael se retira. Well me abraça, e fala:

— Vamos cantar na lareira? – Olho para ele e dou um leve sorriso, pois nossa afinação é igual a maritacas. É a pior coisa que alguém deve ouvir – Eu vou ajudar o pessoal na cozinha, depois você vai lá, pode ser? – Assenti com a cabeça.

Well deixou o quarto.

O SINISTRO (COMPLETO)Where stories live. Discover now