Capítulo 3 - Rafael

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Eu estava tomando banho no lago e tentando convencer o Well a entrar na água, mas ele pisou no lago, ouviu um grito medonho e na hora ele disse:

— É o Thiago.

Desesperado, saiu correndo, sem camisa, apenas com sua bermuda jeans. Encontrou Thiago comendo terra, caído. Em minha concepção era apenas drama, provavelmente ele viu apenas um cateto (porco selvagem) e se borrou todo. Well é muito paciente e com certeza a amizade deles de tantos e poucos anos deve ajudar. Thiago é dramático.

Entrei no quarto que estou dividindo com o Well, Thiago e o João Victor. Thiago estava no canto, todo tremendo. Ele devia ter trabalhado naquela novela brasileira, Avenida alguma coisa, se daria muito bem.

Fui ajudar os outros rapazes a montar uma fogueira, para assarmos alguns espetinhos e cantarolar a noite toda. Espero que o Well e o Thiago não apareçam para cantar! Misericórdia, eles lembram minha cadelinha Leslie com diarreia.

O entardecer dentro da floresta é a coisa mais linda que eu vi na vida. Por conta da quantidade de cipós, poucos raios solares adentram a floresta, ficando tudo em tom de vermelho alaranjado. A noite chega. Todos estão sentados em torno da fogueira, inclusive o Thiago, encolhido no canto e sem cantar. Enquanto Solange irradia a fogueira com sua voz angelical. Ficamos conversando um bom tempo. Então Andressa se retira da rodinha, vai até a sua cabana e começa a gritar desesperadamente. No mesmo momento, eu corri até o quarto dela e entrei com tudo, a minha reação vou virar e vomitar.

No chão do quarto encontrava-se a cabeça da Ana, suas entranhas distribuídas sobre a cama. Suas pernas quebradas. A cama que tinha o cobertor azul, parte dele encontrava-se roxo, por conta da mancha de sangue. Eu me retirei do quarto, pois a cena me causava agonia até agora. A única coisa que eu conseguia pensar: "Como ninguém escutou?" Provavelmente ela deve ter gritado horrores. Ela estava drogada, por isso não escutamos nada é a única explicação que se passa em minha mente.

Então Thiago aparece em frente ao quarto e tem um surto, entre lágrimas de pânico diz:

— Ela ainda pode falar, ela...vai...falar, eu vi ele...falou comigo – ninguém estava entendendo nada.

— Se acalme Thiago! – disse Well, segurando seus braços. Thiago engole o choro, olha sério para todos e diz:

— Precisamos sair daqui, ele virá atrás de nós! – Ele agarra o braço do Well com força e começa puxa-lo – Andressa, vamos!!! – ele grita. Então, curioso pergunto:

— Ele quem Thiago?

— O diabo.

Minhas pernas começaram tremer com a resposta, minha visão começava ficar turva, não conseguia pronunciar as palavras corretamente, só lembro do impacto que eu senti ao esbarrar com o chão.

Acordei com umas seis pessoas em torno de mim, uma delas chorando. Eu rezei os poucos segundos que tive para a cena da Ana despedaçada não passar de um pesadelo. Larissa que estava chorando fala com um sorriso no rosto:

— Ele está vivo! – parecia um aviso.

Todos me ajudaram a levantar. A cena era de adolescentes desesperados, Patrícia estava aos berros, dizendo que não devia ter vindo, que ela sabia que ia acontecer coisas ruins. Escutei comentários: "A Ana não merecia aquilo, era uma garota gente boa". Foi assim que eu voltei a realidade. Sentei em torno da fogueira e fiquei ali, a professora Ângela grita:

— Quero todos reunidos em torno da fogueira!

Poucos segundos depois, estavam dezenoves alunos reunidos em torno da fogueira. Meus olhos começaram a escorrer, pois ontem eu pedi Ana em namoro, ela me disse: "Eu adoraria, mas você é muito galinha, eu só aceitare depois do acampamento", eu concordei e agora ela se foi.

Eu não fazia ideia do que a professora Ângela dizia, meus olhos enxergavam movimentos labiais, mas meus ouvidos estavam surdo. Ódio, levantei como um cão raivoso, peguei Thiago pelo colarinho e gritei:

— CULPA SUA!

Renan, João Victor e o Well me agarraram e separaram nossa briga. Todos começaram a olhar de esguio para Thiago.

— Como assim, culpa sua? – indaga Renan.

— Ele disse que viu o diabo – respondi.

— Eu não disse isso – retrucou Thiago.

— Diga o que você viu, por favor? – pediu Well.

Thiago contou da cabana abandonada, de um cara enforcado e como o morto falou com ele.

— Isso se chama maconha Thiago – eu falei para ele – Você precisa parar de fumar!

— Eu estou a três meses sem fumar e beber nada, eu não estou inventado isso! – Ele se retirou revoltado, pois os únicos que acreditavam nele eram seus amiguinhos.

Se eu descobrir que é o assassino da Ana, arrancarei com minhas próprias mãos suas entranhas.

O SINISTRO (COMPLETO)Where stories live. Discover now