Capítulo 9 - Andressa

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Meus olhos se abrem em pânico, deparam-se com cinco mascarados em torno de mim. Tento gritar desesperada, mas minha voz é fraca e as palavras saiam sofridas e quebradas. Senti meu corpo amarrado, tentei me mexer, mas o corpo não obedecia. Nada queria se mover, um dos mascarados disse:

— Anestesia geral.

Eles haviam aplicado anestesia geral em mim, para que? Quando foquei mais minha visão, percebi que pendurada e esticada a minha frente, como se fosse uma roupa em um varal, estava Alessandra Andelis. Pânico! Sua cabeça inclinada para o lado, sua boca babando, seus braços estavam amarrados a algum tipo de corda que a fazia ficar esticada no alto. Comecei a chorar de desespero, pois existia uma espécie de tubo que conectava Alessandra a mim, por esse tubo passava-se sangue, sangue dela que vinha ao meu corpo. A bizarrice não parava aí, na região do abdômen de Alessandra tinha um buraco aberto, com partes do intestino para fora entre outras coisas. Meu desespero aumentou, quando senti algo cortar meu abdômen, não doeu, mas era real, minha mente juntava força para mover meu corpo, mas nada acontecia. Um dos mascarados me alertou:

— Não se mexa, pois podemos prejudicar seus órgãos internos – eu retruquei com olhar de súplica, ele continuou – Não estamos matando você, seu rim estava com problemas, estamos trocando ele pelo o da sua amiga.

Eles estavam matando a Alessandra para por a merda de um rim em mim! Porque eu não podia ficar com a merda de um rim ruim? E eu achando que não podia piorar, um dos mascarados liga uma daquelas maquininhas de raspar cabelo, chega ao lado do meu cabelo e começa a raspa-lo. Porque estavam tirando meu cabelo? Depois do lado direito estar careca ele parou e falou:

— Precisamos aplicar mais anestesia, ela precisa dormir – eu queria muito gritar alguns palavrões, xingar eles, mas do que adiantaria? Meus olhos fecharam lentamente.

Nesse meio tempo, meus olhos abriram algumas vezes, não conseguia ver as imagens de forma nítida. Em um dos momentos, consegui apenas identificar um grito:

— ANDRESSA! ANDRESSA! ANDRESSA!

A anestesia não deixava eu mover meu corpo, assim como não deixava identificar quem gritava meu nome, no entanto a voz era familiar. Meu corpo ignorou e dormiu.

Quando acordei, estava na floresta novamente. A primeira coisa que fiz foi passar a mão em meu cabelo, o lado direito não havia cabelo, mas minha mão sentiu pontos dado a um corte profundo. O que eles fizeram? Em sequência verifiquei o abdômen e do lado esquerdo tinha dezoito pontos! Além de estar com pontos após uma cirurgia, estou perdida em uma floresta. Vou para onde? Escuto gritos, fracos, mas familiares. Pensei em segui-los, mas se for os mascarados matando alguém, não queria interrompe-los. Poucos minutos depois identifiquei o grito, parecia com o do Thiago.

Segui rumo ao oposto dos gritos, andei no meio da floresta e comecei reparar nas árvores. Todas elas eram enormes, as copas imensas, verdes e o chão sempre forrado por folhas em decomposição. O que me agoniava era a quantidade de cipós que tinha nas copas, eles se misturavam com os galhos das árvores, deixando o ambiente mais escuro. Aliás, tinha sol, o horário eu não tinha ideia, mas pela brisa suave e fresca que batia em minha careca aparentava ser uma manhã.

Cheguei ao acampamento, algumas cabanas quebradas, cozinha destruída, alguns pedaços de corpos distribuídos  nas cabanas. Em uma das cabanas vejo uma silhueta puxando pernas, juntando os corpos, reconheço aquele cabelo, Patrícia está viva! Corro em sua direção, ela está puxando o corpo do Rodney, irmão do Renan e ao lado dele está o corpo desmembrado de Beatriz Oliveira.

— Olá Paty! – digo.

— Oi – ela responde e prossegue – precisei criar coragem e juntar os corpos para quando sairmos daqui, a polícia retirar todos.

— Quer ajuda? – pergunto.

— Claro –  ela sorriu. Começo a pegar os braços da Beatriz e fazer o mesmo que a Patrícia.

— O que houve com você? – pergunto a ela.

— Lembro-me de uma explosão e acordar no meio dos mortos do acampamento – ela explicou e perguntou – O que houve com sua cabeça?

— Não faço ideia, aqueles mascarados me pegaram fizeram isso e soltaram-me – falei.

— Eles simplesmente soltaram você? – perguntou novamente.

— Sim, estranho! – respondi.

— Com certeza – ela me faz um olhar de desconfiada. Patrícia estava diferente, então reparo que em seus pés tem uma bota vermelha de cano alto com cadarços. Lembro-me vagamente de ter visto essas botas em algum lugar.

— Botas horrorosas Patrícia – comento.

— Sério? Achei-as fofas – ela retruca.

Começo a reparar mais a Patrícia, ela está usando luvas de couro marrom, ao lado do corpo do Rodney tem uma máscara idêntica aos dos homens que rasparam minha cabeça.

— Vou a cozinha – aviso Patrícia, meus instintos pediam para correr loucamente.

Começo a andar em direção a cozinha, com bastante calma para não parecer desconfiada, algo acerta minha nuca, derrubando-me de boca para a terra. Viro meu corpo e Patrícia segura uma barra de ferro.

— Você é um deles, sua desgraçada! – respondo.

— Uma pena eu não poder lhe matar agora – responde ela.

Meu corpo queria fugir! Enquanto ela me encarava, com o pé direito chutei o joelho de Patrícia, seu corpo dobrou-se para frente e com a sola do pé esquerdo chutei a barriga dela com toda força. O corpo dela inclinou para trás e ela cuspiu sangue. Levante-me e a barra de ferro acertou minha boca, quebrando alguns dos meus dentes. Não queria mais fugir, eu deseja matar aquela desgraçada com as mãos. Fui com toda minha coragem para cima dela, um soco acertou meu nariz e comecei a sangrar. Não conseguia entender porque Patrícia fazia parte daquele culto diabólico.

— Sua falsa – gritei – usufruiu da amizade de todos para nos matar!

— É para um bem maior Andressa! – Outro golpe com a barra de ferro acertou meu rosto, meu corpo caiu para trás, não conseguia mais levantar, eu estava fraca. Patrícia pegou em meus pés e começou arrastar meu corpo, perguntei:

— O que está fazendo?

— Juntando esqueletos inúteis – ela respondeu eum soco acertou minha cara, apaguei outra vez.

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Pessoal gostaria de agradece-los por ter feito a obra O SINISTRO chegar no top 50, muito obrigado!! Espero que gostem  do capítulo 9! <3

Amanhã em mesmo horário terá capítulo novo; sobre o Cap 10: Larissa o túnel e sua maré de não sorte.

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