Turn Your Face

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Jennifer: Todos já amamos, mas só sabemos que não é amor de verdade quando tudo acaba. E se aquilo que procuramos simplesmente não existir?

(Amor ou Amizade)

Summer assistia a um canal qualquer na TV, fazendo carinho na pelagem branca de Snow. A velha gata parecia não reparar no nervosismo de sua de sua dona, e dormia tranquilamente. Os olhos azuis da mulher viajavam vez ou outra para o relógio na parede. 1 da manhã. A mão livre segurava o celular, vez ou outra soltando-o para tomar um gole do café na caneca ao seu lado.

O celular em sua mão vibrou anunciando uma nova mensagem.

“Summer? O Liam está em casa? Bels.”

“Não. Por quê? Você sabe aonde ele está? Sun.”

“Não se mecha, e nem pense em olhar o seu twitter. Eu e Louis chegamos em alguns minutos.”

Por que a prima não queria que ela olhasse o Twitter? Summer fechou a conversa e abriu seu twitter, indo direto para as tags. “#StayStrongSummer” estava em primeiro dos mundiais. A loira levantou a sobrancelha, olhando a hora mais uma vez e se perguntando onde Liam estava. Clicou na tag e depois disso não soube o que fazer.

Summer podia jurar que sentiu cada pedacinho do seu coração se quebrar. Podia também jurar que não controlava mais seu corpo, que não sabia como controla-lo. Internamente ela torcia para que fosse apenas mais uma das muitas brincadeiras de mal gosto feita pelas fãs que não gostavam dela. Mas a imagem estava perfeita demais para ser montagem.

Nas várias imagens populares na Tag estavam, de vários ângulos diferentes, Sophia e Liam. Se beijando. Sua visão se tornou embaçada cada vez que lia um tweet ou via mais uma foto. As lágrimas escorriam por sua face, mas ela não conseguia parar de ler. Era masoquista demais para isso.

A chave na porta fez com que voltasse de seu estado vegetativo.

Ao se abrir, a porta revelou a mesma pessoa que estamparia as capas de revistas na manhã seguinte. A mesma pessoa que havia quebrado o coração de Summer. Quebrado tudo no que ela acreditava.

-Sun? Está tudo bem? – Payne bateu a porta e apressou-se em caminhar até ela, e estender a mão para enxugar a face banhada por lágrimas. Summer sentia falta de ar.

-Não me toque. – os olhos azuis ergueram-se para ele. Liam pode ver uma dor que nunca presenciou antes nos olhos dela. – Eu não... Não posso acreditar que fez isso. – Summer não sabia onde vinha a força para falar. Porém por dentro, a única coisa que queria era gritar. Gritar até a dor passar. Liam olhou para a tela do celular dela, vendo a maldita fotografia.

-Summer, deixe-me explicar.

-Explicar o que, Payne? Explicar como me enganou? Traiu? Ou como a abraçou da mesma forma que me abraça? Que a beijou com o mesmo entusiasmo? Eu não quero ouvir.

-Summer, por favor.

-Por quê? O que te falta, Payne? Eu não tenho sido boa quanto imaginou? Perdoe-me mas ninguém tem a obrigação de ser perfeito. – ela só queria sair de perto dele. Limpar a mente. Levantou-se.

-Você fala como se nunca tivesse feito o mesmo.

-O que te trair? – Voltou-se para o homem ajoelhado ao chão. –Nunca fiz isso, Liam. E nunca teria coragem. – as lágrimas voltaram com intensidade total – Porque, diferentemente de você, eu te ame. Todos os dias.

-Não me ama mais?

-Eu não sei mais. – caminhou para o quarto, fechou a porta atrás de si, encostando na mesma. E chorando. Da mesma forma que chorou com a notícia da morte de sua mãe. Só existia uma diferença. Quem morria era ela mesma.

Quando as lágrimas se tornaram menos constantes, ela olhou em volta. As fotos coladas na parede como se fossem a cabeceira da cama. As flores e os perfumes na penteadeira. A cama de casal. Lembranças por todos os lados. Summer nunca se sentiu tão sufocada na vida. Precisava sair de casa. Levantou-se rapidamente, retirando uma pequena mala do armário e colocando algumas roupas de qualquer maneira dentro. Ouviu a campainha bem na hora que abria a porta do quarto. Andou a passos lentos.

-Louis? Bebel? O que fazem aqui? – ouvir a voz rouca de Liam perguntar. Ele também havia chorado. Summer chegou na sala a tempo de ver Bebel virar um tapa na face de Liam.

-Você é o pior tipo de canalha que existe, Payne. – o menino segurava a o rosto. – Se chegar perto da Summer, eu juro, JURO, que poderia te matar! Eu tenho nojo de você, Liam James Payne. NOJO!

-Bels, não faça isso. – Sun disse em um fio de voz, segurando a prima. – Só me tirem daqui. – Os olhos dela caíram sobre Liam.

-Summer, não vá. Por favor. – ele segurou o braço dela. – deixe-me ao menos tentar explicar, me redimir. – Summer soltou-se dele, negando com a cabeça.

Liam não fez nada enquanto ela fechava a porta, e foi só ai que ele realmente despencou a chorar. Acabara de machucar a mulher da sua vida. A pessoa que ele amava. Era como se todos os anos que eles passaram juntos tivessem sido um sonho, e ele havia acabado de acordar.

Como ele havia sido burro. Havia deixado Sophia fazer o joguinho de sempre, e caiu como um patinho. Ele se sentia quebrado, sentia-se sujo e acima de tudo inútil.

Se arrastou para o quarto, abriu o armário. Tirando de lá de dentro uma caixa empoeirada e a muito esquecida. Um caixa que guardava todas as cartas e bilhetes que eles já trocaram na vida. Sentou-se na cama e abriu a tampa. Havia ali uma carta que ele nunca havia visto, o papel branco praticamente brilhando em meio aos outros. Abriu a carta e começou a ler.

“Querido Liam,

Por favor, leia com atenção e não se esqueça das vírgulas – você sempre faz isso.

Muito em breve iremos cruzar uma esquina diferente. Isso vai mudar tudo. Mas, espero do fundo do meu coração – assim mesmo, com a inocência e sinceridade de criança – que nos encontremos um dia por aí. Sem muitas pretensões ou obrigações. Sem um futuro traçado ou um passado que nos prenda a alguém além de nós mesmos.

Guarde o que temos hoje em algum lugar quase inalcançável. Mesmo que seja só como bagagem de vida ou história pra contar para os filhos. Esqueça o que eu te disse sobre não errar. Faça isso várias vezes, o quanto precisar. Me enganei quando acreditei que poderia te mostrar o mundo com os meus próprios olhos. Use os seus – que aliás, vão me fazer falta nos próximos anos.

Volte a ser aquele garoto ingênuo que conheci há alguns anos, mas só às vezes. Te garanto: Assim como eu, algumas pessoas merecem conhecer esse lado seu. Tente também sorrir mais e ligar menos para o que vão pensar. Má notícia: Sempre vão dizer alguma coisa. Entre tais verdades e mentiras, acredite em quem realmente ama você. Poucos, mas quase sempre o suficiente.

Nunca enxergue tudo que vivemos como perda de tempo. Juntos, nós somamos e dividimos absolutamente tudo. Deixamos passar algumas coisas, talvez, mas essas se tornam insignificantes e vazias perto do que alimentamos e cultivamos durante esses quase quatro anos.

Algumas coisas não acabam quando terminam.

A paixão deve ir, mas algo ainda fica por aqui.

Eu amo você.

Summer” *

A carta havia sido escrita dois anos antes, quando os dois quase se separaram porque brigavam muito e não sentiam mais que conseguiriam se manter juntos. Summer devia ter acreditado fielmente que eles se separariam, porque escreveu até mesmo uma última carta. Uma carta pra depois. Que acabou sendo encontrada tanto tempo depois.

Liam chorou abraçado a carta. Nunca a teria de volta. Summer perdoaria qualquer coisa, menos traição.

Naquele momento nem mesmo o amor que eles sentiam podia superar a mentira, a traição. E Liam sentiu-se sozinho, pela primeira vez em anos. E a culpa era simplesmente dele.

Olhando a letra caprichada na folha de papel, Liam tinha uma certeza. Ele precisa que Summer fosse feliz. Precisava torna-la feliz. Mesmo que não fosse com ele. Mesmo que levasse anos.

Dear FriendTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon