Capítulo 06

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Porque é que ele me mandou tantas mensagens? Será que estava entediado? Decido ligar-lhe por ser mais rápido.

— Bom dia.
— Olha quem é ela. Bom dia.
— Desculpa não te ter respondido, mas fui para casa e estava tão cansada por causa do dia de trabalho que tive ontem, que adormeci num instante.
— Está bem. Correu tudo bem? Ninguém se meteu contigo?
— Não, não te preocupes. - minto.
— E em relação ao jantar de logo?
— Eu concordo. Só há um se não.
— Então?
— Eu vou entrar daqui a pouco, só saio às 20h.
— Não tem problema. Jantamos pelas 21h, não é tarde.
— Está bem, mas aviso que posso não chegar a horas. Ainda vou precisar de ir a casa trocar de roupa.
— Não te preocupes com isso. Vens quando puderes.
— Está bem. Tenho que ir. Até logo!
— Beijinho, princesa.

Desligo a chamada e guardo o telemóvel no cacifo, junto com as outras coisas. Hoje vai ser um dia igual ou pior que o de ontem por ser domingo, por isso é melhor nem ter o telemóvel comigo.
O dia passa depressa, sinal de bastante trabalho. Pego nas minhas coisas e lembro-me de que precisava de comprar algumas coisas para casa urgentes, por isso vou tratar disso, e um vinho para o jantar.
Volto para casa e arrumo as coisas no sítio. Passo um pouco de água pelo corpo e visto um vestido azul escuro um pouco acima do joelho. Calço umas meias de vidro cor de pele e umas sabrinas brancas. Visto um casaco branco e coloco a carteira também branca ao ombro, depois de ajeitar o cabelo e a maquilhagem.
Toco na campainha. Estava nervosa. A última vez que aqui entrei, estava tão bêbeda que não me lembro de entrar. Hoje vou tentar fazer boas figuras para não pensarem mal de mim. Sou apenas amiga do Afonso, mas quero que os seus pais gostem de mim na mesma e como sou.
Um Afonso frustrado abre a porta e sorri assim que me vê. Observa-me de cima a baixo por segundos, deixando-me um pouco desconfortável.

— Estás linda, Zara.
— Obrigada, Afonso.

Deposito um beijo na sua bochecha e ele retribui, só que demasiado próximo dos meus lábios. Ele dá-me algum espaço para entrar e eu entro, observando o interior da casa com maior atenção.

— Afonso, quem é?

Ouço a voz da sua mãe vinda da cozinha e sorrio ao vê-la aparecer na sala, ao pé de nós.

— És tu querida? Estás muito bonita.
— Muito obrigada.

Acredito que as minhas bochechas tenham ganho alguma cor, com o elogio por parte da mãe de Afonso. Cumprimento a senhora e tiro o casaco e a carteira, levando tudo para o quarto dele.
Voltamos para junto da sua mãe e ajudo a pôr a mesa. Ela recusa a minha ajuda a terminar o jantar e quase que me obriga a sair da cozinha.

— Anda. Quero mostrar-te uma coisa.

Sigo-o e voltamos ao seu quarto. Sento-me na cama, enquanto ele vai buscar algo a uma estante do seu quarto.

— Toma.
— O que é isto? - pergunto depois de lhe pegar.
— É um álbum de fotos nossas.
— A sério? Achava que já ninguém colecionava fotos assim.
— Como vês, eu sou diferente das outras pessoas.
— Vejo que sim.

Folheio o álbum e encontro algumas fotos dele em pequeno, fotos nossas e algumas paginas em branco, no meio de muitas outras bastante preenchidas.

— Falta aqui alguma coisa?
— Sim, faltam fotos tuas.
— Entendi. Quando puder dou-te. Tenho que pedir aos meus pais porque tenho muito poucas fotos minhas em casa.
— Não te demores e temos que tirar uma foto hoje para comemorar o facto de vires a conhecer o meu pai e o meu irmão.
— Porque não tiramos já uma os dois?
— Vamos lá então tirar.

Tiramos várias selfies, algumas boas e outras terríveis, cheias de caretas. Talvez sejam as melhores.
Entrego-lhe o álbum e ele guarda de novo no local de onde o tinha tirado.

— Tenho uma prenda para ti.
— Uma prenda? Mas não faço anos nem nada e eu não te trouxe nada.
— Não precisas de fazer anos para receber um miminho meu. É uma surpresa.
— Ok, tudo bem, tens razão. Desde que não seja tenhas gastado muito dinheiro comigo. Sabes que não gosto nada disso.
— O dinheiro é meu e faço dele o que quiser. Tal como tu fazes o que queres do teu.
— Convenceste-me. Mas o que é que tens para me dar?
— Depois de jantar dou-te.
— Depois de jantar? Então porque é que me disseste antes que tinhas uma prenda para mim?
— Para ficares o jantar todo a pensar no que será que eu tenho para te dar.
— Mas assim não vou pensar em mais nada, nem prestar atenção ao que os teus pais me vão dizer.
— Tens razão. Vou dar-te agora, mas quero que feches os olhos.
— Fechados.

Noto o seu corpo a afastar-se de mim e pouco de pois volta e afasta o meu cabelo do pescoço. Sinto algo frio pousar à volta do meu pescoço. Pouco depois sinto os seus lábios quentes pousarem no mesmo local, arrepiando-me por completo.

— Podes abrir os olhos e ir ver na casa de banho.

Abro os olhos e vou à casa de banho que ele tem no quarto, como ele me disse para fazer. Era um colar muito bonito, nada extravagante, simples como eu e ele.

— Obrigada Afonso! É lindo.

Abraço-o, mas ele torna o abraço ainda mais longo. Sorrio quando nos afastamos. Noto que ele me olha de uma maneira diferente e está cada vez mais próximo de mim, com os seus olhos fixos nos meus lábios. Será que se o beijar irei descobrir que também gosto dele? E se isso não acontecer? O que é que faço? Por outro lado, ele é o ex da minha melhor amiga. Felizmente, a mãe dele interrompe ao entrar no quarto para dizer que já estão todos à mesa.

— Estás pronta?
— Sim.

Ele vai à minha frente, tirando boa parte da visão que poderia ter do que se passa à sua frente. Aproximamo-nos da mesa e o seu pai está em pé a observar-me com um sorriso largo no rosto.

— Muito gosto em conhecer-te. És uma cachopa muito bonita.
— Muito obrigada.

Sorrio com o terceiro elogio que ouço hoje. Procuro pelo irmão de Afonso na mesa para o cumprimentar, mas o seu lugar encontra-se vazio. Ouvimos algo cair dentro da sala e múltiplos vidros são espalhados por toda a divisão. Quando observo a pessoa que está no local, o meu coração congela por instantes.

Between Brothers [ Concluída ]Where stories live. Discover now