Capítulo 08

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Chego a casa exausta. Este fim de semana foi de mais. Dois dias a trabalhar que nem uma mula, ontem ainda fomos sair até às tantas, o André é um otário comigo e hoje ainda tenho que levar com ele. O que vale é que o Afonso me defendeu e ficou do meu lado. Acho que ele gosta realmente de mim, talvez deva de lhe dar uma oportunidade, quem sabe se não me apaixono perdidamente por ele?
Dispo a roupa que levei para o jantar e visto um pijama de verão, pois não está frio e eu não gosto de dormir destapada.
Retiro o telemóvel de dentro da carteira e desbloqueio o mesmo, podendo ver uma mensagem do Afonso.

"Espero que tenhas chegado bem a casa. Dorme bem. Beijinhos, pequena."

Sorrio ao ler a sua mensagem. Ele mostra preocupar-se tanto comigo, é tão querido. Ainda me pergunto como é que ele não acreditou na Dya e não ficou do lado dela quando mais ninguém ficou. Será que ela era assim tão inocente quanto isso? Pelo que ela diz, ela não tinha nada a ver com a pessoa que é agora. Será verdade?

"Agradeço a preocupação, és um querido. Cheguei bem, mas estou exausta. Obrigada, tu também. Beijinhos..."

A minha cabeça é invadida de perguntas sobre tudo o que se passa à minha volta. Como ainda não é tarde, decido ligar à Dya.

— Hey
— Boas... Pela tua voz, parece-me que esse jantar não correu como esperavas. O que é que se passou?
— Lembraste do rapaz de ontem, no bar?
— O do beijo?

As imagens invadem de novo a minha mente e só penso no quanto gostava que aquele beijo nunca tivesse terminado. Podia ser tudo tão diferente se não o tivesse deixado beijar-me ou se tivéssemos continuado juntos o resto da noite, antes de ele se ir gabar para os amiguinhos.

— Zara?
— Sim, o do beijo.
— O que é que tem? O que é que isso tem a ver?
— Descobri que o irmão do Afonso é o rapaz que me beijou ontem.
No way! Era o André?
— Pelos vistos sim. Ele mal me viu deixou cair um copo no chão. Nenhum de nós esperava que nos fossemos voltar a encontrar assim.
— Bem, não sei o que te dizer. Só que, tens que pensar muito bem no que vais fazer. Tu estás apanhada pelo irmão do teu melhor amigo que por sinal gosta de ti e é meu ex. Não gostava de estar na tua situação, mas estou aqui para o que precisares.
— Nem me digas nada. E eu sei. Agradeço por isso.
— Não tens nada que agradecer.
— Não ficaste chateada por me dar tão bem com o Afonso e ele gostar de mim?
— Claro que não. Nenhum de nós poderia adivinhar este desfecho. Só que agora posso aconselhar-te melhor porque sei que conheço ambos.
— E qual é o conselho que me dás?
— Bem, sinceramente não sei. O Afonso pode parecer um querido e fazer tudo para te deixar feliz, mas tu sabes o que é que ele me fez. O André é muito engatatão, desde que ficou famoso que mudou muito nesse aspecto e noto que não deixa qualquer pessoa aproximar-se muito dele a nível de relacionamentos, mas sei que continua a ser um rapaz espectacular.
— Não devemos de estar a falar das mesmas pessoas. Acho que deves de estar a fazer confusão. - rio - Espera lá, como assim desde que ficou famoso?
— Podia, mas não estou. - ela ri comigo - Não sabias que o André é famoso?
— Não, de todo!
— Bem, então penso que eles devem de ter algum bom motivo para ainda não te terem dito. É melhor serem eles a contar.
— Pois, é melhor. Bem, mudando de assunto. Amanhã é o meu dia de folga, vamos passear?
— Quem me dera. Começo amanhã a trabalhar. Não posso.
— Oh, está bem. Eu arranjo companhia, não te preocupes.
— Depois diz quem foi, beijinhos!

Acho que é um pouco óbvio que vai ser o Afonso, mas ok Dya, pensa e diz o que quiseres.
Lavo a cara com água quente de forma a tirar toda a maquilhagem e a deixar-me com algum sono. Deito-me na cama e quando estava prestes a adormecer, recebo uma mensagem.

"Oi. Estás a dormir?"

Desconheço o número. Quem é que me estará a chatear a esta hora?

"Olá. Quem és?"

Pouso o telemóvel na cama e fico a olhar para ele, enquanto penso em quem poderá ser. André? Não, como é que que ele iria conseguir o meu número?

"O amor da tua vida."

Convencido é, por isso, só pode ser ele. Não conheço ninguém tão convencido quanto ele.

"Então não existes."

Envio e sorrio ao pensar na minha creatividade a responder. É que se perguntasse se era o André, ele iria dizer que admiti que ele é o amor da minha vida, quando isso não é verdade.

"Não mudas, pois não?"

"Como é que arranjaste o meu número?"

Sou direta, preciso de respostas, mas também preciso de ir descansar.

"Encontrei-o por mero acaso."

"E por mero acaso, guardaste-o e mandaste mensagem."

Porque é que ele me mandou mensagem? Ainda por cima a esta hora e depois das coisas que me disse ao jantar. Odeio-o por me fazer gostar dele, quando devia de detestá-lo.

"Sim. Não gostas de falar comigo?"

"Não te conheço de lado nenhum para puder gostar."

Fecho os olhos e inspiro por alguns segundos, até ouvir o telemóvel apitar de novo.

"Gostava de saber o que é que o meu irmão é mais do que eu para o tratares tão bem e a mim me tratares como se fosse a pior pessoa do mundo."

"Talvez esse seja melhor que tu. Talvez tenhas sido sempre uma besta comigo e isso faz-me não te querer por perto."

Ele está à espera que eu fique com pena dele? Bem que pode esperar sentado.

"Desculpa, mas não queria deixar-te mal. Não lido bem com relações novas e tu deixas-me nervoso."

"O que é que queres?"

Decido ignorar a sua declaração e sou bastante direta. Estou com pouca paciência para este tipo de conversas.

"Quero puder beijar-te de novo. Quando é que me vais deixar fazê-lo?"

Between Brothers [ Concluída ]Where stories live. Discover now