Capítulo 44

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Os seus olhos fixos nos meus fazem o meu estômago remexer. Ele parece não ter ouvido o que eu acabei de dizer, pois ainda não disse nada, mas sei bem que me ouviu.

— Não dizes nada?
— Não tenho nada a dizer.
— Como assim não tens nada a dizer? Afonso, a Andreia ainda gosta de ti. Isso não te diz nada?
— Sim, como o facto de teres dito que gostas de outra pessoa. Quem é? É o gay do Gabriel? Algum cliente teu? 
  — Não Afonso. Nem vale a pena continuares com as perguntas que eu não vou dizer quem é.
— Deves-me isso.
— Não devo não. Eu tentei gostar de ti, mas não consigo. Não posso fingi-lo, por isso, como te tinha dito, tu tens que seguir em frente. Tens a Dya que gosta de ti, porque é que não tentas?
  — Pelo que ela me fez. Não tenho como a perdoar. Ela traiu-me.
— Fala com ela, deixa-a explicar-se. Tu sim, deves-lhe isso.
— Tudo bem.

Sorrio pela sua reacção ser muito melhor do que esperava. Sei bem que soltei a bomba na altura errada, mas teve que ser. Pior vai ser quando ele descobrir que é do irmão dele que eu gosto. 
Sento-me ao lado da Dya, que por sinal se quis sentar ao lado da namorada do André, deixando-me ao lado do Afonso.

— Importaste de trocar com a Andreia?
— Porquê?
— Quero pôr a conversa em dia com ela.

Sim, importava-me muito. Não queria ficar ao lado da Sara, de todo, mas pela Dya e pelo Afonso faço tudo. Se com isto eles vão ter a sua segunda oportunidade, eu faço-o.

— Na boa. Fico feliz por lhe dares uma segunda oportunidade. Vais ver que ela não te vai desiludir.
— Com calma. Só quero a amizade dela, eu ainda gosto de ti.
— Está bem.

Dou com o cotovelo no braço da loira fazendo-a olhar para mim enquanto se queixa de dores do braço, como se lhe tivesse doído bastante.

— Então? Não precisas de ser violenta.
— Troca de lugar comigo.
— Como assim? Estás maluca?
— Não, vá despacha-te.
— Não, nem penses.
— Sim. Foi o Afonso que pediu.
— A sério?
— Sim, agora despacha-te que eu não quero dar nas vistas.
— Está bem.

Noto que ficou nervosa, mas trocamos de lugar rapidamente, ficando eu no meio de dois casais ainda não oficiais. Desconheço o rapaz que tenho à minha frente, por isso, estou um pouco sozinha.
Começamos a jantar, que penso ter sido feito pela mãe deles. Temos carnes assadas, batatas no forno e arroz branco. Há sumos, vinhos e água. Os pais deles estão sentados num dos cantos da mesa. 
Quando começamos a acabar de jantar, a namorada do André sai da mesa, deixando um lugar vazio na mesa entre mim e o André, que consigo notar que me observa várias vezes antes de se sentar no lugar da namorada.

— Olá. - olho para ele, como se me fosse indiferente, mas não é.
— Olá André.
— Como é que estás?
— Estás a gozar comigo, só pode.
— Porque é que haveria de estar?
— Depois de tudo o que aconteceu, vens-me falar como se não se tivesse passado nada? 
— Do que é que te estás a referir?
— Olha talvez da quantidade de vezes que tentei contactar-te e tu me ignoraste. Para não falar da vez em que me atendeste por vingança.
— Como assim? Atender por vingança?
— Sim. Atender por vingança. Para que é que foi aquilo? 
— Mas eu não te atendi nenhuma vez.
— Atendeste sim. Enquanto fodias sei lá com quem. 
— Isso não fui eu que atendi, deve de ter atendido sozinho.
— Sim, claro, como se eu acreditasse nisso.
— É verdade.
— Não quero saber. Também já arranjaste namorada, não é verdade? Então não interessa.
— Porquê? Estás com ciúmes?
— Não. Como disse antes, não quero saber. Não me interessa.
— Não acredito.
— Como queiras. Tanto de má.
— Bem, o que é que lhes deu para estarem a falar tão bem um com o outro?
— Talvez o Afonso tenha visto que eu não sou a pessoa certa para ele e que há alguém que gosta realmente dele.
— Foste tu?
— Porquê?
— Porque ainda à pouco te chamou de "amor". - ele responde fazendo o sinal das aspas.
— Talvez tenha sido eu, mas não importa. O que importa é que eles estão a falar e que ela vai voltar a ser tua cunhada, como sempre disseste que ia voltar a ser.
— Sim, tens razão. Mas diz-me, como é que estás?
— Sentada. Não vês?
— Não me refiro a isso.
— Então? 
— Refiro-me a tudo no geral.
— Como é que queres que esteja? O rapaz de quem gosto tem namorada, o meu pai anda a trair a minha mãe e ela sabe, para além de que estão a pensar em divorciar-se. Volto a perguntar, como é que queres que esteja?
— Recebeste as fotos?
— Sim, eu mandei-te mensagem a agradecer, não sei se viste.
— Sim, vi.
— Pois bem, foi assim que descobri. Confrontei a minha mãe e ela admitiu já saber. 
— E vão separar-se?
— Sim, pelo menos foi o que ela disse. Estou totalmente de acordo.
— É o melhor para ambos. Se ele já não gosta dela e ela não é feliz, é o melhor.
— Sim.
— E esse rapaz de quem gostas. Conheço?
— Sim. Porquê o interesse repentino?   
— Se conhecer posso tentar ajudar.
— Não ouviste a parte em que eu disse que tem namorada?
— Sim, ouvi. Tens a certeza que tem namorada?
— Não, mas tenho quase a certeza.
— Ele está aqui?
— Porquê?
— Já disse, posso ajudar. Posso dizer se tem realmente namorada, ou não.
— Está aqui, sim.
— Bem, então. O Afonso por enquanto não, mas é quase como se tivesse. Pelo que consegui saber, o Gabriel tem namorado e não namorada. O Zé está solteiro. O resto penso que não conheces.
— Faltas tu.
— Bem me parecia.
— O quê?
— Que ias dizer isso. Bem, eu...
— André, porque é que estás no meu lugar? - a loira olha para mim e volta a olhar para ele - Não me vais apresentar a tua amiga? 
— Claro. Esta é a Zara Mendes. Zara, esta é a Sara Rodrigues.  

Between Brothers [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora