Capítulo 32

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— Estranho...
— Onde é que as deixaste?
— Em tua casa, talvez tenham ido parar ao lixo por engano. Depois peço mais à minha mãe, agora é tarde para ela ir procurar mais.
— Sim, tens razão.

Chegamos à porta de minha casa e ele não chega a estacionar o carro, por isso prevejo que não vá passar cá a noite.
Ouço o telemóvel a tocar dentro da carteira e atendo assim que vejo o número do mecânico no ecrã.

— Boa noite.
— Boa noite menina. Desculpe só ligar agora, mas só consegui terminar agora.
— O meu carro já está pronto?
— Sim.
— Então não se importa que passe agora aí?
— Não, claro que não.
— Então até já.
— Até já.

Coloco o telemóvel dentro da carteira da novo e olho para a Afonso, notando que este já me olhava.

— Queres boleia?
— Por favor... É a última! - digo rindo.
— É impossível dizer-te que não.
— Eu sei.

Estaciona o carro à porta da oficina para puder vir comigo, por não querer que eu vá lá sozinha, ainda por cima a esta hora.
O mecânico ainda me fez um desconto pelo tempo a mais que demorou, poupando-me ainda cinquenta euros. Despeço-me do Afonso e volto para casa.
Ligo o chuveiro para eliminar o pouco cheiro a transpiração que tenho no corpo. Deito-me na cama com o roupão à volta do corpo. Recordo-me do que o Afonso disse sobre as fotografias, por isso decido mandar mensagem ao André.

"O que é que fizeste com as fotos? O Afonso disse que não recebeu nada."

Pego no comando da televisão e ligo a mesma para me distrair um pouco, enquanto espero pela resposta do moreno.

"Olá também para ti Zara"

"Olá André, agora podes responder?"

Reviro os olhos pela sua resposta e respondo logo, virando depois a atenção de novo para a televisão.

"Está tudo bem comigo e contigo também?"

"Estás a gozar? Diz-me o que é que fizeste às fotos! Espero que não as tenhas deitado ao lixo."

Eu não quero fazer conversa com ele, só quero saber o que é que se passou com as fotos. Quer dizer, quero um bocadinho, mas mais nada.

"Não as deitei ao lixo, não te preocupes."

"Então porque é que não as entregaste ao Afonso?"

Será que as guardou para ele? Se for isso, para quê? Para que é que ele iria querer as minhas fotos de garota?

"Esqueci-me. Quando voltar entrego-as."

"Está bem, obrigada."

Retiro o roupão do meu corpo e visto o pijama, quando noto que o moreno me respondeu.

"Agora a sério, como é que estás?"

"Agora a sério, queres mesmo saber ou continuas a gozar comigo?"

Saio do quarto para trancar a porta e apagar as luzes da sala, mas logo volto para o quarto.

"Quando não quero saber nem pergunto, mas tudo bem. Até um dia."

Não respondo, não quero aproximar-me dele de novo. Já não penso tanto nele como antes, por isso é continuar assim.

Acordo com o despertador, arranjo-me rapidamente e vou trabalhar. O dia passou mais lentamente, pois tivemos poucos clientes, o que é normal em dias de semana, só que estar sem fazer nada, faz com que o tempo demore muito mais a passar.
Sinto o meu telemóvel vibrar, como sinal que recebi uma mensagem.

"Olá pequena, como é que estás hoje? Já estou tão habituado a te ir buscar ao trabalho que já te ia perguntar a que horas é que tinha que te ir buscar."

"Olá Afonso, estou bem e tu? Já não te lembravas que foste ontem comigo buscar o carro?"

Sorrio para o telemóvel, o que faz a minha colega meter-se comigo, para tentar saber o que é que me estava a fazer sorrir.

Os dias vão passando e ansiedade torna-se constante no meu dia a dia, o que me deixa nervosa e diminui as minhas capacidades de concentração. Cada vez que o meu telemóvel toca, é como se pudesse tratar sempre de um caso de vida ou de morte.

— Estou?
— Boa tarde. Gostaria de falar com a Zara Mendes, é possível?
— Boa tarde, é a própria.
— Olá Zara. Daqui é a Francisca Montreal, da clínica. Gostava de saber se ainda se encontra disponível para ocupar um escritório.
— Claro que sim! - digo bastante entusiasmada.
— Muito bem. Quando é que pode aqui vir para falarmos melhor sobre o assunto?
— Posso ir agora.
— Está bem, então até já.

Dou um pequeno grito de alegria, deixando as únicas duas clientes a olharem para mim como se eu fosse maluca. Respiro fundo para acalmar e vou falar com a chefe, para lhe explicar que vou sair da loja. Tratei de tudo na loja e na clínica. Irei abrir o meu consultório na segunda feira, para ter tempo de o organizar e decorar à minha maneira.

— Estou tão feliz por ti amiga! - o seu abraço é apertado, mas ao mesmo tempo muito confortável.
— Eu estou eufórica! Ai nem acredito. Se não fosses tu, não estava aqui.
— Mas estás e agora é só isso que interessa. Temos que ir comemorar esta noite.
— Tens toda a razão. Vamos juntar alguma malta e vamos jantar a algum lado.
— Concordo plenamente. Vou convidar a Catarina que já não estamos com ela há bastante tempo e também o Gabriel, pode ser?
— Claro. Eu vou dizer ao Afonso, e vou dizer-lhe para levar também alguém.
— Ótima ideia. Temos que decidir onde vamos jantar já.
— Porquê?
— Precisamos de saber o que vamos vestir.
— Podemos ir ao hotel, gostei muito da última vez que lá estive e come-se muito bem.
— Combinadissimo. Vamos então ver o que vamos vestir!

Acabamos em minha casa, depois de passarmos na dela, buscar o seu vestido e os sapatos. Enquanto ela procura um vestido para eu vestir, no meu armário, eu decido ligar ao Afonso.

— Vamos jantar ao hotel esta noite? Juntamos algum pessoal.
— Qual é a ocasião?
— Eu fiquei com o escritório.
— A sério? Que bom, parabéns! Eu sabia que ias conseguir.
— Obrigada Afonso. Então como é?
— Conta comigo.
— Leva pessoal, quantos mais melhor.
— Está bem, vou tratar disso.
— Apareçam bem vestidos. Até logo!

Acabo de fazer a maquilhagem da Dya, depois de fazer a reserva no restaurante e começo a tratar da minha maquilhagem. Concentro-me em fazer o eyeliner direito, porque ficam sempre diferentes e hoje tem que estar perfeito. Enquanto termino, a Dya veste o seu vestido e vem perguntar-me se está bem e está linda. O seu vestido é na cor salmão, preenchido com renda e dá-lhe por cima dos joelhos, não ficando demasiado curto nem demasiado comprido. Estava mesmo perfeito.
Visto o meu vestido que é na cor azul esverdeado e também me dá por cima dos joelhos, mas tem um tecido muito fino e é aberto nas costas. Ambas levamos sapatos, malas e blazers pretos.
Chegamos ao restaurante e noto que somos as primeiras a chegar. Pouco depois chega a Catarina, que também vem com um vestido muito bonito num tom de rosa clarinho, mas diferente aos nossos por lhe dar pelos tornozelos.
Os meus olhos são tapados por duas mãos suaves e pelo cheiro do seu perfume, noto logo que é Afonso. Abraço-o enquanto ele me felicita de novo pela minha conquista. Vejo alguém vir na nossa direção, e cusca como sou, quero saber quem é. O meu chão desaba e o sorriso que trazia até à segundos no rosto desaparece assim que vejo o André à minha frente.

Between Brothers [ Concluída ]Where stories live. Discover now