Capítulo 52

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O tempo passa cada vez mais rápido. Desde que eu e o André confessamos gostar um do outro, que a nossa vida tem sido uma loucura. Sei que vou estar meses sem o ver, mas não quero. Quero tê-lo sempre comigo, já estivemos tanto tempo afastados que agora não faz sentido estarmos tão longe um do outro. Ele não pode desistir da carreira dele, aliás, nem eu o permitia, só que eu tenho receio de sair daqui para ir viver com ele para lá, e depois não conseguir trabalho na minha área, ainda por cima aqui está a correr tão bem.
O André vai embora amanhã e eu decidi tirar o dia de hoje para o passar com ele. Sei que vou morrer de saudades na mesma, mas assim sei que fiz por estar com ele.

— O que é que vais fazer agora de manhã?
— Vou a casa dos meus pais, eu disse que passava lá algum tempo com eles e que almoçava lá. Porquê?
— Nada, deixa estar.
— Não vais trabalhar?
— Não, tirei o dia para poder estar algum tempo contigo antes de ires. Por isso é que estava a perguntar o que é que ias fazer.
— Eu achava que ias estar o dia todo ocupada, por isso tenho planos para o dia quase todo.
— Tudo bem. Eu arranjo alguma coisa para fazer.
— Desculpa Zara, devias de me ter dito ontem.
— Tens razão, não o volto a fazer.
— Ei! Vais ficar chateada comigo?
— Não.
— Não é o que parece, de todo.
— Mas não estou chateada contigo. Estou apenas desiludida comigo, pelos planos que fiz não virem a correr como queria. Vai lá fazer o que tens a fazer.
— Queres vir almoçar a casa dos meus pais?
— Desculpa, mas não me apetece ver o teu irmão.
— Pensei que isso já tivesse passado.
— Tu tens noção do que ele me fez?
— Tenho sim, ainda por cima ter feito o que fez por causa de uma aposta, mas o mal está feito e não há como voltar atrás no tempo. Não sabes o quanto ele está arrependido.
— Espera aí... Ele fez aquilo por uma aposta?
— Se calhar já falei de mais. Acho que ando a passar muito tempo com a Andreia...
— Já devias de o ter dito, assim que soubeste.
— Ele é que tem que te explicar tudo, e não eu ou a Andreia. Só que tu não deixas.
— Nem quero. O que ele fez não tem perdão.
— Estás a agir como ele agiu, quando pensou ter descoberto que a Andreia o andava a trair.
— Não tem nada a ver. Ele não tinha a certeza do que tinha feito, mas eu sim. Tenho a certeza que ele o fez e que é um nojento. Agora, se preferes ficar do lado do teu irmão fica.
— Eu não estou do lado do Afonso. Não gostei do que ele fez e se tivesse no teu lugar fazia o mesmo, mas sendo meu irmão tenho que ver as coisas de outra maneira. Ele ainda é um puto, tem muito para aprender. A minha mãe diz que ele tem inveja de mim, por eu ser famoso, por ter dinheiro e ter o que quero, sem precisar de dar satisfações a ninguém. Talvez ele ande revoltado com tudo isso, ainda por cima fiquei com a miúda que ele achava que era dele.
— Pode ser isso, mas o que ele fez não tem perdão. Para além de que eu não sou nenhuma miúda e nunca fui dele.
— Tens razão. Sendo assim, vou sozinho.
— Está bem.
— Vem cá... - ele diz esticando os braços.
— Vem cá tu, o caminho é o mesmo.
— Vá lá...

Chego perto dele e abraço-o como se fosse a ultima vez. Ele ainda não foi embora, ainda vamos estar juntos, mas já sinto saudades.
Os seus lábios nos meus são pura perdição. Fazem-me sentir bem e isso deixa-me super feliz.
Fico sozinha em casa, por isso decido dar-lhe uma limpeza e arrumar tudo nos devidos lugares. Quando termino, já é tarde, por isso faço algo rápido para almoçar.
As horas passam, e o André sem regressar nem dizer nada. Esperava poder jantar com ele, mas por este andar, nem a isso vou ter direito.

"Onde estás?"

Envio a mensagem, na esperança de que ele me responda e fico a aguardar, até não poder mais com a fome que já tinha.

"Vou dormir, até amanhã."

Arrumo a cozinha, vou para o quarto onde visto o pijama e deito-me na cama, esperando uma mensagem da parte dele, mas parece que não o volto a ver.
Acordo com o despertador a tocar e levanto-me logo, para tomar um duche demorado. Visto algo simples e vou tomar o pequeno almoço. Lavo os dentes, trato da maquilhagem que não passa de corretor de olheiras e rimel. Agarro no telemóvel e vejo que tenho chamadas não atendidas e mensagens por ler.

"Desculpa, não vi a mensagem. Fui sair com o pessoal e não me lembrei de te dizer nada. Vou apanhar o voo às 11h, vens comigo? Beijo"

"Estou a trabalhar, não dá. Até um dia."

Respondo irritada e mando o telemóvel para dentro da carteira sem intenção de lhe voltar a pegar. Chego ao trabalho em dez minutos e começo a atender os clientes.

— Parece que hoje quem está de mau humor és tu e não eu.
— Desculpa Dana, mas sou humana, não sou perfeita e também tenho dias não.
— Agora já me compreendes. Neste momento é tudo ao contrário. É raro ter um dia sim, e milagrosamente, hoje estou a ter um.
— Mas aconteceu alguma coisa, ou simplesmente acordaste bem disposta?
— Aconteceu. Ontem, decidi fazer queixa do meu pai e ele passou a noite na esquadra. Só o facto de ter passado a noite sozinha e sossegada, acalmou-me bastante.
— Fico muito contente por ti, Dana. Sempre te achei muito corajosa e agora provaste-o a ti própria.
— Sim. - ela responde com um sorriso no rosto.
— Meu Deus, nunca te tinha visto sorrir garota.
— Já não sou uma garota, agora sim, sou uma mulher.
— Fico muito contente. Disseram-te mais alguma coisa sobre o caso?
— Não. Ontem fui fazer exames e penso que também lhe os fizeram a ele. Quando sair da consulta, tenho que ir à esquadra para saber de novidades. Só espero que não o mandem para casa.
— Se o mandarem para casa, não podes voltar para lá. Tens o meu número, ligas e vens para minha casa, está bem?
— Obrigada Zara. Por tudo!

Os seus braços rodeiam os meus num lápice, deixando-me confusa por não esperar, de todo, este gesto por parte dela, mas abraço-a de volta. Ela sai do gabinete e fico a observar o cão que tinha pousado o seu focinho no meu colo.
Ouço o meu telemóvel vibrar dentro da carteira e vou ver quem me está a ligar. André.

Between Brothers [ Concluída ]Where stories live. Discover now