Capítulo 42

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Chego a casa e deito-me sobre a cama. Tinha pensado em ir falar com o André depois de vir deixar as compras a casa, mas já vi que não vale a pena. Esperava que, o que eu ouvi ao telemóvel fosse apenas um caso, mas pelos vistos há algo mais. Há uma loira de mãos dadas com ele. Que burra que eu fui por tê-lo deixado ir. Naquela noite, devia de ter arrancado com o carro, logo atrás dele, para falar logo com ele. Só que eu fiz pior. O que eu fiz não tem perdão, e, pelos vistos, estou a ser avisada pelo destino, que ele não é homem para mim. Talvez nenhum dos dois seja para mim.
Recebo uma mensagem do Afonso, a fazer-me um convite que não posso recusar.

"Olá Zara. Espero que esteja tudo bem. Sei que as coisas não andam famosas, mas como sabes, os meus anos estão aí e quero convidar-te para um jantar com o pessoal, este sábado, em minha casa. Conto contigo, não me falhes. Beijos."

A minha vontade de ir é nula, sei bem que o André vai lá estar com a sua nova aquisição e não quero olhar para eles. Quando me quero aproximar dele, algo nos afasta e quando me quero afastar dele, há sempre algo que nos aproxima.
Levanto-me um pouco a custo e vou comer uns cereais, depois de vestir o pijama e o robe por cima. Ainda é cedo, mas não tenciono sair e estou bem mais confortável assim.
A campainha toca e vou abrir as portas. Rezo para que não seja para mim, porque não quero socializar neste momento, mas é.

— Então moça? De pijama?
— Eu sei. Era só ontem, mas teve mais drama hoje.
— Então?
— Entra.

Deixo a minha loira entrar e fecho a porta de seguida. Ela senta-se no sofá grande, em frente à televisão e eu sento-me no pequeno, mesmo ao seu lado.

— O que é que se passou hoje?
— Encontrei o André no shopping, quando saía das compras.
— E então? Falaram?
— Não. De todo.
— Porquê? Porque é que não aproveitaste?
— Dya, ele estava de mãos dadas com uma loira qualquer!
— Ai não...
— Ai sim! Eu só quis sair dali e vir para casa. - respondo com os olhos lavados em lágrimas.
— Só espero que não seja quem eu estou a pensar.
— Quem?
— A ex namorada dele. Ninguém gostava dela, mas eram perdidos de amores um pelo outro.
— Tens alguma foto dela?
— Vou procurar no Instagram.

Vou até à casa de banho enquanto ela procura uma foto da rapariga. Passo a cara por água e limpo-a com a toalha, antes de voltar para ao pé dela.

— Vê se é esta.
— É sim. - respondo depois de confirmar que era a loira com quem o vi esta tarde.
— Eu tenho que ter uma conversa séria com o menino André!
— Não, Dya, não faças nada. Deixa estar, não te preocupes. Se ele gosta dela, deixa-o ser feliz.
— Mas ele não gosta dela, ele gosta de ti. Põe isso na tua cabeça mulher. Luta por ele, não desistas à primeira tentativa.
— Cada vez acredito menos nisso. Eles estavam de mãos dadas, isso não se faz com uma amiga.
— Nós fazemos.
— Mas os homens não. Eles estão juntos. Deixa-os estar, que eu mais cedo ou mais tarde, irei encontrar alguém para mim.
— Não devias de desistir, mas tudo bem. Quem sou eu para insistir?
— Exatamente.
— Vais à festa do Afonso? - ela diz mudando de assunto.
— Não me apetece muito, mas porquê? Foste convidada?
— Sim, pelo próprio. Quer que eu te convença a ires.
— Eu vou, só não me apetece ir. Não estou com cabeça para este tipo de coisas.
— Tudo bem.
— Mas tu vais na mesma, que eu preciso de companhia.
— Tudo bem, eu vou.
— Agora uma pergunta para ti.
— Diz.
— Quando é que tu vais lutar pelo Afonso? Estás aí a falar sobre eu lutar pelo André, mas não te vejo com avanços em relação ao Afonso.
— Não há maneira de avançar. Ele está completamente apanhado por ti. Está viciado em ti.
— Talvez isso seja uma máscara para não mostrar que ainda gosta de ti. Quem sabe?
— Só ele.
— Lá está. Chama-o de parte e espeta-lhe um beijo. No máximo sais de lá a chorar e não o voltas a ver.
— Obrigadinha!

Rio com a sua indignação e ela acaba por rir comigo, por saber que me estava a meter com ela.

— Já sabes o que vais vestir?
— Ai Dya, ainda é quinta feira e já estás a perguntar isso? É óbvio que não sei.
— Eu acho que tenho lá um vestido lindo para tu vestires, eu vou assaltar o teu armário e à tarde vamos ao cabeleireiro arranjar as perucas.
— Para isso, deixamos as perucas lá de manhã, e depois quando tivermos prontas passamos lá a buscá-las. - rimo-nos.
— Também acho que sim.
— Lembrei-me agora... Já falaste com a tua mãe?
— Não. Com o que se passou, nem quis meter-me em mais complicações hoje.
— Mas tens que falar com ela. Quanto mais tarde pior. Pensei que já tivesses aprendido a lição.
— Ok, tens razão. Eu vou vestir-me e vamos lá.

Volto ao quarto e visto a roupa que usei durante o dia. Pego no casaco, nas fotos, no telemóvel e nas chaves, saímos de casa e vamos até a casa dos meus pais. Toco à campainha e pouco depois, tenho a minha mãe a abrir a porta, com um sorriso enorme no rosto.

— Então filha por aqui?
— Parece que sim.
— E trouxeste a Andreia. Que bom! - ela abraça-nos - Entrem, entrem.

Entro na minha antiga casa e sento-me no sofá, com o envelope das fotografias ao colo, sem saber como começar a conversa com a minha mãe. Não a quero magoar, de todo, mas sei que o que lhe vou mostrar, vai destrui-la por completo, pois ela ama o idiota do meu pai como ninguém.

— Então, o que é que vais trouxe por cá?
— Eu sei que não me compete a mim dizer seja o que for, mas sei que se não o fizer, vamos aqui estar mil anos para a Zara dizer alguma coisa. Um amigo nosso descobriu algo que você tem que saber.
— Que amigo?
— Foi o André, mãe.
— E o que é que o rapaz descobriu?
— Ele entregou isto à Andreia para me entregar a mim. Não queria que soubesses por mim, mas também não quero encobrir algo tão grave como isto.

Estico a minha mão direita, com o envelope e a minha mãe retira-o da minha mão, vendo o que está lá dentro, depois de algum tempo a pensar se deveria de o fazer ou não.
O meu coração começa a apertar dentro do meu peito assim que vejo a minha mãe a tapar o rosto assim que vê as fotografias.

Between Brothers [ Concluída ]Where stories live. Discover now