Capítulo 29

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Forma-se um sorriso no meu rosto, pela felicidade provocada pela resposta da mulher à minha frente.

- Está bem. Muito obrigada.

Saio do seu gabinete, deixando a porta fechada e volto para o local onde se encontra Dya a tratar de alguma papelada e ela fica animada, assim que me vê chegar com um sorriso enorme.

- Conseguiste?
- Não.
- E estás contente?
- Claro que sim.
- Estás doente?
- Não. Ela esteve a ver o meu currículo e gostou bastante, disse até que foi o melhor currículo que ela viu até agora.
- Isso é bom, muito bom. Espero que não apareça melhor.
- Também espero que não.
- Eu vou estar de olho e se souber de algo digo-te.
- Obrigada babe. A sério.
- Estou aqui para tudo.
- Eu sei, e tu sabes que eu também. Bem, eu vou indo. Até logo!
- Até logo.

Saio do gabinete e vou até à oficina para saber se ainda demora a ficar pronto ou se já falta pouco para estar. Não posso estar sem carro e a depender do Afonso.

"Vim à oficina, depois liga."

- Bom dia.
- Bom dia menina.
- Como é que está o meu carro?
- Está quase pronto. Temos tido cá muitos carros para arranjar, por isso é que ainda não acabei.
- E quando é que acha que estará pronto?
- Esta tarde poderá vir buscá-lo.
- Está bem. Depois ligue-me, por favor.
- Claro que sim.
- Até logo.
- Até logo.

Saio da oficina e fico algum tempo à espera que o Afonso me ligue. Felizmente não demorou muito, nem a ligar nem a vir buscar-me.
Voltamos para minha casa e faço o almoço para os dois, com a ajuda do Afonso.

- Isto está muito bom.
- Fazemos uma boa equipa a cozinhar.
- Acho que estás enganada.
- Porquê? - ergo a sobrancelha.
- Porque eu acho que fazemos uma bela equipa em tudo.
- Sim, tens razão. - rio.
- Já estavas preocupada com o que eu ia responder.
- Não, só não sabia o que é que ias inventar.
- Vou fazer de conta que acredito. O que é que queres fazer na tua folga? - diz para mudar a conversa.
- Não sei, mas por mim passava o dia na cama. Ando muito cansada.
- Tens que aproveitar o dia, não o vais passar na cama.
- Mas isso, para mim, é aproveitar o dia.
- Não pode ser. Temos que ir fazer alguma coisa.
- Como o quê?
- Como ir passear, ir ao cinema... Não sei, mas não quero que passes as tuas folgas passadas em casa.
- Bem, eu estava a pensar em ir ver a minha mãe. Estes últimos meses tenho passado pouco tempo com ela, e sei que ela passa muito tempo sozinha.
- Acho que fazes muito bem.
- Vens comigo? Já conheço a tua mãe há algum tempo e tu nunca conheceste a minha.
- Tens razão. Por mim pode ser, mas fala com ela primeiro.
- Ligo-lhe quando ela sair. Também já falta pouco.
- Está bem.

Lavo a loiça e arrumo tudo nos armários, de forma a deixar a cozinha arrumada. Vou até ao quarto, faço a cama e arrumo o resto do quarto.
Volto à sala, depois de ir à casa de banho, e encontro o Afonso agarrado ao telemóvel. Para me meter com ele agarro no telemóvel e fujo dele, depois de ver que ele vem atrás de mim.
Estamos na brincadeira durante algum tempo, até nos cansarmos e depois sentamo-nos no sofá a ver algo na televisão.
Pego no meu telemóvel e vejo que a minha mãe já deve de ter saído do trabalho, e por isso, ligo-lhe para saber se podemos ir lá jantar hoje.

- Olá mãe. Já saíste?
- Olá filha. Já. E tu, estás de folga?
- Sim, mãe.
- E como estás?
- Estou bem e tu?
- Também querida.
- E o pai? Já abriu os olhos ou continua igual?
- Continua igual, mal o vejo.
- Não pode continuar assim, vocês têm que falar e resolver isto.
- Tens razão, mas não me sinto à vontade. Não quero que o nosso casamento acabe, e isso pode acontecer. Eu amo o teu pai, e prefiro continuar assim do que ficar sem ele.
- Não podes pensar assim, mãe. Tens que resolver isto com ele. Vocês estão casados, mas já mal se conhecem pelo tempo que passam juntos.
- Sim, mas a ideia de ficar sem ele...
- Mãe, não vais ficar sem ele. Só têm que melhorar a relação. Não pode continuar assim.
- Está bem filha, logo vejo. Ligaste apenas para perguntar isso?
- Não. Liguei para perguntar se posso aí ir jantar.
- Claro que podes filha, isso nem se pergunta.
- Eu sei mãe, mas quero levar companhia.
- Continuo com a mesma resposta, sabes que é como se a casa fosse tua. Podes trazer quem quiseres.
- Sim, eu sei.
- Quem é?
- É o Afonso.
- Então claro que sim. Quero conhecer o rapaz. A que horas é que vocês vêm?
- Talvez por volta das 19h.
- Está bem querida. Então até logo.
- Até logo mãe.

Pouso o telemóvel em cima da mesa de centro, da sala e noto o Afonso a observar-me.

- Que foi?
- Nada, nada.
- Diz lá o que se passa.
- Não posso olhar para ti.
- Não, assim incomodas-me.
- Oh, não era o meu objetivo.
- Estou a brincar. - rio.
- Queres-me matar do coração. - diz mostrando-se ofendido.
- Não, sabes bem que não. Não ficava bem sem ti.
- Eu sei.
- Convencido.
- Vá, cala-te que eu quero ver o filme.
- Estás a mandar-me calar?
- Estou.
- Ok.
- Obrigado.

Voltamos a atenção para o filme e pouco depois ele fala para mim, mas eu ignoro por ele me ter mandado calar.

- Não tens pipocas? Zara? Estás a ignorar-me.

Olho para ele e mostrando que não lhe vou responder, volto a olhar para a televisão.

- Responde-me. Zara, vá lá.

Abano a cabeça negativamente de forma a que ele visse que não devia de me ter mandado calar e ele começa a fazer-me cócegas, o que me faz falar.

- Para! Assim não é justo.

Algumas horas depois, visto o meu casaco de cabedal e vou buscar a minha carteira, para irmos para casa da minha mãe.

- Vamos? - pergunto ao voltar à sala.
- Sim.

Fazemos o percurso até à casa dos meus pais rapidamente. Toco a campainha e ficamos à espera que a minha mãe abra a porta.

- Olá minha filha. Entrem.
- Olá mãe.

Cumprimento-a com um grande abraço depois de entrarmos em casa e ela fica a observar o Afonso durante algum tempo, antes de o cumprimentar.

- Olá, senhora Mendes. - o Afonso diz com um grande sorriso no rosto.
- Olá rapaz. É com muito gosto que conheço o menino que roubou o coração da minha menina. Aliás, gosto muito do seu nome André.

Between Brothers [ Concluída ]Where stories live. Discover now