Capítulo 20 | Bónus I

689 53 15
                                    

André

Pedimos uma bebida para cada um, e ficamos ao balcão a falar e a fazer apostas sobre as raparigas que aparecem ao pé de nós. Aparece uma que por sinal é bem boa, coisa que deixa o grupo todo maluco.

— André, é a tua vez. Aposto 10€ contigo, como não lhe consegues sacar um beijo. - ouço o Hugo dizer e reviro os olhos, não gosto destas apostas ridículas.
— Achas que preciso dos teus 10€ para alguma coisa? - faço o grupo rir.
— Pronto ok, contigo faço uma boa aposta. 50€.
— Ok, alinho, mas não vai ser hoje que a vou beijar.
— Ok. Tens três hipóteses, mas sendo assim baixo o valor por 10€ por cada vez que não conseguires.
— Ok, ok. Por mim tasse bem.

Ela pediu a sua bebida, e consegui fixar que era um safari com sumo de laranja, nada mau, mas para mim é muito doce. Começo a andar na sua direção, fingindo não a estar a ver e vou contra ela. A sua roupa fica toda molhada e realmente, não me importo com isso. Não consegui o beijo, como esperava, mas não desisto.
Meses depois, encontro-a no mesmo bar. Não consegui voltar mais cedo, porque tenho tido muitos treinos e jogos em Milão.
Quando os rapazes lhe meteram a vista em cima, começaram logo com coisas e tive que ir ter com ela. Não me apetece perder dinheiro, prefiro gastá-lo.

— Isso já quererá dizer que fomos feito um para o outro e que não há volta a dar a isso. - ainda hoje penso nesta frase, porque é que fui dizer isto?
— Metes piada, visto que te metes com qualquer rapariga que te atraia.
— Viste-me a meter contigo, com mais ninguém.
— Certo. Só que eu penso que não sou a única. Porque haveria de ser?
— Porque não haverias de ser? És bonita, isso atrai qualquer homem. Depois depende da tua forma de ser.
— E então? Porque é que continuas a falar comigo?
— Para ver se te consigo realmente irritar, ou se isso é apenas uma máscara que vais deixar cair quando sentires os meus lábios nos teus pela primeira vez.
— Quem te diz a ti que quero que me beijes?
— Achava que seria mútuo, mas pelos vistos não é. Então eu vou... - baixo a cabeça, fingindo ter ficado triste com o que ela me disse.
— Também não disse que não queria.

Pelos vistos ela quer que a beije, assim vai facilitar-me muito mais a aposta. Parecia ser diferente, mas não, é exatamente como todas as outras.
Sorrio com mais uma vitória e avanço para os seus lábios, agarrando firmemente a sua cintura, puxando-a mais para mim. Os seus lábios são viciantes, o que me deixa estanho. Sinto as suas mãos pousar no meu peito. Afasto-me dela e sorrio vitorioso, por ter acabado de conseguir 40€.

— Consegui. Vemo-nos quando o destino assim o quiser.

Sussurro ao seu ouvido, a coisa mais estúpida que me podia ter lembrado de dizer. Porque é que me foi dar pra dizer aquilo?
Mal eu sabia que era ela por quem o meu irmão estava apaixonado. Assim que a vi e descobri quem era, senti um aperto dentro de mim. Só pensava em querer voltar a beijá-la e estar agarrado a ela de novo. Não sei o que se passa comigo, devo de estar a ficar doente.
Consegui o número dela, através do telemóvel do meu irmão e mandei-lhe mensagem. Queria estar com ela, mas o que ela disse é verdade, o meu irmão é melhor que eu e não quero nada com ela para além de umas voltinhas.

— Porque é que não ficamos aqui em minha casa?
— Quero que seja num sítio diferente.
— Para ser realmente bem diferente, seria fazermos na rua. Seria bem sexy, não achas?
— Não. Ou vens ter comigo aqui a minha casa, ou então não quero nada.
— Fazemos como queres Andrézinho. Sabes bem o quanto eu te quero foder.
— Vá, pega nas tuas coisas e anda embora, não quero ficar o dia todo à tua espera.

Desligo a chamada e pouso o telemóvel na mesinha de cabeceira. Eu sabia que ela não me ia dizer que não, ela não pensa noutra coisa. Procuro pelos preservativos dentro da gaveta e deixo-os ao lado do telemóvel.
Lavo a cara por ter acordado à pouco tempo. A noite de ontem foi demais, fartei-me de beber e acabei por vomitar, por isso lavo também os dentes e vou comer uma sandes.

"Já aqui estou."

Leio a sua mensagem e vou abrir a porta. Trás uma gabardina preta, umas botas altas, uma carteira ao ombro e uma pastilha elástica dentro da boca.

— Olá jeitoso.
— Entra.

Fecho a porta e ela vem atrás de mim até ao meu quarto. Sento-me na cama, enquanto ela fecha a porta e pousa a carteira no chão.
Ela caminha até mim lentamente, enquanto tira a sua gabardina, mostrando a sua langerie preta. Se a intenção dela é ser sexy, não o consegue ser, só mostra o quão porca ela é.
Puxo-a para mim e beijo-a como se tivesse a devorar uma sandes de novo, só que sem sentimento. Empurro-a para cima da cama, coloco o preservativo e entro sem dó nem piedade. Só quero sentir prazer e não quero saber desta puta para nada. A cama começa a bater na parede com os movimentos que faço, mas não quero saber. Sinto que estou quase e num sussurro digo o seu nome.

— Zara...
— O que??? - a voz esganiçada da morena ecoa pelo quarto.

A porta abre e vejo o meu irmão especado a olhar para mim, fico sem reação e ele sai fechando a porta.

— Zara? - ouço-a reclamar.
— Zara o que?
— O meu nome é Ana, não tem nada a ver com Zara.
— Não me chateies!

Saio de cima dela e retiro o preservativo vazio, com isto a vontade foi-se. Visto os boxers enquanto ela começa a resmungar, mas mando-a sair de casa.
Entro no duche e tomo um banho demorado, para aliviar a tensão. Com o calor do vapor da água, sinto-me teso. Eu preciso mesmo de aliviar. Agarro-o e tento pensar em alguém que me possa ajudar só de pensar nela, mas a única pessoa que surge é a Zara. Tem que ser.
Enrolo uma toalha à cintura e sento-me na cama a ver televisão. Eu preciso de falar com o Afonso, ele não devia de ter visto o que viu. Também não devia de ter entrado no meu quarto sem bater à porta, mas mesmo assim. Devia de ter trancado a porta, assim ele não assistia o espetáculo e eu não teria que me aliviar a mim próprio.
Visto os boxers e passo a toalha de novo pelo cabelo que está quase seco. Deixo-a na casa de banho e vou até ao quarto do meu irmão, batendo à porta primeiro.
Ao entrar, vejo a rapariga deitada ao seu lado e os nossos olhares cruzam, percorre todo o meu corpo parcialmente nu e esconde-se, como se eu não tivesse tempo de a ver.

— Não sabia que também estavas ocupado. Falamos depois.
— Não, diz. O que é que foi?
— Prefiro falar só contigo quando estiveres sozinho.
— Como queiras.

Fecho a porta com força. O que é que ela está ali a fazer? Ela gosta dele, tal como ele gosta dela. Ela vai mesmo continuar a investir nele, e sinceramente acho que faz muito bem.
Vou à cozinha buscar algo para comer e volto para o meu quarto. Pouco depois, aparece o Afonso, que desta vez decidiu bater à porta.

— Já podemos falar? Ou a tua querida Zara é mais importante?
— Depois do que eu vi, talvez seja. Mas não quero falar contigo. Só para avisar que vou jantar com ela e que não sei a que horas chego.
— Está bem.

Ele sai e fecha a porta. Eles vão jantar juntos, tudo bem, eu vou ficar aqui a fazer nada.
Janto na companhia dos meus pais e depois ajudo a minha mãe a arrumar a cozinha. Depois disso eles pedem que fique na sala a ver televisão com eles, e eu não consigo dizer-lhes que não. Estou muito tempo fora e quando venho, mal temos tempo para estar juntos.
O Afonso chega a casa com um sorriso de orelha a orelha, chamando à atenção da minha mãe.

— Então filho, que sorriso é esse? Estiveste com a Zara, não estiveste?
— Sim, mãe. Ela é incrível, sinto que estou mesmo apaixonado por ela.
— Já não era sem tempo, arranjares uma namorada.

O meu pai cospe rudemente e até eu reviro os olhos, antes da minha mãe reclamar com ele.

— André, queres vir jogar?
— Pode ser.

Vamos para o seu quarto e ele dá-me o comando, depois de ligar a playstation e colocar o Pes. Recordo-me do que se passou à tarde e insisto com ele.

— Afonso, em relação ao que viste...
— Eu não quero saber, André. Fazes da tua vida o que quiseres, só acho uma falta de respeito fazeres esse tipo de coisas cá em casa e com gente cá. - ele responde sem se quer olhar para mim.
— Eu achava que estava sozinho.
— Devias de te ter certificado. Não te podes esquecer que vives com mais três pessoas.
— Desculpa, tens toda a razão.
— Vá, agora vamos jogar. Quem perder manda vir uma pizza.
— Parece-me bem. À melhor de 5?
— Sim.

Começamos o jogo e pouco depois, o meu telemóvel vibra dentro do bolso das minhas calças, sinal que recebi uma mensagem.

"Podemos falar?"

Between Brothers [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora