Congelo com a sua pergunta. Como é que ele se foi lembrar de me perguntar tal coisa? Porquê agora? Eu devo de lhe contar, mas não aqui, nem agora, nem hoje. Quero contar-lhe quando tiver mesmo que ser.
— Achas mesmo que eu e o André podíamos vir a ter seja o que for?
— Porque não? Sois ambos humanos, podem apaixonar-se um pelo outro. A única coisa que me faz duvidar disso é ele que não me parece querer arranjar namorada agora.
— Porquê?
— Ele está em Itália, quer estar focado na sua paixão que é o futebol, e não distrair-se com uma paixoneta ou até mesmo um grande amor. Talvez alguém faça mudar isso, mas não acredito. Pelo menos, não agora.
— Pois, não sei.
— Então vá, vai descansar e depois diz-me alguma coisa, está bem?
— Sim.Deposita um beijo na minha testa enquanto acaricia o meu rosto com ambas as mãos.
— Adoro-te pequena.
— Também te adoro Afonso.Saio do carro e vou para casa, preciso e quero mesmo ficar sozinha agora.
Chego e pouso as minhas coisas na cadeira, dentro do quarto. Dispo ainha roupa e visto o pijama. Pego nos fones e no telemóvel, deito-me na cama e ponho-me a ouvir música. Ainda me lembro de ligar à Dya, mas a minha vontade é nula.
A pergunta que o Afonso me fez, não sai da minha cabeça. A conversa com o André segue-se e as lágrimas caiem de novo, pela segunda vez só hoje. Porque é que ele disse aquilo?Estava a correr tudo tão bem, porque é que ele quis estragar tudo? Será que havia possibilidade de nós ficarmos juntos? Ou será que o que o André fez, supostamente comigo, é tão grave que eu não seria capaz de o perdoar?O André voltou para Itália e tanto ele como o irmão, disseram que ele iria ficar lá por muito tempo.
O meu turno acaba e tenho Afonso à minha espera para me levar a casa, porque fiquei sem carro e ele não me deixa andar de autocarro, táxi ou uber.— Queres tu ficar com o dinheiro que iria gastar para ir para casa?
— Não, de todo. Já vais ter que gastar dinheiro com o arranjo do carro. Só te quero ajudar.
— Obrigada.Sorrio e por breves segundos, sou observada por ele da mesma maneira, com um sorriso perfeito. Ele volta a sua atenção para a estrada, mas eu continuo a olhar para ele sem dar conta.
— O que se passa Zara?
— Nada, porque?
— Não paras de olhar para mim, começo a achar que afinal te estás a apaixonar por mim.
— Estava apenas a imaginar como seria tudo se eu tivesse aceite o teu pedido.
— Então?
— Imagino-te a viver comigo, a ires por e buscar-me sempre ao trabalho, a jantar-mos sempre juntos...
— E a troca de carícias depois de jantar.
— Estás a pensar no que eu estou a pensar que tu estás a pensar, mas que não devias de pensar porque eu não penso nisso e não vale a pena pensar nisso?
— Já me baralhas-te todo. Já nem sei o que é que estava a pensar.Rio e volto a minha atenção para a música que estava a dar na rádio, pondo um pouco mais alto e começando a cantar.
No matter where I go, I'm always gonna want you back
No matter how long you're gone, I'm always gonna want you back
I know you know I will never get over you
No matter where I go, I'm always gonna want you back
Want you backEle apenas se ri enquanto eu canto, provavelmente pela minha voz esganiçada, porque eu sei a letra. A música acaba e fico triste por apenas ter dado conta que estava a dar quando já estava no último refrão.
Chegamos à porta do apartamento e ele estaciona mesmo em frente. Há dias em que não há lugar nem para os moradores, por causa das lojas que temos no res do chão, mas milagrosamente, hoje há.— Anda, vamos lanchar.
— Eu não te quero incomodar.
— Ai moço cala-te e anda embora.Preparei o lanche para os dois, ambos comemos cereais, por isso, foi a coisa mais fácil e rápida que podia preparar.
Deixo a tijela e a colher na pia, assim que acabo de comer e vou até à casa de banho. Quando volto, o Afonso já está na sala a ver televisão. Isto deve de ser de família. Ia lavar a loiça, mas pelos vistos já estava tudo lavado. Demorei assim tanto?
Sento-me ao lado dele e fico a olhar para ele, que me olha assim que nota a minha presença.— Que se passa?
— Não acredito no que fizeste. - digo com cara séria.
— Como assim? Do que é que estás a falar?
— Não esperava isso de ti. - baixo a cabeça e mexo nas mãos, para me distrair.
— Não estou a entender. O que é que eu fiz de mal?
— Ainda nem acredito, estou incrédula.
— Zara, o quê?Ele puxa o meu queixo para cima, para que eu o olhe nos olhos, chega-se à frente acabando por ficar mais perto de mim e fazendo com que eu sinta a sua respiração na minha cara.
— Diz-me o que se passa.
— Tu lavaste a loiça???Começo a rir e ele fica simplesmente a olhar para mim, até achar que devia de me fazer cócegas como castigo. Acabo deitada no sofá e ele em cima de mim, a prender ambas as minhas mãos.
— E agora? Ainda te ris? Já daqui não sais.
— Eu podia simplesmente dar-te uma joelhada aí em baixo, mas prefiro que colabores e me soltes.
— Quem te diz a ti que eu quero colaborar?
— Se não queres, já sabes o que te espera.
— Não se eu te distrair.
— E como é que me vais distrair?
— Assim.Ele cola os nossos lábios de novo, depois de vários meses desde a última vez que senti o sabor da sua saliva. Sinto que preciso deste beijo, preciso de carinho, preciso do que o André não me quer dar.
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Between Brothers [ Concluída ]
RomanceO seu desejo é apenas de viver a sua vida da melhor maneira e encontrar o seu grande amor. Quando menos ela espera, ele aparece. Será que ela o reconhece logo? Tem uma decisão a tomar, mas não se consegue decidir. Escolher entre aquele que a ama e...