Capítulo 42 - Eu quero sair daqui!

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MATHEUS

Quinta feira amanhece e está um dia escuro. Dormir no Fabrício foi a melhor coisa, não tinha condições de ir para casa e por sorte os pais dele chegaram tarde, então nem precisei inventar de estar bem.

Dormir na cama do Fabrício, algo que não queria, mas ele não me deixou dormir no chão.

Deitado o vejo dormir, o alarme ainda não tocou, me sinto estranho por tudo que aconteceu. Quando pensava em perder a virgindade, eu imaginava como foi até eu dizer "eu te amo", pois depois.

Nunca vou esquecer como fui tratado depois disso, como fui usado como um objeto e jogado fora.

Me levanto e vou pegar minha roupa na varanda e volto para o quarto, visto a cueca ainda com a blusa me cobrindo e depois retiro a blusa. Me olhar no espelho e sentir que estou diferente, algo realmente mudou.

_ Ui, acordar e ver você só de cueca. Meu Deus! Que tensão.

Olho e Fabrício está acordado e eu começo a rir. Ele é tão idiota, e faz de tudo para me fazer rir, eu devia ter vindo pra cá ontem e não ido
para a casa do Otávio.

_ Ué, é por isso que você está aí de barraca armada? Gostou do que viu!

Entro na brincadeira, hoje vai ser diferente. Hoje precisa ser diferente. A escolha que fiz ontem foi errada, foi apenas para sentir que seria diferente. De fato, eu senti, durante a primeira vez, eu me senti completo e tudo que o Paulo falou ficou no passado.

Hoje eu vou chegar na escola, vou encarar todos de frente e se alguém falar mais sobre a minha sexualidade eu vou ignorar. Ninguém tem nada haver com a minha vida.

_ Ah, não tenho culpa de acordar assim. Faz séculos que não transo né?

Fabrício levanta e enfia suas mãos pelo short para puxar a cueca e eu rio sozinho.

_ É pelo jeito, você precisa de sexo mesmo.

Ele se aproxima por trás e me abraça.

_ Quem sabe você não me ajuda.

Fico vermelho e ele rir sem parar.

Nos vestimos e descemos, enrolamos tanto que perdemos tempo que íamos tomar café.

Entramos na escola e vamos direto para a sala, ao entramos nela ouço uns risos.

_ Será que ainda estão falando do que o Paulo fez ontem?

_ Acho que não, Matheus, até as meninas estão rindo. Deve ser outra coisa.

Me sento do lado do Fabrício e vejo todos me olhando, até que ouço o Paulo gritando.

_ EU DISSE ONTEM, TÁ AÍ A PROVA O MATHEUS GOSTA DE CHUPAR PAU!!!!

Não entendo nada, eles estão com o celular na mão, olho para o Fabrício que abre seu celular e eu puxo para ver, na tela aparece uma foto minha, uma foto minha de ontem com Otávio.

Só a minha imagem aparece quando estava fazendo sexo oral, meu coração dói. Lágrimas caem e eu não consigo segurar. O Otávio fez isso, o Otávio nos filmou e divulgou tudo.

Será que tinham mais fotos? Vídeo? Me levanto, quero sair daquela sala, quero sair daquela escola .

Ao me levantar, Fabrício se levanta também e alguns meninos começam a vim na minha direção.
Olho em volta e Leandro e Zeca são os únicos parados, sem rir.

Antônio, um garoto que eu mal tinha trocado duas palavras nesses anos se aproxima e em empurra.

_ ABERRAÇÃO!

Fabrício pula na frente e o empurra de volta e Paulo fala alto:

_ Deve ser você nesse vídeo não é Fabrício? Tava recebendo um boquete do seu amor. Podem assumir! Porque um nós já temos provas.

Ouço o que ele disse e fico pior, Fabrício está levando nome e não fez nada, apenas tentou me ajudar.

O professor de Literatura chega e eu vejo que não posso sair. Assim que ele entra o silêncio reina na sala.

Mas durante toda a aula, risos são soltos.

O intervalo chega e eu fico parado, não quero ir ao pátio, não quero lidar com tudo isso. Fabrício não sai do meu lado. Leandro e Zeca ficam me olhando.

Durante todo o intervalo não falo nada e por fim, ficamos apenas Fabrício e eu na sala.

_ Cara vai lá. Você não precisa ficar comigo o tempo todo. Já começaram a falar de você. Daqui a pouco você vai ter fama por minha causa.

_ Cara, vou repetir o que eu já lhe disse, fodasse o que pensam de mim.

_ Sei lá, eu quero ir embora daqui e nunca mais voltar.

Fabrício me olha e não concorda.

_ Cara, é um saco, mas você saindo daqui vai conversa com meus pais, eles são advogados, vão saber o que fazer e sugiro que converse com sua mãe em seguida.

_ E se ela não me aceitar? Não era assim que eu queria contar.

_ Eu sei, mas agora foi. Só saiba que eu vou estar aqui.

Enquanto conversamos, Leandro entra na sala e me olha. Aquele olhar verde, aquele olhar me faz desejar ter esperado o cara certo.

O Garoto do Carro (Romance Gay)Where stories live. Discover now