Capítulo 58 - A Viagem

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7 meses depois

LEANDRO

Olhando para a janela do meu quarto, não acredito que sete meses se passaram desde o acidente com meu primo.

Aquele dia tudo foi confuso, a cena do Paulo sendo retirado do rio pelos bombeiros, os gritos da minha tia e o choro silencioso do meu tio.

Naquela mesma noite, enterraram meu primo. Minha tia, na manhã seguinte foi embora daqui e nunca mais soube dela. Meu tio me disse que ela pediu o divórcio e metade de tudo, segundo ele, ela disse que não conseguiria viver com ele sabendo que a culpa era dele.

Minha tia, me culpou quando estava indo embora, culpou André, culpou a todos, menos o filho dela. As últimas palavras que ela disse antes de ir embora foi que seu filho era um santo e que eu iria para o inferno. Infelizmente existem pessoas que não conseguem ver o que está acontecendo.

Isac acabou indo embora, mas meu tio nesse tempo todo ficou o ajudando como podia.  Infelizmente, depois do acidente, nada foi feito contra Paulo.

Meu tio, ficou em casa algum tempo e me chamou de volta, eu voltei na outra semana.

Dona Aurora cuidou da casa, cuidou do meu tio e de mim. Fiquei triste com a morte do meu primo, mas sei que foi ele o culpado dos próprios atos.

Olho para o relógio, ainda faltam algumas horas para a viagem da turma dos formandos. A notícia da morte do Paulo repercutiu na escola, muitos dos garotos compareceram ao enterro, mas no outro dia, era como se Paulo nunca tivesse existido. A escola prestou homenagem ao grande esportista que ele foi, mas, em pouco tempo a rotina voltou como se nada tivesse acontecido.

O Zeca se aproximou mais de mim e sempre estamos um na casa do outro, eu passei o contato da Thamires e ele está ansioso pois os dois conversam quase o tempo todo e como a formatura se aproxima, eles finalmente irão se encontrar.

Me levanto e vou em silêncio para a cozinha, dona Aurora já está lá, e não está sozinha. Seu filho, Matheus, está lá, se ele contou o que o Paulo fez com ele, isso eu não sei, mesmo as coisas mudando, eu mal converso com ele na escola.

_ Bom dia, dona Aurora. Esse café está cheirando.

_ Já disse para você parar de me chamar de dona Aurora, pode ser só de Aurora. E sim, ele está, falei com seu tio que o Matheus vinha comigo, já que como vocês vão viajar, não ia dar pra fazer nada pra ele lá.

Concordo e sorrio para o Matheus, ele retribui o sorriso. Ouço meu tio descendo, ele irá dar carona para nós até a praça de onde o ônibus irá sair. Iremos para Guarapari durante uma semana. Foi o destino que a turma escolheu.

_ Bom dia, meninos, bom dia Aurora.

Sinto um clima entre eles, mas não digo nada. Espero que um dia eles tenham algo, dona Aurora é um amor e como ela cuidou do meu tio esses meses todos.

Tomamos café e saímos, sento ao lado do meu tio no carro e Matheus vai atrás em silêncio, como eu quero saber o que ele está pensando...

MATHEUS

Sentado aqui esperando chegar na praça, percebo que sete meses voaram. Depois daquela quase morte, eu resolvi viver mais a minha vida e parar de ligar para o que os outros pensam.

A morte de Paulo foi comentada por alguns dias, teve homenagem, mas depois, a vida seguiu e a escola também. Contudo, eu ainda ouço piadinhas, fofocas e insinuações, mas, parei de ligar.

Nesse tempo, a Jamily se aproximou bastante de mim e do Fabrício, ela se desculpou e sem o Paulo, ela está tão diferente.

Fabrício, pensar no meu amigo, é entender que em alguns momentos na vida, alguns anjos aparecem e mudam completamente nossos dias. Após o quase acidente, passei a demonstrar mais o carinho que tenho por ele, e ele não se importou.

Sempre que sinto vontade eu o abraço e ele corresponde. Sem contar das inúmeras vezes que ele comprou brigas quando algum garoto vinha para me agredir.

Ele está cada vez mais apaixonado pela Jamily e está mais ansioso por essa viagem que tudo. Fico feliz, pois sei que estou indo nessa viagem por conta da ajuda dele.

Esses sete meses, me mudaram, eu estou vivendo mais, nunca contei para ninguém o que aconteceu na ponte naquele dia do acidente e Fabrício respeitou, mas sabemos que naquele dia algo em mim mudou. Eu aprendi a viver mais.

Avisto o ônibus e sorrio, finalmente o colegial está chegando ao fim e apenas uma coisa ainda paira na minha cabeça, será que vou descobrir quem é o garoto da ponte?

O Garoto do Carro (Romance Gay)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang