Capítulo 52 - A história de Otávio

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MATHEUS

Saio correndo do auditório II, não quero mais estar nessa escola. Otávio, o que ele fez? Ele nos filmou e isso veio parar aqui.

Corro, corro sem parar. Os corredores estão vazio, todos os alunos estão em suas aulas, ninguém sabe o que acontece comigo.

Nunca pensei que seria assim o último ano. Lágrimas e mais lágrimas. Traído por alguém que eu achei que me amava. Por alguém que eu me entreguei.

Entro na biblioteca e vou para o fundo dela. Lá eu vou ficar. Entre os livros, entre mundos que eu queria estar, qualquer um, menos aqui.

Meu celular vibra e vejo uma mensagem de Fabrício. Ele está me procurando, mas não quero o ver também. Não sei, mas sinto muita vergonha, me sinto um lixo. Todos ali do meu ano me viram transando com um cara, e viram a nossa segunda vez quando ele tinha sido um babaca. Agora tudo tá explicado, ele me fez parecer desesperado por ele.

Ele me usou o tempo todo. Um garoto entra no corredor e eu vejo o Fabrício.

_ Você sempre vem pra cá, isso é sua marca.

Não levanto os olhos, não consigo encara-lo, estou com vergonha, estou me sentindo um lixo.

_ Cara, sai daqui! Sério, não quero que você me veja, não consigo te olhar. Você me viu, você viu o que eu fiz, você me viu levando de...

Fabrício se abaixa e segura meu rosto.

_ Cala a boca, vai! Você nunca vai precisar se sentir assim perto de mim. Eu não dou a mínima, beleza? Já te disse isso uma porrada de vezes. Aquilo? Simplesmente não me importa. Aliás, não era para ninguém ver ou comentar ou importar. Apenas, você e o garoto que você compartilhe o momento.

Eu quero abraçar o Fabrício, mas me sinto estranho.

_ Toma, não sei se é a hora, mas deixaram comigo para te entregar. Agora antes de começar a aula.

Eu pego o papel, não entendo, quem ia escrever algo e pedi o Fabrício para me entregar.

Abro o envelope e lá está...

"Matheus, se você está lendo isso é porque tudo já aconteceu... bom, você nunca mais irá me ver, nunca mais saberá de mim, mas, mesmo assim eu preciso te contar o motivo disso tudo. De algo, você pode ter certeza, mesmo me odiando... EU TE AMO!"

Não, não, é dele e não ele não me ama. Quem ama não faz o que ele fez.

"Matheus, quando eu te conheci há dois anos, eu te quis por completo, naquela festa, aquele beijo me conquistou totalmente. Eu te quis, eu te desejei, desejei tanto que você correu de mim. Naquele dia eu fui embora de vez dessa cidade. Fui, mas fiquei com muita raiva de você. Uma raiva que era algo a mais.

Recentemente eu tive problemas na minha cidade, eu não vim para cá apenas por conta do vestibular, eu vim porque fiquei devendo dinheiro alto para um traficante. Sim, eu fui usuário, por muitos anos, mas sempre paguei o que devia, contudo, quando minhas médias caíram e eu não consegui passar no vestibular, meu Pai cortou toda a minha mesada e bloqueou as contas que eu tinha acesso. Assim, eu não pude pagar e como eu queria mais e mais... no fim a dívida era imensa e eu vim fugido. Implorei para meu pai me mandar para cá, e eu vim.

Mesmo aqui, eles me acharam, falaram que iam cobrar dos meus pais e isso me deixou doido. Ninguém podia saber disso, principalmente que eles sabiam que eu sou bissexual. Seria uma ruína total da minha vida.

Então, tudo mudou, eu encontrei com um menino da sua escola num dia antes de nos encontrarmos naquela festa. Conversamos muito e bebemos também, entre um copo e outro, ele me mostrava a turma que estudava, e em uma foto eu te vi, mesmo que distante, eu te reconheci e disse que te conhecia.

O garoto ficou curioso e eu continuei bebendo, não me lembro como foi, mas acabou que contei tudo para ele, sobre a dividida, sobre você e ele me propôs um acordo.

Juro, eu não sei o porque ele quis fazer isso com você, ele só me disse que isso seria um seguro para que tudo que ele fazia.

Então foi isso, ele me pagaria alto para te seduzir, mas não apenas isso, ele queria material para usar que fosse acabar com você, que você sofresse muito. Eu queria recusar, mas aceitei.

No dia que você foi lá em casa, eu estava na dúvida, porque eu realmente te amo, cheguei a querer desligar as câmeras, mas você não me deixou falar ou levantar, não digo isso te culpando, mas foi o que aconteceu.

Você me disse que era virgem e transamos, eu ia apagar tudo, você disse que me amava e eu quis parar com tudo, mas, eu precisava do dinheiro, então, eu te machuquei, eu sei que você percebeu, pois fui bruto, fui rude e sei que quando você foi embora, você estava ferido. Eu também estava, mas eu precisava. Você não iria me procurar mais e eu ia aguentar.

Naquele dia eu mandei a foto, seu amigo veio falar comigo, aliás ele é um grande amigo. Tem certeza que ele não te ama? Porque eu achei.

Então, eu quis contar tudo para ele e parar tudo, mas já tinha recebido metade e só faltava metade para ficar livre. E eu mandei tudo, estou aqui escrevendo isso, porque vou embora hoje cedo. Vou pagar a minha dívida e com o fim do dinheiro vou para a capital, vou tentar trabalha por lá e estudar. Sei que você vai estar me odiando, mas nunca duvide eu te amo, porém, amo mais a mim..."

Termino de ler, estou chorando mais ainda. Então, tudo tinha sido armado. Jogo a carta no chão e Fabrício a pega. Não faço nada, e ele termina de ler. Não sei se ele notou a parte que o Otávio diz que ele deve gostar de mim. Não me importo mais.

_ Isso foi armado e eu tenho o meu suspeito, aliás, eu sei quem é, isso tem cara de apenas um garoto.

Eu sei em quem ele tá pesando e também acho que é...

O Garoto do Carro (Romance Gay)Where stories live. Discover now