part. 3

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Nós éramos da mesma série, a última, e por isso tínhamos muitas aulas em comum. Como a primeira daquele dia.

Álgebra.

Juliet chegou segundos antes do sinal soar. Outro dia sem uniforme, e com sua mochila esquisitona. Ela tinha óculos escuros, e fones de ouvido.

Procurou por um lugar nos fundos e acabou sentada ao meu lado, encostada na parede do canto, próxima a janela. Ela tirou os óculos assim que o professor entrou, revelando a maquiagem escura que contrastava seus olhos azuis. Mas mesmo depois que Mr. Tom começou sua dar aula, Juliet não tirou os fones.

Completamente despreocupada com a aula, sua música estava tão alta, que até mesmo eu podia ouvir um fundo da melodia que saia dos fones. Eu não entendia o que ela estava fazendo.

Tinha, sim, um caderno aberto, mas nele haviam apenas vários desenhos, rabiscos e notas. Nada relacionado á matéria.

É claro que o professor reparou na cena.

Ele caminhou em sua direção, mas antes que chamasse sua atenção, algo o parou.

–Juliet Van Harris? – perguntou à uma garota sentada na frente dela.

–Sei lá. – a menina deu os ombros, olhando como se Juliet fosse louca.

Eu estava quase concluindo que era mesmo.

–É sim. – me meti no assunto.

–Oh céus. – a expressão do homem era de um puro desgosto.

Mas ele simplesmente não disse nada a ela. Nada! Apenas virou as costas e voltou a dar sua aula, a ignorando por completo.

Apenas mais tarde eu fui entender que o professor de álgebra foi bem esperto, na verdade, ao deixa-la quieta.

Mr. Edgar, nosso professor de química, no terceiro horário tentou contesta-la, mas não se deu muito bem.

Todos os alunos entravam no laboratório para a aula, quando ele a parou.

A garota nem tinha mais seus fones, desta vez estava apenas caminhando calada em direção as bancadas do fundo.

–Onde está seu uniforme, mocinha? – o homem de meia idade a parou.

–Ótima pergunta. – ela sorriu debochada.

–Você não pode sair pelo colégio sem ele. – ele avisou, em tom repreensivo.

–Então acho que vai ter que me mandar pra casa. – Juliet revidou tranquilamente, fazendo com que todos da turma, assistindo a cena, rirem da expressão atordoada do professor diante aquela resposta.

–Onde estão seus modos, garota?!–ele se tornou mais carrancudo ainda.

–Presos no mesmo lugar que a dignidade de um professor de ensino médio, que acha que tem autoridade para alguma coisa.

– Então você é a tal, Van Harris, certo? – ele bufou alto, provavelmente tentava manter o controle sobre suas ações. Mas parecia que fosse ataca-la ali mesmo. – Me alertaram sobre você mesmo. Pois saiba, que você não assiste as minhas aulas essa semana! – ele gritou–Eu não admito que falem assim comigo! E você vai para a detenção!

Todos nos encolhemos, mesmo que involuntariamente. Pensei que ela tivesse sido finalmente vencida. Mas Juliet respondeu:

–Obrigada. – com um sorriso genuíno nos lábios rodeados por batom escuro.

Social Casualty - Luke HemmingsWhere stories live. Discover now