part. 4

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Nos dias seguintes, na verdade, pelas semanas seguintes, eu continuei indo até sua mesa todos os dias no almoço.

Nos sentávamos sempre na mesma mesa. Juliet comia sempre a mesma salada com algum tipo de suco natural. O que era hilário porque comida saudável não combinava nada com sua atitude rebelde.

Inclusive esse foi o tópico de uma das únicas conversas que tivemos, quando eu disse minha opinião sobre seu almoço diferentão.

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"Na verdade, tem tudo a ver com minha resistência aos princípios impostos pela sociedade atual – era como ela definia sua rebeldia – Enquanto todos vocês anseiam por hambúrgueres e todo esse tipo de comida venenosa, estou bem aqui, sem maltratar animal algum e prolongando minha existência miserável.

Então você não come carne? – questionei prolongando a conversa que tinha conseguido depois de vários dias de silêncio.

O que você acha?! – ela respondeu arqueando as sobrancelhas, como se eu fosse um tapado.

Claramente não era uma pergunta que eu devia responder, por isso mantive a boca fechada, e caímos no silêncio por mais alguns dias. "

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Juliet Van Harris era uma peça muito, muito complexa de se lidar.

Em alguns dias nós até interagíamos um pouco mesmo que de maneira silenciosa; em outros trocávamos palavras e frases curtas; e ainda haviam os dias em que ela não olhava para minha cara.

A garota continuou espalhando seu rastro de destruição pelo colégio, ao longo das semanas que ficou lá.

Todos os professores já haviam se irritado no mínimo uma vez com sua atitude punk. E mesmo que não tivéssemos todas as aulas juntos, eu a vi ser mandada para a detenção todos os dias, sem exceção. Mas quando o sinal do fim da ultima aula soava, ela apenas seguia seu caminho para fora do colégio como todos os outros.

Não assistia as aulas, e não fazia as atividades. Passava diversas aulas fora das salas de aula, e eu já havia perdido a conta de quantas vezes o próprio diretor havia vindo busca-la. Inclusive naquela mesma semana, durante uma aula de literatura.

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"Todos estávamos concentrados em fazer uma analise de um texto lido pela professora, é claro, com exceção de Juliet, que lia outro livro aleatório no seu lugar ao fundo da sala.

Quando diretor Clifford abriu a porta, colocando sua cara fechada para dentro da sala. Todos se endireitaram em seus lugares, quase que prendendo a respiração diante de diretor, outra vez, com exceção dela, que nem se moveu.

Com licença, Sra. Martin, preciso falar com Srta. Van Harris – o homem se dirigiu a ela, que nem tirou os olhos do livro.

Srta. Van Harris.. – nossa professora chamou sua atenção outra vez, incomodada com a mesma ignorando o diretor.

Sr. Clifford revirou os olhos de forma nada discreta, como se tivesse se lembrado de algo importante.

Juliet. – ele chamou.

A garota dos cabelos azuis fechou o livro no mesmo instante, voltando seus olhos para o homem, com uma expressão de ironia.

Sim? – ela perguntou sínica.

Me acompanhe, por favor. – o homem pediu, contrariado.

Então ela levantou-se guardou o livro que lia na mochila, pendurou-a no ombro e o seguiu tranquilamente. Me deixando com a pergunta de o que ela tanto tinha para tratar com o diretor."

Social Casualty - Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora