part. 5

603 41 3
                                    




           

Ás sete e quinze, eu já estava na sala da minha casa, havia me arrumado e tinha ás chaves do meu Porsche em mãos.

–Aonde você pensa que vai? – Ben, meu irmão mais velho, implicou vendo que eu estava agitado.

–Sair.. com Juliet Van Harris. – me gabei.

–O que? – Jack, que vinha descendo as escadas para sair também, exclamou.

–Isso aí.

–Três semanas, pirralho.– ele comentou orgulhoso – Bom trabalho!

–Você não tem ideia do trabalho que deu. – comentei bem humorado.

–Oh, sim! – Ben finalmente se localizou – Van Harris, a garota do verão.

–Muito obrigado por guardar segredo Jack. – resmunguei.

–Qual é, é só o Ben. – ele se defendeu, e eu dei de ombros. 

–Ela mesmo. – confirmei deixando de lado – Inclusive eu preciso ir indo, não posso me atrasar.

–Boa sorte com a fera. – Jack implicou.

–Pelo sobrenome dela, você vai precisar. – Ben gargalhou.

Ri também enquanto abria a porta da garagem gigantesca da minha casa, e destrancava meu carro.

A casa dos Van Harris não ficava longe da minha, apenas umas três ruas.

Na verdade, as casas te praticamente todos do colégio eram próximas. É o que acontece quando se estuda num colégio de elite em Sydney, todos os alunos vão morar no bairro luxuoso.

Em cinco minutos, ou nem isso, eu já havia estacionando em frente a enorme mansão cinza, cheia de grandes janelas de madeira. O lar dos Van Harris, enquanto eu esperava por Juliet.

Quando o relógio marcou exatamente 7:30, avistei seus cabelos azuis se movendo para atravessar o gramado gigantesco de seu jardim.

Juliet tinha os cabelos soltos, porém enfeitados com uma bandana azul, uma jaqueta jeans escura e apenas uma camiseta preta comprida por baixo, seus tênis haviam sido trocados por coturnos envernizados.

Ela estava deslumbrante.

Quando entrou no carro, eu ainda estava um pouco hipnotizado, e só fiquei mais extasiado ainda, pelo seu cheiro inconfundível de menta com um perfume doce. Seu rosto quando visto de perto era ainda mais perfeito, mais perverso com aquela maquiagem escura.

–Vai ficar parado aqui? – ela perguntou divertida depois de alguns segundo de silêncio.

–Acho que não. – devolvi no mesmo tom.

–Ótimo– ela sorriu, tirando algo do bolso da jaqueta. – O endereço é esse. – me entregou um papel com as coordenadas anotadas. – Você sabe chegar lá, certo?

–Sei sim. – assenti ligando o carro. – Mas vai demorar um pouco, esse lugar é do outro lado da cidade.

A garota deu os ombros, e aumentou o som.

Eu não deixava as pessoas mexerem no meu rádio. Nunca. Mas não reclamei quando ela fez.

Deixamos que a música tomasse o ambiente, e começamos a murmurar todas as canções, impedindo que algum tipo de conversa fosse iniciada. Talvez essa tenha sido exatamente a estratégia de Juliet, mas quando percebi, já era tarde demais para mudar aquilo.

Nossos gostos musicais eram estranhamente parecidos, e inclusive foi graças a isso que nos aproximamos tanto quando nos conhecemos. No entanto, Juliet, naquela época Violet pra mim, agia como uma pessoa bem diferente. Ela parecia feliz naquela noite, parecia livre, contente, gargalhava a toa e dizia absolutamente tudo que passava pela sua cabeça. Na rotina de colégio, e tudo mais, ela parecia tensa, nervosa e mal humorada, algo a perturbava constantemente, e eu podia notar isso.   

Social Casualty - Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora