Capítulo 39 "Sabes quem é que também estava assustada? "

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Eu não acredito que mantive este segredo durante 39 capitulos, e muito menos que tive de apagar dois comentários de duas pessoas que descobriram antes do tempo...suas meninas espertas ahaha. O tópico vai ser mais desenvolvido no próximo capitulo, e por favor vão com calma em relação ao Harry ou mesmo à Julieta, lembra-se que isto aconteceu quando eles eram mais novos, as pessoas mudam e muitas vezes arrependem-se do que fizeram. Pergunta de hoje: Pode haver um "try again" ou é melhor " start a new game?".
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Estou a chorar. Compulsivamente agora. Entre os segundos em que ele fechou a porta e me dei conta do que ele disse uma amargura tão velha quanto o próprio tempo tomou conta de mim. Li em certo lado que quando mais tempo deixamos uma ferida infetar, com medo de doer mais complicado se torna de cicatrizar, de ficar boa, sinceramente estava a viver muito bem com a minha infeção. Limpo a bochecha e corro escada a baixo, não reparo nos vasos de flores, nas portas azuis e nem sequer no barulho que estou a fazer. Harry está a subir para o carro, fecha a porta e olha para mim. Durante alguns segundos de fraqueza total e auto piedade penso que ver-me em lágrimas vai fazê-lo voltar, no entanto mesmo aqui fora, ao frio sinto que neste momento a raiva e a tristeza que ele sente se equiparam á minha. Ele está desiludido comigo, e eu estou desiludida com ele. Desiludida... o carro não arranca, ele olha para mim e vejo-me novamente num quarto de hospital à espera de o ver regressa ou ir embora. Uma pessoa não comete o mesmo o mesmo erro duas vezes, mas desta vez posso ser eu a tomar a decisão, não estou deitada, inerte à espera dele.

Viro-me e fecho a porta. À chave.

Subo as escadas tão lentamente que quando chego ao meu piso sinto que estou noutra realidade. Sento-me no sofá e o pânico sufoca-me a garganta de tal forma que grito para dentro, com a boca fechada. Não quero contar a ninguém, nem sequer quero contar a mim própria... soluço baixinho até ficar com pânico da minha própria emoção. Vou ficar assim para sempre. Vou para a cama e deito-me. Dou voltas e voltas e não paro de chorar, e não adormece, e não sinto nada. Olho para o candeeiro a belisco-me. Dói. Respiro fundo a chorar e ligo à minha mãe que atende ao quarto toque.

-Julieta?

-Mãe.- Soluço e parece que a oiço levantar.

-O que foi querida? O que se passa?

Começo a chorar de forma angustiante e ela está a dizer-me para ter calma. Para lhe contar o que se passa.

-Tiveste um pesadelo?

-Não consigo respirar.- Murmuro-lhe. A bola de ansiedade no meu estomago cresce e fico mal disposta. Ela começa a chorar comigo, a dizer-me para respirar profundamente. Tenho uma mão à volta do pescoço.

-Querida... vou ligar à Jam ou ao teu irmão, eles estão mais perto.

-Sou horrível.- Murmuro-lhe.

-Não és nada, querida, és a melhor menina do mundo.

Não sou não, a minha mãe não sabe o que fiz, não diria isto se soubesse o que fiz com o meu patrão, se soubesse na angustia em que deixo que eu e o Harry vivamos por não deixar o passado morrer, se soubesse que todos os dias preciso de encher o vazio dentro de mim com pensamentos pouco profundos.

Ela fala comigo até eu ficar com os olhos pesados, tenho um mal estar no estomago e digo-lhe que acho que vou vomitar, ela fala comigo e distraí-me o suficiente. Oiço o meu pai ao fundo e depois alguém toca à campainha.

-É a Jam.-A minha mãe diz-me e eu aceno com a cabeça mesmo que ela não esteja a ver. Desligo e ando até à porta, sinto-me dormente, com febre. Abro e Jam está com a farda do trabalho, abraça-me e eu choro ainda mais. Choro por todos os anos em que não chorei.

Two ways to lie *Concluida*Where stories live. Discover now