Capítulo 48 "A situação é tão ridícula que me dá vontade de rir"

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Enquanto eu como rolinhos de pão demasiado secos o Harry finge que não está nervoso. Na verdade, também estou nervosa, mas pelo menos estou a comer para disfarçar. Ele pelo contrário está a enrolar a toalha da mesa.

A boa disposição que com que chegámos aqui está a desvanecer-se um pouco e gostava que ele fizesse um movimento que não fosse com os dedos. Observá-lo era um dos meus passatempos preferidos e vejo que não mudou muito quando ele tira os óculos de ver do bolso do casaco e os coloca. Meu Deus, como é que ele pode parecer tão bonito com óculos?

-Julieta estás a olhar para mim há mais de dez minutos.

-Harry, estás a ser muito pouco cavalheiro.

-Parece que estamos ambos a ser nós mesmos.

Encolho os ombros e espero que a comida chegue. Penso em pisá-lo debaixo da mesa, mas isso poderia dar-lhe a ideia de que o estou a tentar seduzir. Instantaneamente o meu pé toca no dele e vejo-o sorrir. Ele prende o meu pé com os dele e riu-me.

A comida chega e apanho o cabelo antes de começar. Estou com fome e nem dou pelo tempo a passar antes de o Harry quebrar o silencio.

-Já sabes o que é que vais fazer a seguir?

-A seguir? Achei que podíamos ir a algum lado.- Encolho os ombros enquanto corto um bocado de peixe.

-Não, a seguir a esta pausa que estás a fazer?

Pergunta difícil. Não sei. Não faço ideia. Não posso ficar parada para sempre mas quando que penso em voltar a trabalhar lembro-me do William. Levanto os olhos e vejo a expetativa dele refletida de alguma forma em mim.

-Não sei, pensei em mandar alguns currículos a semana passada mas são tudo empresas em Londres.

-É meia hora do sitio onde costumavas viver.

-Não quero viver em Londres. É caríssimo. Teria de ir para a periferia.

-Isso é mau?

-Isso é onde eu estava antes.

-Queres sair do país? - Vejo a apreensão dele e sinto-me perdida.

-Harry passaram-se só algumas semanas, não faço ideia do que vou fazer a seguir, na verdade queria não pensar nisso.

-Tudo bem, acho que posso viver com isso.

-Ótimo, detesto conversas sérias ao jantar.

Depois de pagarmos a conta Harry estende-me a mão e aperta-a. Saímos do restaurante e sinto-me cheia de gelado. Comi muito gelado.

-Então e agora vamos fazer o quê?

Agarro na minha bicicleta e meto-me em cima dela sem andar.

-Não sei, não posso abandonar a bicicleta.

-E se a deixasses aqui e fossemos a alguma sitio de carro?

-Deixar a bicicleta na rua?

Dez minutos depois o Harry encontrou um quintal aparentemente vazio.

-Não vou colocar a bicicleta num jardim de outra pessoa. Para além disso como é que vais meter a bicicleta do outro lado da vedação.

Harry sorri e tira-me o elástico do cabelo para apanhar a parte da frente do seu. O gesto faz-me lembrar de quando o conheci. O cabelo dele era enorme e eu passava o tempo todo a roubar-lhe elásticos para o cabelo.

-Apanhaste o pouco cabelo que tinhas, e agora?

-Agora amor, vais pôr o pé em cima das minhas mãos e pular para o outro lado.

Two ways to lie *Concluida*Onde histórias criam vida. Descubra agora