Liza em apuros

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O sol explode pela janela me despertando preguiçosamente ... Bocejando estendo os braços, alongo meu pescoço e esforço-me para abrir os olhos, um por um, como quem se recusa a aceitar o romper do proveitoso negrume pelos raios solares.

- Bom Dia!

-AAAAAAAAAH! - Grito de susto com a saudação inesperada e com o fato dela ter vindo de quem veio... Do Samuel! O susto que ele teve com meu grito foi tão grande que ele se atirou para trás num impulso. Ele brincava com um ioiô à minha frente sentado em um banco de plástico, banco este que, com a reação impulsiva, partira as pernas frágeis derrubando assim o garoto que arremessou longe o seu brinquedo.

- Ave Maria, que diacho é isso menina? - Arfante, ele questiona levantando-se com a mão na coluna.

-Que diabos...?! O que você... Como? An? - Gaguejo pedindo respostas pro fato d'ele estar aqui.

- A tia me deixou entrar... Aau! - ele geme- Eu te liguei umas quinhentas vezes, mas parecia que você não iria acordar nem se lançassem um míssil na sua casa, então tive que vir até aqui porque sou um moço legal e não quis te fazer ir até o café por nada. Não abriremos hoje, porque um amigo do meu pai faleceu de não sei o que e por respeito ele não abrirá. - Enquanto ele ainda está falando, levanto-me ignorando totalmente o fato de estar com um babydoll demasiado fino, caminho até a porta e abro-a.

- Meus pêsames. É só isso? Tchau! - Gesticulo para que ele saia. Ele vem de encontro a porta e eu, ao olhar para baixo avisto seu ioiô e me abaixo para apanhá-lo, no mesmo instante o Samuel apressa os passos e faz o mesmo. Agarramos o objeto ao mesmo tempo e cruzamos nossos olhares quando nossas mãos se tocam inesperadamente.

- Isso é tão clichê de filminho romântico.- Falo me afastando do Samuel levando comigo seu brinquedo.

-Você iria adorar me dar uns beijos, mas não será nessa vida! - Ele diz seriamente, arrebata o objeto e sai do meu quarto sem olhar para trás.

- Vai embora mesmo, imbecil. Se aparecer aqui amanhã de novo chamo a polícia! - Grito pro garoto descendo a escada. - IDIOTA!

- CHEGA, LIZA! - Minha tia surge no fim da escada. - Desculpa, garoto... ELIZABETH, ONDE ESTÁ A SUA EDUCAÇÃO?

-Tchau, senhorita! Tenha um lindo dia como você. - O Samuel se despede da tia Sula beijando sua mão, é claro que ela ficou encantada com ele... Eu mereço! Reviro os olhos e bato a porta do quarto. Obviamente cedi à preguiça e voltei a dormir.

[...]

"Doze horas e quarenta e sete minutos." Essa foi a hora em que acordei novamente e, sim, cheguei atrasada na escola e levei uma bronca daquelas. As duas primeiras aulas foram de Sociologia, com um professor que o que tinha de bonito, tinha de bravo, ameaçou me colocar pra fora da sala três vezes só porque estava cochichando com o Andrey enquanto ele tentava explicar. Totalmente sem motivos!

A terceira aula será de Educação Física então a gente vai nos vestuários nos trocar. É incrível! Todas as meninas aqui parecem estar bem despreocupadas em relação a estarem se trocando na frente de estranhas. E daí que são todas garotas? Eu estou completamente desconfortável com essa situação. Não gosto do meu corpo, muito menos de expô-lo. Ponho o fardamento de esporte que estava no meu armário e não gosto nada do que vejo. Meu corpo magrelo dentro dessa roupa justa fica mais ridículo que o normal, eu não vou sair assim! Ah An, não vou mesmo.

-Ai que cinturinha mais linda! Saudade de quando eu tinha esse corpo... Corpo magrinho... Entrar em qualquer roupa... Meu sonho! Você tem corpo de modelo, que linda. - Uma garota bem encorpada chega perto de mim falando. É esse tipo de comentário que mais me enoja.

Prometa FicarWhere stories live. Discover now