Capítulo 3 - Caminhos separados

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— Eu não fui capaz, ela ficou todos estes anos trancada numa cela que ficava no subsolo, quando ela chegou eu pratiquei algumas torturas mas... raios era a minha irmã e nunca fui capaz de dar termo à sua vida.

— Porquê agora? - A minha voz saiu trémula, confesso que estava com medo.

— Ela fugiu porque mudámos a ajudante de cozinha, era uma jovem que estava encarregada de lhe levar comida e tenho a certeza que Raissa a persuadiu a ajudar.

— E agora? - Damon pergunta mais para ele próprio que para Abdul.

— Ela matou a rapariga e matou alguns dos meus homens até chegar a mim. Sei que o preço a pagar é alto e não tenho muito tempo de vida.

— Os seus homens vão encontra-la!

— Raissa é inteligente Sophie quero que tenha cuidado ela vai tentar chegar a vocês.

— Oh não, as crianças! - Olho desesperada para o meu marido.

— Ângelo leva a Sophie e liguem para a família a avisar o que se passa.

Saímos do quarto e começámos a fazer ligações, ele dava instruções ao Liam enquanto eu pedia a Claude para levar as crianças para um lugar seguro. Hakem tem razão ela deve estar doida para se vingar de mim e diga-se de passagem que eu estou aterrorizada pois ela teve anos para planear tudo. Acomodo-me no sofá e aceito de bom grado a água que a empregada me serve, ela tem olhos de choro talvez por causa da pobre rapariga que morreu. Damon desce a escada, fala alguma coisa com Ângelo e o mesmo sai porta fora...

- Precisas ir embora, estará um jacto à tua espera, depois mando alguém buscar as coisas ao hotel.

— Espera aí e tu?

— Preciso ficar aqui, Hakem está fraco e eu vou comandar tudo.

— Tu tens de vir comigo! - Que conversa é esta? Ambos corremos risco de vida.

Cuore eu preciso que vás para proteger as crianças, eu confio em ti para o fazeres. - Ele beija a minha boca e afasta-se.

— O que tem essa pasta? - Aponto para as suas mãos.

— Tudo o que é de Hakem, está tudo em meu nome.

— Não! Damon isso significa que és o capo e ... - Isso não!

— Na verdade isso torna-me o homem mais poderoso dos Emirates Árabes. - Ele não demonstra qualquer orgulho nisso.

— Se ele morrer tu ficarás com tudo isto! - Ele corre o risco de voltar a um passado em que eu me nego a voltar viver. - Ambos sabemos o que isso significa!

— Eu sei, mas é a única forma de poder matar Raissa neste território. - Ele atira a pasta para a mesa irritado. - Depois arranjo forma de passar os poderes a alguém.

— Não, não... Ele que envie os seus homens mas eu não quero que voltes de novo à máfia Damon.

— Não há alternativa e eu já aceitei! - A sua voz, o seu olhar frio... Foi como levar um murro no estômago. Aquele na minha frente era de novo o maldito Capo Sartorelli.

— Sabes que isso te vai custar caro Damon e ainda por cima estou entre a espada e a parede pois não vou deixar as minhas crianças sem mim mas não vou continuar contigo se aceitares regressar a essa vida!

— Eu só te peço que protejas os nossos filhos, tudo o resto cabe a ti decidir mas se esta é a única forma de a matar então eu pago o preço que tiver de pagar! - Ele passa a mão no cabelo e eu tento respirar o que neste momento parece ser uma tarefa bem difícil.

— Tudo bem Sr Sartorelli! - Saio da sua frente deixando naquela casa o meu coração partido em mil pedaços.

Na porta já havia um batalhão pronto para me escoltar ao heliporto onde o jacto privado de Hakem aguardava por mim para o embarque, teríamos de fazer escala para abastecer e seriam mais de dez horas sozinha naquela maldita coisa com asas. Eu tive tempo para chorar e principalmente para começar a planear a minha verdadeira vingança porque desta vez eu vou ser a primeira a caçar essa mulher e vou ter certeza que ela vai morrer nas minhas mãos. Para fazer isso terei de ter os meus filhos em segurança, como vou protege-los e matar Raissa ao mesmo tempo?

A minha cabeça vai explodir de tanto pensar no que vou fazer, o meu corpo reclama por passar tantas horas sentada mesmo que o avião seja bem grande e eu tenha andado de um lado para o outro, quando finalmente aterramos vejo que estamos numa pista privada e caras familiares esperavam por mim, Liam e Salvatore iam embarcar no avião para se juntarem a Damon e Ângelo deixando Claude comigo. Não vou condenar eles dois por se juntarem ao capo mas confesso que gostaria que não o fizessem já que ele fez a sua escolha sem me consultar.

Entro no carro com o meu irmão que está calado demais, isso é sinal que ele não sabe por onde começar a conversa...

— Podes perguntar o que quiseres. - Ele olha para mim e volta a sua atenção para a estrada.

— O que estás a pensar fazer? - Ele sabe que eu não vou ficar de braços cruzados.

— Eu nada, quero apenas deixar os meus filhos longe dela!

— Eu conheço-te, tu já tens um plano. - Preciso mentir para que ele não conte nada a Damon mas afinal é o meu irmão que me conhece melhor que ninguém.

— Desta vez não.

— Faz como quiseres mas quando estiveres para tomar alguma atitude fala comigo antes por favor.

— Como estão os meninos?

— Estão todos com Luna e Giovana na minha casa, já contratei uma nova equipa de seguranças. - Excelente ideia já que não sabemos onde anda aquela louca.

— Pede-lhes para irem ter a minha casa, quero tomar um banho e tratar deles antes de dormir.

Cheguei na porta de casa ao mesmo tempo que as minhas cunhadas, fui apresentada á nova equipa e tentei fugir as perguntas das duas, nunca escondi o meu desagrado quanto ás ligações desta família com a máfia e também deixei bem claro que depois de nascerem as crianças eu não queria Damon ligado a esta vida, por isso está na cara que os nossos caminhos se separam aqui. Trato dos meninos e verifico que há um segurança no corredor dos quartos e outro por baixo da janela esses postos são obrigatórios para além dos outros que circulam a todo tempo pela casa e afins, tomo um banho e faço um treino para tentar libertar as minhas frustrações sob o olhar atento de dois dos novos homens essa seria a primeira atitude que Damon reprovaria, a sua mulher sob a atenção de dois guarda costas.

Os Sartorelli - A Mafiosa (Completo Amazon)Where stories live. Discover now