Capítulo 16 - Amor de pai

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Atravessamos a estrada e o grande portão é automaticamente aberto, caminhamos em silêncio atrás da tal Lilian que ainda não me deu provas de ser quem diz. Olho para os lados e lembro que quando os nossos pais iam às compras ou estavam distraídos nós vínhamos até aqui brincar, um dia Claude encontrou o portão dos fundos aberto e decidimos explorar tão belo jardim, corríamos, brincávamos às escondidas e imaginávamos que era a nossa casa na verdade imaginávamos ser príncipe e princesa. Olho para Claude e sorrio porque sei que essas lembranças também estão presentes agora dentro dele. Certo dia fomos vistos por uma empregada da casa, eu fiquei com medo que ela nos castigasse mas pelo contrário ela sorriu, serviu um lanche delicioso e disse que poderíamos regressar sempre que quiséssemos desde que fosse segredo, claro que nunca dissemos aos meus pais com medo de nos proibirem de ir lá então nós mentimos ao dizer que passávamos a tarde com amigos. Nunca entrámos dentro da casa e muito menos soubemos a quem pertencia, o que importava era podermos brincar felizes, deitar na relva, andar de baloiço e ter lanches deliciosos. Quando finalmente a porta da entrada é aberta eu fico parada, não estou preparada para descobrir algum buraco negro na minha família. Olho para o meu irmão que aperta a minha mão e puxa de leve o meu braço para que o siga. A casa é luxuosa e decorada como um museu, peças raras e obras de arte estão por todo o lado...

— Sentem-se por favor! - Eu e Claude ficamos juntos num sofá em frente ao dela.

— Porque a senhora diz que é nossa avó se nem tem o nosso sobrenome?

— O vosso pai deixou de ter Lycan no nome quando se casou com a vossa mãe, ele ficou com o sobrenome da vossa família materna e assim cortou definitivamente os laços comigo.

— Porque é que ele nunca falou da senhora?

— Digamos que a nossa relação nunca foi muito saudável, ele não aceitava ordens e muito menos seguir o seu legado - A empregada chega com uma bandeja e a mulher na minha frente pega numa chávena de chá - Ele era muito chegado ao meu falecido marido, a última vez que nós discutimos ele simplesmente saiu de casa.

— Porque nunca nos veio conhecer, porque não veio atrás dele? - O meu irmão estava revoltado e eu confusa,  nada disto faz sentido.

— Não sou esse tipo de mulher, não peço desculpa quando tenho razão mas sempre tive todos vocês debaixo de olho.

— Quem era o meu pai afinal? - Claude pergunta confuso.

— Leonard Lycan ou Leonardo Andrade como vocês conhecem é o meu primogénito, herdeiro da Máfia Lycan, puro sangue Americano.

— O meu pai? Não a senhora deve ser uma doida varrida.

— Ele era o meu filho mais velho- Ela faz um gesto a um dos seguranças que nos dá algumas fotos e uma certidão de nascimento - E vocês os actuais herdeiros.

— Quem é este? - Aponto para uma foto do meu pai ainda adolescentes abraçado a outro rapaz com feições muito parecidas.

— O seu tio, meu filho mais novo Mateus, ele também saiu de casa e brigou com todos - Ela volta a pousar a chávena - Não somos uma família muito unida pelo que podem perceber.

— Eu preciso pensar em tudo isto! - Levanto-me com vontade de correr dali.

— Acho que merecem um pouco de tempo para assumir tudo isto, amanhã à tarde estará um jacto pronto para vos levar á minha casa em Los Angeles; precisamos de falar sobre as vossas obrigações na máfia Lycan.

— Que conversa é essa? - A minha voz sai mais alta do que pretendia.

— Por hoje estamos conversados até amanhã crianças.

Ela levanta do sofá e desaparece com os seguranças atrás, eu e Claude voltámos para o hotel e sentados na cama do meu quarto, decidimos ver o que tínhamos recolhido do cofre. Contas bancárias com valores exorbitantes, imóveis, uma empresa de material informático entre outras coisas mas no meio de tudo havia um envelope já amarelado que tinha escrito " Para os meus filhos". Claude abriu e começou por ler o conteúdo...

" Queridos filhos se estão a ler esta carta então isso significa que o meu passado foi atrás de vocês e eu lamento isso. Quando saí da América deixei para trás uma vida de rei que trazia como consequência o sacrifício de inocentes e sabem que eu não sou alguém capaz de manchar as minhas mãos de sangue por dinheiro ou prazer, como filho mais velho de uma família que se dedica ao tráfego de armas eu seria um capo então eu fugi para começar do zero sem nada dessa podridão. Encontrei Joana a vossa mãe e não teve como não me apaixonar por aquela doce mulher de cabelos aos caracóis. Impedi que o meu passado se aproximasse, protegi vocês de algo vergonhoso, sujo e que eu repúdio e que pai quer isso para os seus filhos? Mas tenho noção que um dia não estarei presente para vos ajudar a entender que eu sou um Lycan. Amo-vos e amarei esteja onde estiver e se puderem perdoem-me mas afastem - se de quem vos quiser mudar quem vocês são... os meus filhos, os Andrade."

— O que é que vamos fazer agora? - deito na cama e fito o tecto.

— Acho que não temos escolha se não assumir as nossas obrigações.

— A minha obrigação é matar Raissa e que se lixe essa história da Máfia Lycan. - Volto a ficar sentada e remexer nos papeis.

— Continuo sem perceber o que esse tal fantasma pretende? Porque é que ele iria querer o medalhão se ele não pode assumir algo que não lhe pertence?

— Estou tão confusa, a cada minuto que passa mais perguntas surgem na minha cabeça quando na verdade eu vim aqui em busca de respostas.

— Conheço um certo capo que vai pirar! - Claude sorri sem vontade.

— Ele não vai saber até porque eu não quero nada que venha dessa mulher, se o papá passou a sua vida a fugir dela é porque tinha razões fortes pois um filho não foge de uma mãe assim só por birra.

— Eu também não confio naquela velha, ela tem um olhar diabólico. - Concordo com ele.

— Deveríamos ir embora agora mesmo.

— Nesta altura temos dezenas dos seus homens a vigiar-nos. - Ele espreita pela janela e tenta localizar alguém por entre as pessoas que estão na rua.

— E qual é o plano?

— Ir amanhã jantar com a "avó". - Oh não...

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