OLHAR DO TRÁFICO - LIVRO 1 (F)

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Laís narrando.

O combinado da nossa frangada era as 19:30, mas eu a Thais e a dona Julia marcamos as 17:30 pra começar a preparar as coisas.

Bufei pegando o celular e conferindo o atraso dela, guardei no bolso e ajeitei o David que estava de pernas abertas na lateral do meu corpo, ele ficou todo chatinho agora a tarde.

Laís: Madrinha vai esperar só mais uns minutos, se ninguém aparecer nós vamos pra casa beleza?
-Ele me olhou com uma carinha tipo "af, quero minha cama" e deitou sua cabecinha entre minha clavícula e cabeça.
Estava saindo do bar da dona Julia já que ninguém apareceu, quando vi a Thais subindo toda eufórica, já montei a cara de bunda porque sou dessas.
Thaís: Só vou em casa rapidinho amiga, só jogar uma água no corpo.
Laís: Tu está até com o cabelo molhado, banho de novo porque?
Thaís: Fode não negrita, espera aí.
-Revirei os olhos quando ela me jogou as chaves.
Laís: Tu tava aonde piranhona? Tava subindo aí toda aceleradona.
Thaís: Sai menina, bota um chip na minha xota.
-Bateu na buceta dela e saiu correndo morro acima. Abri a portinha do bar, coloquei o baby boy manhoso numa cadeira que a dona Julia comprou pra ele e ergui metade da porta de ferro pra entrar um ar, acendi a luz e quase tive um infarto.
Laís: Ai meu Deus!
-Fechei os olhos e coloquei a mão no peito.
Júlia: Como você entrou aqui?
-Me olhou surpresa.
Laís: Ué dona Julia, amanhã é o niver da sua filha... nossa frangada, esqueceu ?
Julia: Ah é!
-Ajeitou o cabelo mudando de feição.
Laís: Mas o que a senhora tava fazendo sozinha nesse escuro e ainda mais sentada toda encolhida nesse chão?
-A fitei e ela desviou o olhar.
Julia: Quem tanto vai vir?
-Desconversou legal.
Laís: Ah, os de sempre!
-Sorri falsa e fui ver o que David queria.

[...]

O arroz já estava cozido, quando ouvi a voz do H percorrer o salão do bar todo.

Laís: Quem convidou ele?
-Sussurei baixinho pra Thais que preparava salada do meu lado.
Thaís: Ele manda aqui ou idiota, vai aonde ele quiser.
Pezão: Boa noite Laís, eai menor, teu bagulho tá ali na mesa.
-Falou vidrado em mim.
Thaís: Agradece, espero que seja bem caro!
-Piscou e gargalhou pra ele.
Pezão: Mercenária nata!
Thaís: Deixa a mercenária aqui ligar pro meu boy pobre.
-Ela saiu pra ligar pro Magrinho pela décima vez e ficou aquele clima "tipo como" naquele cozinha.
Pezão: Tá linda.
-Quando esse viado quer algum a coisa de mim, é só arreganhar esses dentes e pronto, e o duro é que ele sabe disso.
Laís: Obrigada!
-Dei o sorriso mais falso da vida e a Thais voltou com a tia Júlia e o Arthur fazendo aviãozinho com o David no ar.
Laís: Mas o Que??? Que bicho te mordeu pra tu estar aqui? Ainda mais dando risada?
-Falei realmente assustada com o Arthur ali.
Arthur: Não pode nem ser feliz com um filho lindo desse que o povo já quer render assunto.
-Falou num tom de voz tão Thur, que eu juro que sai do corpo de tanta estranheza.
Laís: Humm.
-Falei normal.- Achou o Magrinho, Tha?
Thais: Tá desligado.
-Bufou e o Pezão riu fazendo um som tipo "muuuu".
Júlia: Não vou esperar ninguém, bora comer que todos estão aqui.
Laís: Arthur dá o David pra tia Dilma e vem aqui, quero um troca uma idéia contigo.
-Ele me olhou estranho e assentiu, entregou e veio em minha direção.