Cheshire

7K 769 569
                                    

Stan achou a pousada maior do que imaginava. Passar uns dias com o melhor amigo depois de este ter se mudado para aquele lugar iria ser divertido.
Os dois haviam conversado a tarde inteira em Doncaster. Jogaram futebol no velho e conhecido campo do parque do bairro e depois tomaram um sorvete na lanchonete em frente ao velho colégio. Louis havia lhe contado tudo sobre a pousada: as piscinas, as quadras, o jardim etc. Falou também sobre Harry: o quanto ele tinha insistido em cantar com Louis, o quanto Louis o evitara e depois descobrira que ele era bem legal e comentou rapidamente sobre a chegada de Zayn. Stan percebeu que o amigo não queria falar sobre aquela parte da história e rondando um pouco uma vez ou outra, ficou a par do que havia acontecido e sabia que precisava fazer algo.

Louis era divertido e sarcástico, mas seu “problema” – Stan não gostava dessa palavra – o deixava inseguro diante de pessoas que ele havia acabado de conhecer e aquele tal Harry havia conhecido Louis quando este estivera mais vulnerável. Mesmo assim o garoto havia conquistado a amizade de Louis, por mais que ele não fizesse amizades com praticamente ninguém. Stan queria comprovar se Harry realmente merecia aquela amizade.

Chegaram em Cheshire quase às oito da noite depois de uma volta divertida. O velho amigo ficaria lá somente por uns dias, pois teria que viajar com os pais o resto das férias.

- Hoje não vai dar, mas o que você vai querer fazer amanhã, Stan? A gente podia acordar e passar a manhã na piscina e a tarde fazer qualquer outra coisa.

Louis e Stan estavam no saguão, caminhando para a porta atrás do balcão circular onde entrariam no pátio gramado para ir a casa dos Tomlinson. Stan puxava sua mala de rodinhas e Mark havia ido até a administração para devolver as chaves do carro que Tia Megan havia emprestado para que ele pudesse ir a Doncaster. Aquela hora da noite,  os garotos teriam tempo de colocar as coisas de Stan na casa dos Tomlinson e pegar a última hora do jantar no restaurante.

Louis observou que Mark parecia nervoso, distraído. Ele não tinha coragem de perguntar para ele o que tinha acontecido. Nos últimos meses a família tinha tido tantas más notícias relacionadas a dinheiro que Louis temia ouvir que as coisas tinham piorado.

- Cara, isso daqui é enorme! – Stan olhava para todos os lados, abismado.

Louis riu do comentário, balançando a cabeça concordando. Explicou rapidamente o que havia deste e daquele lado além do que poderiam ver.

- Você parece gente rica apresentando a mansão para o amigo pobre!

Os dois riram um pouco.

-Quem me dera ser rico...

 Louis tentou não parecer desanimado, mas Stan o conhecia bem. Deu dois tapinhas nas costas do amigo antes dos dois ouvirem alguém se aproximando:

- Louis!

Ambos se viraram para a esquerda, direção de onde vinha aquela voz animada.

- Ham... Oi, Harry. – Louis não pareceu muito empolgado.

- Você melhorou? – Harry olhou finalmente para Stan – Oi...

- Stanley. Amigo de infância do Louis! – ele ofereceu a mão para Harry que o cumprimentou com um sorriso simpático. – Pode me chamar de Stan.

- Prazer. Harry. - Ele soltou a mão de Stan ainda sorrindo e voltou-se para Louis novamente. – Fui a sua casa ontem a noite, sua mãe disse que você não tava bem...

- Tô bem agora, obrigado. – o garoto não encarava Harry direito e as engrenagens no cérebro de Stan estavam trabalhando a todo vapor. – Tenho que levar Stan pra minha casa agora.
Louis mal terminou de dizer isso e fez sinal para Stan o seguir. Harry permaneceu no mesmo lugar.

- Vão fazer o que depois? A gente poderia ir ao centro. Você ainda não conhece e acho que vai ser legal mostrar pro Stan também! – Harry sorriu e Stan quase sentiu pena do garoto. Quase.

- Estamos cansados da viagem, não vai dar. – Louis fez sinal novamente para que Stan o seguisse.

Este tinha outros planos.

- Sair seria legal, Louis. Você tá mesmo cansado? Eu não tô! – falou animado. O outro se voltou para ele querendo o mandar a merda. Ele não queria sair com Harry. – A gente podia chamar aqueles que você falou também, ham... Zayn? Niall?

Louis gostaria de ter uma arma em mãos naquele exato momento.

Stan só podia estar de brincadeira. No entanto o que Louis poderia fazer além de ser um bom anfitrião? Talvez ele pudesse dizer “sim” e depois fingir que estava passando mal. Ou dizer naquele momento que não estava passando bem, mas lembrou-se que dissera a Harry que já estava melhor. Droga.

- Posso ligar para o Niall! – Harry pegou o aparelho, animado. – Ele mora perto do centro, pode nos encontrar lá. Quanto ao Zayn, eu vou até o quarto dele chamá-lo.

- Até o quarto dele? – Louis finalmente o encarou.

- Sim, duzentos e quatro. A gente foi pra lá depois de sair ontem. Fomos na feirinha aqui perto e...

- Ah, ok. Então a gente se vê daqui umas duas horas. – Louis pegou a mala de Stan e este quase não teve tempo de dizer um “até logo” para Harry antes de ir atrás do amigo.

Harry não pareceu notar o clima  estranho e seguiu para o quarto de Zayn enquanto ligava para Niall de seu celular.

Cheshire não tinha um centro muito grande. A brisa de verão era fresca e as ruas eram tomadas mais por turistas do que por moradores. Era uma cidade charmosa e a maioria das lojas para turistas vendia roupas, imãs e pelúcias do famoso gato de Alice no País das Maravilhas. Era a grande marca do condado.

Louis e Stan estavam gostando do passeio, comentando sobre o que viam. Eles, Harry e Zayn haviam acabado de encontrar Niall e se dirigiam para uma rua comercial. Stan tirou fotos de tudo, achando ali bem aconchegante. Tirou fotos dos outros e ria de Niall e sua fome insaciável. Zayn não era uma má pessoa também. Quanto a Harry, Stan só analisou de longe. Louis não falou muito com o garoto, o evitando assim como evitava Zayn.  Ele não achava que Harry havia percebido, parecia ser um tanto positivo e inocente e não percebia os esquivos de Louis – ou pelo menos fingia muito bem. Quanto a Zayn, se ele percebia ou não, não parecia ligar pois parecia ser um cara desencanado de tudo.

O quinteto chegou a uma praça aberta onde um homem fazia malabarismos em cima de um triciclo para entreter turistas. Uma pequena multidão o rodiava aplaudindo enquanto uma moça morena adicionava mais bolinhas as que ele equilibrava. Os cinco acabaram parando por ali também. Stan achou incrível, mas antes de poder tirar uma foto daquilo percebeu uma fonte iluminada com três estátuas clichês de anjos de pedra na praça adiante. Ele cochichou algo no ouvido de Louis a sua frente e esse acenou negativamente. Stan então se voltou para Harry que estava ao seu lado e perguntou se ele poderia tirar uma foto sua ali na fonte. Harry deu uma olhada para a direção que ele apontava e concordou simpático.
Os dois saíram da pequena multidão e caminharam até a praça.

Chegando perto da fonte Stan deu sua câmera a Harry explicando para ele onde era o zoom e o botão para tirar a foto. Foi então em direção a fonte iluminada e absurdamente grande para uma praça pequena como aquela.

Stan se posicionou em frente a fonte de braços abertos e um grande sorriso, depois com cara de pensativo. Harry tirou umas duas fotos de cada posse e Stan foi a seu encontro assim que viu o quarto flash. O mais novo entregou a câmera de volta para ele e o outro acenou positivamente indicando que havia gostado.

- Valeu. – Harry não teve tempo de dizer “por nada”, pois o mais velho continuou a falar. – Posso te fazer uma pergunta?

- Sim... – ele estranhou a mudança de assunto e a seriedade súbita na fala de Stan.

- Acha que o Louis tem uma voz bonita?

- Ham... Sim... – agora era sua vez de ficar sério. O que era aquele papo? – Porque...

- Eu conheço o Louis muito bem e não acho que você tá fazendo algum bem para ele, honestamente. – disse colocando a câmera no bolso.

Harry e Stan se encararam em silêncio. O mais velho o olhando de cima e ele com um olhar confuso. O que estava acontecendo? 

The CureWhere stories live. Discover now