Capitulo 12

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Levantou da cama e andou até uma das gavetas da cômoda, pegou a cartela de remédio contendo apenas mais um comprimido e foi até a cozinha a procura de água. Após ingerir o comprimido, rumou para o banheiro e tomou seu banho matinal de ir ao trabalho.
Minutos depois estava de frente ao pequeno espelho de seu quarto arrumando o cabelo, segurava sua receita medica pois passaria na farmácia antes de ir ao ponto de ônibus.
Encheu a vasilha de Nebulosa com leite e trancou a porta principal ao sair. O dia parecia ótimo, o sol estava no seu brilho inicial e Ethan pode presenciar alguns pássaros cruzando o céu.

— Ethan — Chamou uma voz familiar que vinha de trás dele e ao se virar se deparou com Kathy, esta parecia um urso devido a grande blusa de frio felpuda.
— Oi — riu ao ver Kathy daquela maneira.
— Qual a graça?
— Nada.
— Diga, agora.
— Você é baixinha, e colocou essa blusa grande e felpuda.
— Eu sei — ela deu uma volta sorrindo — estou parecendo um ursinho.
— Eu ia dizer...Chewbacca.
— E o que é isso? É fofo? Eu espero que seja fofo.
— Sim, muito fofo — riu novamente.
— Diz logo Ethan, o que é isso de....não sei o que, esse nome estranho aí.
— Não é nada, onde você estava?
— Andando pelo bairro, explorando. Vou dar minha festa hoje, então aproveitei para distribuir alguns convites. Você vai, né?
— Não sou muito fã dessas coisas.
— Percebi isso na nossa primeira conversa, mas não vai te matar se você ir só em uma.

— Ou pode matar, eu posso estar indo a sua casa e um carro vem e me atropela. Eu morro, jovem, e você irá viver todos os seus dias sabendo que foi a culpada por tirar a vida do cara que te levou ao mercado.
— Acabou?
— O que?
— De contar essa novela.
— São possibilidades.
— Se você não for, eu vou vir aqui na sua casa e vou te arrastar até lá.
— Bom. Preciso ir a farmácia agora e depois seguirei para o trabalho. Tenha um bom dia Kathy.
— Não mesmo, primeiro você vai responder minha pergunta.
— Que pena, estou atrasado — Disse Ethan sorrindo dando passos de costas, se virou e começou a andar deixando Kathy com raiva.
— Não seja por isso — ela começou a segui-lo — Vou com você até o mercado.
— Farmácia.
— Que seja, eu não estou brincando Ethan, você tem que ir na minha festa. Não conheço quase ninguém por aqui além de você e a droga de alguns parentes que eu nem sei se vão ir. Já pensou se eu dou uma festa e fico sozinha nela?
— Ia ser triste.
— Muito, um desastre.
— Então, ok. Mas só essa e nenhuma outra.
— Sabia que você não resistiria ao meu charme.
— Se você chama uma insistência irritante de "charme". Então ninguém resistiria.

Após conseguir o que queria, Kathy retomou seu caminho de volta para casa e Ethan continuou seguindo rumo a farmácia. Esta estava quase que completamente vazia, tirando o fato de haver um senhor de idade, mas este logo deixou o local carregando uma sacola transparente contendo alguns recipientes de xarope.
Depois de pegar seus medicamentos, Ethan foi para o ponto de ônibus e estava ansioso para ver Elizabeth, sempre estava, desde o dia em que leu as duas fichas entregues por Margareth uma semana após começar a trabalhar naquele hospital.
Meia hora após entrar no ônibus ele finalmente chegou em seu destino, desembarcou e seguiu seu caminho enquanto pensava em varias coisas. Principalmente no fato de ter sido forçado a aceitar aquele convite de Kathy. Chegou no hospital e foi vestir o seu uniforme, Margareth estava na recepção lendo um livro apoiado na longa bancada marrom.

— Você lê, interessante — disse Ethan se aproximando, em uma mão segurava um balde com alguns produtos de limpeza e na outra a vassoura.
— E por que eu não leria?
— Não sei, nunca pensei que gostasse, esse livro é de que?
— De ler — respondeu ela sarcasticamente enquanto ria.
— Muito engraçado.
— Então não faça perguntas idiotas.
— Me refiro ao gênero.
— Terror.
— Bem a sua cara mesmo.
— O que quer dizer com isso?
— Nada de mais, é só que você tem esse jeito sinistro que quem sempre quer matar alguém. Mas qual a história deste livro?
— O de sempre, organizações secretas, roupas negras, máscaras brancas e tortura. Preciso que veja se o paciente do quarto 4B-1 já acordou.
— 4B-1? Mas não temos paciente nele.
— Agora temos, veja se ele acordou e se precisa de alguma coisa.
— Mas minha obrigação é limpar e não cuidar.

Margareth o olhou com toda a frieza do planeta.

— O que você disse? Eu não estava prestando atenção.
— Disse que já estava indo ver se o paciente precisa de algo — Ethan deu as costas rindo, até que se divertia com todo aquele temperamento explosivo de Margareth.
— Da garota loira você cuida, e ninguém precisou pedir.

Ethan parou de andar.

— É diferente.
— Por que?
— Por que eu a... — Ethan preferiu não continuar a frase que iria dizer por impulso — Bom, você não entenderia.

Voltou a andar deixando Margareth curiosa sobre o que ele diria na frase anterior, mas ela logo voltou a ler o livro antes que mais alguem chegasse ali para a atrapalhar.
Ethan seguiu para o quarto  4B-1, este ficava no fim do corredor perto as escadas. A porta estava entre aberta, ele a empurrou lentamente tentando fazer o minimo de barulho possível. Levou a cabeça para a frente e teve a visão de todo o quarto, sobre a cama havia um senhor de idade, estava dormindo. Ethan então voltou seu corpo para trás e puxou a porta para a fechar.
— Oi — disse o homem sobre a cama, Ethan abriu novamente a porta.
— Desculpe, não queria te acordar.
— E não acordou — o homem sentou-se na cama.
— Vim até aqui ver se precisava de alguma coisa.
— Não quero ser um incômodo, meu jovem.
— Mas não é, se precisar de qualquer coisa é só pedir que eu irei atender.
— Pode me trazer um copo de água.
— Claro, sem problema algum.

Ethan encostou a porta na parede e saiu em busca de água para aquele senhor de idade, foi ao bebedouro levando o copo que havia pegado no quarto.
O encheu de agua e voltou ao quarto.

— Aqui está — entregou a agua ao homem.
— Obrigado.
— Vou limpar todo o corredor aqui fora, se precisar é só me chamar. Meu nome é Ethan.
— O meu é Adalberto. Mas me chamam de Beto, é menos cansativo — disse enquanto bebia toda a água em um gole único.
— Então o chamarei de Beto.
— Bom, pelo menos eu acho que este é o meu nome. A idade avançada nos faz esquecer quase tudo, e o pior, fazem as pessoas se esquecerem de nós.
— Sei bem — Ethan voltou até a porta — Quando quiser mais água é só chamar.
— Eu tenho uma fazenda, certa vez estava tomando café perto a um celeiro, estava anoitecendo. Tinha o costume de ver todos os meus animais antes de ir dormir, então ouvi um barulho agudo, tão agudo que fez eu me ajoelhar com a mão nos ouvidos. Quando esse barulho infernal parou, minha esposa, Amélia. Saiu pela porta da casa principal, usando um vestido florido horrível. "Beto, Beto, que diabos foi isso?" perguntou ela me olhando. "Volta pra dentro diacho" gritei e ela me obedeceu. Peguei meu chapéu que havia caído no chão e dei a volta no celeiro indo em direção ao curral das minhas vacas. O que eu vi me deixou sem palavras.

A Garota Em ComaWhere stories live. Discover now