Capitulo 16

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- Amanhã vão querer saber quem fez isso - Mencionou Vanda, olhando para o corpo obeso do homem desmaiado.
- É, mas ninguém vai descobrir o que houve, porque ninguém vai contar. Porque se contar, as coisas vão ficar bem feias - Disse Julian em um tom ameaçador.
- Está me ameaçando? Se eu contar vocês dois vão sofrer muito e eu talvez até ganhe uma recompensa.
- Você não vai, não notou?
- O que?
- Nós dois viemos até a cozinha sem sermos notados. Chegar até o seu dormitório e te matar seria mais fácil ainda. E nem sabemos se esse gordo aí vai falar algo sobre o que aconteceu aqui. Talvez nem se lembre.

Vanda se levantou, segurando um dos pacotes de biscoito.

- Que seja, mas se ele se lembrar e isso cair nos ouvidos de Cassandra, eu é que não vou me arriscar por vocês.
- Nós nos arriscamos ao te ajudar.
- Eu não pedi a ajuda de vocês.

Foi a única coisa que disse, antes de sair da cozinha.

- Que vadia - Reclamou Julian.
- Julian.
- O que Ethan?
- O que é vadia?
- Pelo amor de Deus Ethan. Anda, vamos sair logo daqui antes que esse elefante acorde.
- Estou cheio.
- Graças a mim.

Voltamos aos dormitórios e cada um seguiu para o seu respectivo. Me deitei no chão e enfim consegui dormir, sorrindo por não estar com fome.
Pela manhã fomos despertados pelo som irritante de uma buzina, era Cassandra e meu coração gelou ao vê-la.
- Acordem vermes, temos uma reunião no alá de banho. Não me façam esperar ou já sabem.
Foi suas únicas palavras antes de deixar o lugar, dando passos delicados.
Eu segui os demais meninos até a ala de banho e todos os outros já estavam lá. Tanto meninos como meninas.
Peter também estava ali, ao lado de Cassandra e dois outros homens.
- Vou direto ao assunto - Disse Cassandra quase que gritando, para que todos pudessem ouvir - Hoje pela manhã encontramos um dos nossos funcionários no chão da cozinha, morto com uma faca cravada no olho. Qual de vocês fez isso?
Aquela pergunta me fez tremer, não havíamos matado aquele homem, apenas o deixamos inconsciente.

***

Ethan parou de falar e se
levantou, enquanto olhava fixamente para Elizabeth.

- Tenho que voltar ao trabalho, venho aqui antes de ir embora.

Ele levou a mão até o rosto dela, retirando alguns fios loiros de cabelo. Que insistiam em ficar caindo sobre o rosto da mulher. Em seguida usou a mesma mão para acariciar a bochecha de Elizabeth, estava quente. Não muito quente a ponto de ser preocupante, apenas estava quente.
Ficou alguns segundos perdido nos detalhes daquele belo rosto, não possuía estrelas como no céu, mas mesmo assim ainda era deslumbrante aos seus olhos, olhos de alguém que estava perdido e confuso em seus próprios sentimentos.
Ethan foi até a porta e viu que o chão estava seco, havia dois funcionários deixando um dos quartos.
Ele se virou e olhou Elizabeth mais uma vez, ela não estava na cama. Não havia nada além dos lençóis
- Mas... - Disse ele andando até a cama e olhando tudo a sua volta, a procura de Elizabeth.
- Ei, o que faz ai? - Perguntou um dos funcionários passando pela porta aberta e vendo Ethan se aproximar da cama.
- Eu - disse ele se virando para a porta - Estava - olhou novamente para a cama e Elizabeth estava lá - Apenas limpando tudo por aqui - olhou outra vez para todas as direções e voltou a fitar a cama onde a jovem dormia.
- Bom trabalho, o corredor esta bem limpo.
- Obrigado - Agradeceu, indo até a porta enquanto o funcionário andava até as escadas.

Ethan pensou em se virar para ver novamente se sua mente lhe pregaria outra peça, mas decidiu seguir a diante sem olhar para trás. Sabia que aquilo havia sido fruto de sua doença, temia que ela ficasse pior e ele começasse a duvidar da realidade.
Voltou ao primeiro andar e o corredor estava sujo por marcas de pés, papeis e embalagens de doces. Não entendia como as pessoas conseguiam sujar tudo com tanta rapidez.
O jeito agora seria varrer tudo outra vez e esperar o hospital ficar vazio para só assim lavar o chão.
Enquanto varria, pode ouvir alguem chamar seu nome. Olhou em todas as direções e não era Margareth, já que ela arrumava uma papelada.
Alguém chamou mais uma vez e só agora identificou a direção certa. Vinha da direita, onde havia um quarto. Era o de Beto e estava com a porta fechada.
Ethan foi até ele, abriu a porta.

- Oi, me chamou? - Perguntou Ethan já sabendo a resposta, mas por via das duvidas era melhor ter certeza.
- Sim, você é o único aqui nessa espelunca que esta me dando atenção.

Ethan sorriu.

- Procuro tratar as pessoas da maneira que eu gostaria de ser tratado.
- Poderia me trazer outro copo de água?
- Claro, não tem problema.

Ethan pegou o copo que estava no chão, ao lado da cama. Saiu para o corredor e se dirigiu até o bebedouro prateado. Encheu o copo e retornou até o quarto onde o homem aguardava ansiosamente para molhar sua garganta seca.

- Obrigado - Agradeceu Beto, pegando o copo e dando um gole único, acabando com todo o liquido transparente dentro do copo - Sabe, certa vez eu estava de frente para um lago perto a minha fazenda. Tentando pescar algo para o almoço. Nesse lago estava Harold, o pato da minha mulher. Tudo estava bem calmo, até a agua começar a fazer pequenas ondas e do fundo do lago começou a ser emitido barulhos estrondosos como os de trovões. Levantei rápido do chão, ainda empunhando a vara. Não demorou muito para que um peixe gigante saltasse com a boca aberta, em direção ao pato. Esse peixe tinha quatro chifres que se pareciam com galhos de árvores.
Não tive muito tempo para pensar, apenas saquei minha corda da cintura e...
- Você sempre tem uma corda na cintura? - Perguntou Ethan, interrompendo Beto que contava mais uma de suas experiências de vida.
- Claro, eu sou um grande cowboy. Depois vou te contar da vez em que eu lacei um tiranossauro, mas agora não interrompa. Você precisa ouvir o restante.
- Claro, prossiga - Ethan não conseguiu conter o sorriso, meio que duvidando de tudo aquilo.
- Peguei a corda e lacei o pescoço do pato, segundos antes do peixe o engolir e sumir lago abaixo. Ele começou a puxar a corda de um lado para o outro, mas eu não soltei. "Aqui é cabra macho, não é nenhum salmaozão que vai ganhar de mim" gritei, enquanto amarrava a corda envolta de uma árvore para me ajudar. Minha mulher saiu de casa rápido ao ouvir todo aquele barulho, "Beto, Beto, que diabos foi isso?" perguntou ela me olhando. "Volta pra dentro diacho" gritei e ela me obedeceu...

A Garota Em ComaWhere stories live. Discover now