Capitulo 28

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— Sabia que era a sua voz lá fora — disse o idoso sorrindo.
— Pessoal, venham aqui, quero lhes apresentar um amigo — chamou Ethan.
— Trouxe amigos? — perguntou Beto ao ver Kathy e Julian surgindo atrás de Ethan.
— Sim, eles estão me ajudando a salvar Elizabeth.
— Oi — Kathy entrou no quarto quase que atropelando Ethan e foi cumprimentar o senhor de idade. Já Julian ficou parado no mesmo lugar apenas observando tudo.
— Que jovem bonita — Beto devolveu o cumprimento.
— Bondade sua — Disse Julian na tentativa de irritar Kathy.
— E você meu jovem, quem é? — perguntou Beto vendo Julian atrás de Ethan, ainda do lado de fora do quarto — é o namorado dela?
— Hein? — Kathy fez cara de nojo — não, claro que não. Eu tenho bom gosto meu senhor — aquelas palavras arrancaram risos de Beto que logo após começou a tossir.
— Como assim bom gosto? — questionou Julian — se tivesse mesmo bom gosto estaria comigo, é obvio.

— Sonha amor, sonha.
— Você não é sonho, garota. É pesadelo. Muito irritante.
— Parem vocês dois — pediu Ethan vendo que o clima entre os amigos estava começando a esquentar.
— Ah não, eu estou gostando — comentou Beto — foi assim que eu me apaixonei pela minha véia, bons tempos.
— Cuidado todo mundo — pediu Ethan sorrindo — Beto está se preparando para contar alguma super história onde mais um de seus animais irá morrer.
— Está me tirando? — perguntou Beto fazendo cara de mal e cruzando os braços.
— Onde andou aprendendo essa linguagem, meu senhor? — perguntou Ethan vendo seu amigo se comportar como um adolescente.
— Um grupo escolar passou aqui no hospital mais cedo e eu já estou mucho entrosado com a nova geração, para a sua sabedoria.
— Você não tem jeito — Ethan riu.
— Pode me trazer água? Estou morrendo de sede, esse povo aqui me deixa largado e esquecido.
— Claro — Ethan pegou o copo da mão do senhor e saiu do quarto indo em direção ao bebedouro.

— Vocês parecem bem amigos — comentou Kathy.
— Ethan é o único que de mim, sempre conversamos quando ele está com tempo livre.
— Entendo, você não tem familiares?
— Não que se importem, minha família de verdade morreu a algum tempo.
— Sinto muito.
— Não sinta — Beto esbanjou um de seus sorrisos simpáticos — morrer não é de fato ser privado da vida, mas sim ser liberto da própria morte.
— Voltei — disse Ethan passando pela porta do quarto trazendo consigo o copo cheio de água.
— Obrigado — agradeceu o senhor enquando pegava o copo.
— Logo irei embora, mas amanhã voltarei firme e forte para o trabalho, me diga se alguém for mal com você.
— Foi um prazer conhece-lo — disse Kathy preparando uma pré despedida.
— Digo o mesmo, e não seja tão grossa com o seu namorado — Beto encarou Julian que por mais uma vez ficou sem reação.
— Você é bem atentado quando quer — Ethan sorriu ao ver a alegria estampada no rosto de Beto diante da rivalidade entre Kathy e Julian. Minutos depois os três deixaram o quarto e continuaram andando ruma a escadaria.

— Gostei dele — disse Julian.
— Você mal falou com ele — criticou Kathy.
— E desde quando é preciso falar com alguém para gostar?
— Desde quando eu disse que é.
— Ah claro.
— Já vão começar de novo? — perguntou Ethan ao chegar na escada, próximo a ela havia outro bebedouro e um extintor de incêndio que claramente não funcionava a um bom tempo.
— Odeio escadas — Reclamou Julian.
— Quer que eu te ajude? — perguntou Ethan.
— Ethan, eu disse que odeio, e não que não consigo subir.
—  O orgulho é foda meu povo — alfinetou Kathy enquanto começava a subir os degraus.
— Então tudo bem — Ethan a seguiu e em seguida Julian fez o mesmo sem muitas dificuldades. Estava acostumado e testas os limites de sua deficiência.
Já no segundo andar avistaram mais funcionários do que no primeiro.
— Aqui parece ter mais deles — comentou Kathy.
— E tem, aqui em cima ficam os pacientes mais necessitados.
— Droga — reclamou Julian ao subir o último degrau — aqui não tem elevador não é?

— Tem, mas é apenas para trazer os pacientes aqui pra cima. Deixe de ser preguiçoso.
— Mimimi.
— Então, qual quarto é o dela? — quis saber Kathy.
— Este — Ethan andou até uma das portas fechadas e a abriu revelando um local pouco iluminado. Seguiu até a janela do quarto e a abriu, trazendo luminosidade ao lugar e revelando a figura de Elizabeth sobre a cama de lençóis brancos.
— Caramba — disse Julian entrando rápido e esbarrando de propósito em Kathy — olha só esse rosto — continuou falando ao aproximar-se da cama — agora entendi o motivo da sua preocupação.
— Minha preocupação não tem nada haver com a beleza dela.
— Não ligue para ele Ethan — Kathy também se aproximou da cama — esse ai nunca entenderia algo assim.
— Quer fazer o teste? — perguntou Julian — você só precisa entrar em coma.
— É linda — Kathy ignorou o comentário de Julian.

— Ainda não sei como salva-la — Ethan estava confuso em relação aos seus próprios planos.
— Claro que sabe, vamos encontrar aquele cara e fazer ele dar um jeito nessa situação.
— Não temos garantia de que ele vai cooperar.
— Isso é verdade — confirmou Julian.
— Vocês são muito pessimistas, mesmo se ele não nos ajudar ainda há chances dela despertar. Né?
— Isso também é verdade — disse Julian andando até a janela, a vista dali era linda e tudo parecia muito calmo sem todo o estresse da cidade.
— É estranho trazer vocês aqui, isso tudo não é problema de vocês...
— Não começa — reclamou Kathy fuzilando Ethan com os olhos — isso também não é problema seu e mesmo assim você está fazendo tudo o que pode para ajudar uma desconhecida.
— Eu tenho que fazer isso — continuou ele enquanto desviava o olhar para o rosto de Elizabeth — não vou me perdoar se ela morrer.
— Você sempre foi assim, desde o orfanato — Julian lembrava-se bem das vezes em que seu amigo se colocava em perigo apenas para poder ajudar outras pessoas.

A Garota Em ComaOnde histórias criam vida. Descubra agora