Capitulo 17

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— Ethan — Alguém interrompeu a história outra vez, era Margareth parada perto a porta do quarto.
— Sim, precisa de algo Margareth?
— Conversar com você sobre algo.
— É muito urgente? É que eu estava aqui ouvindo o desfecho da histó...
— É sobre Elizabeth, a data em que os aparelhos serão desligados. Parece que mudaram ela.
Ethan ficou estagnado ao ouvir aquilo, seu coração disparou e um calafrio terrível percorreu todo o seu corpo.
— Mudaram? E será quando?
— Mais cedo do que você imagina.

Ethan ficou sem reação por alguns segundos, fitando o chão, várias perguntas passaram por sua mente mas ele se focou na mais importante naquele momento.
— Quando? Quando vai ser?
— Em menos de um mês.
— Eu não vou deixar isso acontecer.
— Não a nada que passamos fazer, talvez esse seja o destino dela Ethan.
— Não! O destino de uma pessoa não tem nada haver com escolhas que não foram tomadas por ela. Eu vou conseguir salvar aquela mulher — os olhos de Ethan começaram a lacrimejar — eu.. De maneira alguma vou permitir isso.
— Você é uma pessoa muito boa, sei que isso é muito triste mas não existe outra maneira de lidar com uma situação assim.
— Não importa o que digam, eu vou salvar ela — Ethan olhou fixamente para os olhos de Margareth.
— Por que? Por que se importa tanto assim com alguém que mal conhece?
— Isso vai além da compreensão de qualquer um, você falou em destino, então talvez ele tenha me trazido até aqui para fazer algo de bom para aquela mulher. Você sabe sobre mim, sobre a minha doença.
— É, eu sei.
— Quando eu estou conversando com Elizabeth, mesmo que ela não me ouça, por alguns minutos eu me sinto curado de tudo isso. Curado de qualquer doença, curado de qualquer ferida do meu passado.
Eu não me sentia assim há muito tempo, sei que isso parece loucura porque ela nem sabe que eu existo, mas eu sei de sua existência e isso já é o suficiente para me fazer lutar pela vida dela.

— Nossa.
— Você pode escolher cruzar os braços, ou pode tentar me ajudar nisso.
— Ajudar? Como?
– Eu andei pensando, você me disse que a avó dela assinou os papéis em relação aos aparelhos.
– Sim.
— Sabe o endereço dela?
— Deve estar arquivado, posso procurar. Mas isso ajudaria em que?
— Pensarei nisso quando estiver cara a cara com ela, talvez haja uma maneira de reverter tudo isso.
— Você está certo - dessa vez quem falou foi Beto, que escutava toda a conversa já que ela acontecia na porta de seu quarto - não desista da garota.
— Eu não vou — disse Ethan fazendo sinal de positivo.

Os minutos se passaram enquanto ele limpava os corredores, suas próprias palavras o deram a esperança de que conseguiria cumprir seu objetivo de salvar Elizabeth. Mas ao mesmo tempo estava assustado com a insegurança, uma guerra de sentimentos havia sido travada dentro de seu corpo e ele não fazia a menor ideia de qual lado iria vencer.
Subiu para o segundo andar antes de ir embora para casa, não podia sair do hospital sem antes se despedir de Elizabeth.
Ele adentrou no quarto e se certificou de que tudo estava confortável para ela.
– Eu já vou embora, amanhã não virei trabalhar então achei apropriado vir aqui me despedir de você — Ethan se sentou na beira da cama, próximo ao rosto de Elizabeth — vou ir até a casa da sua avó, preciso conversar com ela sobre você, o hospital decidiu desligar seus aparelhos em menos de um mês, mas não se preocupe. Tenho certeza que vou conseguir reverter essa situação e salvar você.

Ethan segurou a mão de Elizabeth.

— Ainda tenho tanta coisa para te contar, como eu escapei do orfanato com Julian, como eu consegui algumas medalhas no exercito e minha expulsão dele devido a doença. Ah, também tem as histórias da fazenda, sim, eu voltei para a fazenda do meu pai. Quero tanto que você saiba de tudo isso, então vou arrumar uma maneira de te salvar ou até mesmo prolongar o tempo para que você acorde.

Ethan se levantou e arrumou o cobertor de Elizabeth, ficou a olhando por alguns segundos antes de tomar coragem para deixar o quarto.
Desceu as escadas e cruzou o longo corredor indo em direção a recepção.

— Encontrou? — perguntou ele a Margareth.
— Fica me devendo essa, não sou de ficar fazendo boas ações — disse ela, o entregando um papel com todas as informações que ele precisava.
— Sei que não gosta de fazer boas ações, por fora é claro, porque por dentro é um amor de pessoa.
— Vai nessa então.
— Tenha um bom início de noite.
— Bom mesmo só quando eu for embora descansar.

Ethan saiu do hospital e o céu estava estrelado, havia um casal sentado em um dos bancos de pedra e por alguns segundos ele pensou em como seria se fosse ele e Elizabeth. Também viu algumas outras pessoas andando pela calçada, hoje estava mais movimentado do que nos dias anteriores.
Começou a andar seguindo para o ponto de ônibus e se lembrou de que havia prometido ir na festa de Kathy, até se animou com isso, decidiu pedir a ajuda dela com os planos que rondavam a sua mente em relação a avó de Elizabeth.
Alguns minutos depois, Ethan havia embarcado no ônibus e estava sentado em um dos assentos que ficavam próximos as janelas, por elas, ele observava a movimentação nas ruas e calçadas, estabelecimentos e becos escuros.

A Garota Em ComaOnde histórias criam vida. Descubra agora