Better Than Revenge

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Nesse momento tenho duas opções. Posso simplesmente continuar andando e ignorá-lo, isso expressaria a repugnância que sinto por ele, além de retribuir toda grosseria que já fez comigo. Ou posso esperar Namjoon vir até mim e ouvir o que tem a falar. Qualquer menina da escola optaria pela segunda opção. É justamente por isso que escolho a primeira.

- ESPERA, POR FAVOR!

Sou insensível e tenho o emocional de uma pedra, então dadas às circunstâncias eu prosseguiria o que estava fazendo. Porém, continuo sendo uma menina qualquer da escola, por isso decido parar e ouvir ele.

- Pois não?

Coloco em meu rosto a expressão mais azeda que possuo e espero que Namjoon entenda.

- Você também está no terceiro ano, certo?

- Nossa, provou que como qualquer criança do jardim de infância sabe fazer uma conta matemática.

- Sei que mereço isso pelo jeito que agi com você, mas preciso de sua ajuda.

- É uma pena que eu não estou disposta a ajudá-lo. - viro de costas, ele segura meu braço.

- Me desculpa, tá bom? Desculpa. Foi maneiro quando rasgou minha detenção, você toca bem guitarra, Taehyung, Hoseok e Jungkook não param de falar sobre como você é legal.

- Tem cinco segundos pra falar o que quer.

- Eu preciso fazer uma pesquisa, um trabalho extra sobre Gandhi. Jungkook disse que você é muito inteligente e está até agora tentando descobrir como só tira notas suficientes para passar de ano.

- Então, olhe como a vida é irônica. Você precisa da minha ajuda para um trabalho e acha que algumas mentiras vão me convencer? Acha que elogios vão me comprar? Acha que vou esquecer tudo que você fez? Eu não sou uma daquelas meninas que babam por você. Não pretendo mexer um dedo pra colaborar. Boa sorte. E, eu já ia me esquecer, avise pro Jungkook que a prova tem dez questões, faço apenas sete. Tenho preguiça. Queria dizer que foi bom falar com você, mas não nasci com um talento para mentir igual ao seu. Até mais.

Talvez eu tenha falado demais, ou sido grossa demais, mas eu não ligo. Às vezes as pessoas precisam escutar algumas palavras duras para perceberem que não são o centro do mundo. E além do mais, a vida não é justa.

Estou tentando dormir, mas o calor não permite. Meu cabelo gruda na nuca e o lençol se prende em minhas coxas. Não ligo o ventilador pois seu barulho me irrita. Eu não tenho um ar condicionado em meu quarto. Tateio a mesa de cabeceira e acho meu celular. Minhas pulseiras batem em sua tela e fazem um barulho engraçado. Há uma nova mensagem, provavelmente da operadora porque ninguém tem meu número além dos meus pais. Desbloqueio e celular e abro a mensagem. Remetente desconhecido.

<"Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor." - Shakespeare.

Com carinho, do seu admirador secreto.>

Que diabos é isso? Não consigo parar de rir e temo que meus pais acordem. Nunca achei que seria alvo de uma pegadinha das meninas populares. Mas provavelmente é só algum tipo de vingança do Namjoon.

Clico em "responder".

<Que engraçado, parece que alguém anda sem sono e resolveu perturbar os outros.>

Envio. Namjoon vai pagar por isso. Não há nada que eu faça melhor do que vingança.

É sábado. Meus olhos exibem olheiras roxas. Abro o armário, pego um moletom, um short e um All Star. Visto logo após tomar banho. Procuro pelo quarto um elástico para prender meu cabelo e depois que acho faço um coque alto desarrumado. Olho no espelho. Minha cara me assusta. Vou até minha estante e pego uma bolsa, lá dentro tem maquiagens. Não faço isso com muita frequência, mas ás vezes tenho vontade. Passo corretivo e rímel, o suficiente. Se você acha que vou fazer alguma coisa especial hoje, não se anime. Só vou estudar com Jungkook. Mas como sua mãe, sua irmã, seu padrasto e os meninos vão estar em casa, quero ter uma aparência decente. Passo perfume, não quero que eles sintam cheiro de cigarro por mais sutil que seja. Talvez esteja exagerando na produção, mas não dou à mínima.

Chego à familiar casa branca. É estranho encará-la sem um garoto ao meu lado. Toco a campainha. Uma menina com cabelos avermelhados que nunca vi abre a porta.

- Você deve ser a Yuri...

- Sim. - mostro a ela o sorriso mais gentil que tenho.

- Sou Ji Hyun. Irmã mais velha do Jimin e do Jungkook

- Prazer, Ji Hyun.

- O prazer é meu, entre. MÃE! A amiga do besta tá aqui!

Amiga do besta, bela maneira de me chamar.

Uma mulher por volta dos quarenta anos aparece na sala. Ela tem cabelos castanhos e exibe um sorriso acolhedor, igual de Jimin. Usa uma calça jeans com corte de loja de departamento, uma blusa de manga rosa e uma pantufa do Mickey. Eu daria tudo para ter uma mãe assim.

- Olá, eu sou Shinhye, mãe dos meninos.

- Sou Yuri, prazer em conhecê-la.

Estou incrivelmente educada hoje.

- O prazer é meu. Jungkook está no quarto dele, sabe onde fica?

- Na verdade não.

E nesse momento percebo que só conheço a sala, a cozinha e a garagem. Imagino como devem ser os outros cômodos.

- Suba a escada, primeira porta a direita.

- Obrigada.

Sigo as instruções. A escada dá em um corredor com seis portas. Bato na primeira da direita.

Jungkook abre. Usa óculos pretos e suas bochechas estão vermelhas, como se estivesse com vergonha. Passa a mão no cabelo e percebo o quanto ele é bonito para um menino de quinze anos.

- Oi, Kookie.

Apesar de conhecê-lo há meses já o considero meu irmão. Ele e Hoseok são meus melhores amigos. Gosto de Taehyung também.

- Oi, Yu. Pode entrar...

Ele fecha a porta atrás da gente.

- O que aconteceu?

- Nada. Você tá diferente... Você se maquiou?

- Não fuja do assunto, o que aconteceu?

- Você se maquiou?

- Caramba, sim. Agora pode me contar o que aconteceu?

- É melhor você se sentar.

Almost ParadiseWhere stories live. Discover now