Almost Paradise

Love Is Easy

Tenho sonhos transtornados. Pesadelos. Só percebo que dormi quando acordo aos berros e chorando. Jungkook está do meu lado. Ele é inteligente o suficiente para não perguntar se tudo está bem. A vida me mostrou o mais perto que podia chegar a ser boa para em seguida me mostrar o quão ruim pode ser.

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Ainda não consigo evitar as lágrimas. As outras casas da rua estão coloridas por luzinhas e decoradas com enfeites vermelhos. Pela janela consigo ver a árvore de Natal do vizinho montada. A única parte boa dessa época do ano é não ter aula. O telefone toca. É Shinhye.

- Oi, Yu! Está melhor?

Ela tem sido como uma mãe para mim. Vem me visitar praticamente todo dia. Às vezes vem acompanhada de Jimin, outras de Jungkook e já chegou até a trazer Namjoon. Ji Hyun também veio uma vez. Shinhye faz biscoitos pra mim, aluga filmes para assistirmos, me leva ao shopping e ao mercado.

- A medida do possível sim. O tempo vai tornando tudo menos doloroso, mas algumas feridas são profundas demais para sarar.

- Quando você perde alguém que ama tem que ficar firme. Olhe pela a janela e lembre-se que a vida continua.

- Olho pela janela e vejo um pinheiro cheio de presentes.

- Bom, eles não são ruins também. Dizem que representa esperança, prosperidade, essas coisas natalinas. E muito bem lembrado, foi para isso que liguei. Gostaria de passar a ceia de Natal com a gente?

- Eu pensei que vocês...

- Comemoramos o Natal mesmo assim. Gostamos de peru e pisca-piscas.

- Tudo bem então, obrigada pelo convite.

- Disponha. Nos vemos amanhã, se precisar de alguma coisa pode ligar para cá.

Desligamos.

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Preciso de uma roupa para o Natal então eu, Shinhye e Ji Hyun vamos fazer compras no dia seguinte. Acabo levando uma saia com tachinhas de diferentes formas e tamanhos. É muito bonita. A blusa é bege e possui certa transparência. Talvez bege seja minha cor preferida para ocasiões formais. O sapato é amarelo.

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Hoje é dia 24. Meus lábios estão rachados por causa do frio. Minha pele parece branca demais. As paredes protestam em silêncio. Cada passo dado faz a madeira do chão reproduzir um rangido. A insegurança domina meus pensamentos. Eu não queria ser uma intrusa numa ceia de Natal. Mas não vou ser a única e agradeço a Namjoon por isso. Vou até a cozinha, cenário da maioria das brigas dos meus pais. Reprimo o choro. Não vou mais gastar minhas lágrimas.

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A porta me encara. As alças das sacolas que seguro roçam nas palmas de minhas mãos. Toco a campainha. Ouço o barulho da chave destrancando a fechadura. Pela primeira vez é Geum Suk que atende. Me recebe com um sorriso e um meio abraço.

- É bom ver você aqui, querida.

- Digo o mesmo.

Me guia até a sala. Shinhye está colocando aperitivos na mesa. Uvas, nozes, amendoins, rabanadas e chocolate. Vou até ela e a abraço. Ela ri.

- Seja bem vinda! Deixe os presentes naquele canto perto do sofá. Os meninos ainda estão lá em cima, se puder fazer com que desçam...

- Claro!

Coloco os presentes no lugar indicado e subo as escadas o mais rápido que consigo usando sapatos altos. Pelo barulho presumo que estão no quarto de Jungkook. Abro a porta sem bater. Olham para mim surpresos.

- Oi gente!

- Oi, Yu! - Kookie parece uma criança empolgada que acabou de ganhar um pirulito grande e colorido.

- E aí?

Jimin levanta da cama em um pulo. Seus braços quentes descobertos me recebem.

- Vocês não precisam ficar fazendo essas coisas de casal apaixonado na frente dos outros... - comenta Namjoon.

Nos rimos, mas faço um sinal obsceno com as mãos nas costas de Jimin. Kookie solta uma gargalha, Namjoon exibe um sorriso do tipo "eu não esperava isso de você".

- Sua mãe pediu pra descerem, ela já está pondo a mesa.

Kookie e Namjoon saem correndo pela porta, acho que estão disputando corrida. Talvez estejam com bastante fome.

Olho para cima e encaro Jimin. Ele é pelo menos dez centímetros mais alto que eu. Não que isso me incomode.

- Não quero atrapalhar o momento em família de vocês...

- Cale a boca, você agora é da família também.