06 - A família

391 32 5
                                    

[Música do capítulo: New Empire: A little braver]

Amelie Cooper

Era domingo, o dia do maldito almoço com a família do Daryl.

Tomo um banho e me perfumo. Visto o vestido que Eric escolheu para mim e o completo com um salto preto. Um pequeno colar dourado com um pingente brilhante se assenta em meu pescoço. Uma leve maquiagem para completar o visual.

Olho-me no grande espelho que tinha no closet, e me sinto satisfeita pelo o que vejo: Outra eu.

Barulho de palmas ecoa pelo grande quarto. Daryl se aproxima bem vestido em sua camisa social azul claro e sua skinny que se ajustava perfeitamente em suas torneadas coxas.

- Agora sim você está se parecendo uma verdadeira Ulric! Está linda. – Ele fica atrás de mim, apoia seu queixo em meu ombro e rodeia minha cintura com seus braços.

Tento recuar devido ao contato repentino daquele imbecil, mas ele me aperta contra seus músculos e sussurra em meu ouvido "Não faça nada idiota hoje, ratinha".

Eu encaro o seu reflexo no espelho. Ele realmente era lindo, porém era um grande idiota que não respeitava nem a ele mesmo.

Descemos a torturante seção de escadas infinitas, e realmente fazer isso em cima de um salto agulha não é lá muito confortável nem recomendado.

Finalmente entramos no automóvel e seguimos em direção a tal casa dos meus tais sogros. Confesso que estava ansiosa pensando no que eles iriam achar de mim, mas, também apreensiva. E se eles fossem iguais ao Daryl com a mesma crueldade e a mesma cara sínica de deboche?

Suspiro fundo tentando afastar meus pensamentos enquanto nos direcionamos a uma construção enorme, e adivinhem: negra, assim como o castelo do Daryl.

- É algum fetiche? – pensei alto demais.

- O que? – Daryl pergunta direcionando seu olhar para mim.

- Essa coisa de castelos, jardins mortos, armaduras de cavalheiro e claro: muita coloração preta presente. – eu disse por fim.

- Guarde sua idiotice para si mesma. – ele disse enquanto abria a porta do carro e saia.

Eu realmente fiquei surpresa quando ultrapassei os portões daquele castelo. Tinham jardins vívidos e coloridos e uma bela jovem acariciava as pétalas das rosas com tanto cuidado como se pudessem sumir devido ao seu toque. Ela era dona de cabelos cacheados que ultrapassavam o limite das suas costas e, tinha uma pele de boneca: pálida e sem mancha alguma.

- Larisa! – chamou Daryl com uma emoção que nunca havia ouvido em sua voz.

- Oh Daryl! – ela veio correndo abandonando o jardim passando naquele caminho de flores, rosas e grama. – Meu irmão!

Irmão? Mas eu não a vi no casamento.

- Estava morrendo de saudade da minha maninha! – Tá, eu não conheço esse Daryl. – Como está você, onde estão os outros?

- Nossos pais estão na sala de estar esperando vocês. O Enrique deve estar enfurnado em algum canto da casa. – ela disse em um tom de deboche – Então essa é a sua esposa? Prazer! Sou a Larisa. – ela disse com doçura.

Confesso que pisquei os olhos umas cinco vezes tentando acreditar que ela era irmã dele. Tá que eles se parecem, tirando os olhos cor de mel e a doçura nas palavras.

- P-Prazer, - disse gaguejando ainda surpresa – Sou a ratin... Amelie. – disse por fim. Realmente eu já estava aceitando aquele apelido ridículo que esse idiota deu para mim.

Larisa bateu suas pestanas enormes para mim. Suas bochechas rosadas emanavam fofura e doçura, o que realmente ela aparentava ser.

- O prazer é todo meu. Finalmente irei ter alguém para conversar. – Ela disse vindo em minha direção e cruzando nossos braços.

De primeira eu gostei dela. Parece que encontrei uma nova amiga.

Entramos na propriedade. Os pais de Daryl estavam sentados no sofá cinza que aparentava ser couro natural. Toda decoração daquele ambiente emanava riqueza e refinamento. Quadros com mapas em detalhes dourados e pinturas antigas, armaduras medievais, espadas cruzadas, vasos bem cinzelados e um lustre enorme pendurado no teto alto daquele cômodo. Realmente eles exalavam ser da realeza.

- Ora, ora! Amelie, finalmente chegou. – A senhora que trajava um vestido preto em detalhes azuis bebê veio em minha direção de braços abertos e com um sorriso estampado no rosto. – Sou Midora, a mãe desse imbecil. – ela disse e eu ri internamente. Se a mãe disse quem sou eu para dizer o contrário.

- É um prazer conhece-la senhora. – eu disse.

- Não me trate por senhora! Assim me faz parecer uns quarenta anos mais velha. Trate por Midora mesmo. – eu assenti com um sorriso.

Agora entendo quem Larisa puxou. A simplicidade de Midora era algo realmente inesperado. Não havia nada da aspereza que Daryl me passava, nem da arrogância e nem ignorância. Era como se fossem água e óleo. Os mesmos olhos castanhos pintavam suas retinas, mas o cabelo era escuro como a noite. Seu sorriso emoldurava-se em seu rosto harmonicamente a fazendo parecer irmã de Larisa, e não mãe.

E por fim o pai dele se levanta do sofá e vem em nossa direção.

- Finalmente tomou a responsabilidade dos negócios, seu patife! – disse ele.

- Este é Philipi. Desculpa a falta de educação do meu marido, agora você pode ver de onde veio tamanha paspalhice! – Disse Midori com uma expressão dramática.

E realmente ela tinha razão. Daryl era a cópia fiel do pai, como o sorriso insolente e os olhos desafiadores em conjunto aos fios loiros bagunçados, as maçãs do rosto avantajadas, a barba por fazer e o nariz bem esculpido. Eu diria que eram irmãos se não fossem os poucos cabelos brancos e as rugas subjacentes no rosto de Philipi.

- Cala-te mulher! Essa Midori às vezes fala demais. Seja bem-vinda a esta família de malucos, Amelie. – acabei de mudar meu conceito sobre este homem. Acho que a idade o fez ficar menos ranzinza.

- Cadê o Enrique? – perguntou Daryl.

- Você sabe como aquele outro idiota é. Ou está dormindo em algum canto da casa, ou está flertando com as empregadas. – disse Midori.

- Quem está flertando com quem, mamãe? – uma voz grave ecoa pela sala. Um jovem rapaz de cabelos negros e olhos claros desce as escadas lentamente. Meus olhos como magnetismo ficam presos aos deles. É como se ele fosse o Daryl, só que dez vezes pior.

- Venha meu filho conhecer sua cunhada!

- O novo brinquedo do Daryl, você quer dizer. Já conheci tantos que nem sinto mais vontade de olhar na cara. – ele disse finalmente chegando ao fim das escadas e se posicionando em minha frente.

- Olha a língua! – interferiu Philipi – Isso é jeito de tratar sua cunhada?

- Que se dane. – ele finalmente quebrou o contato magnético de olhares e seguiu para a porta da frente passando pela mesma com toda a tranquilidade do mundo.

Realmente as minhas expectativas em metade estavam certas. Terei uma longa jornada com essa família.

Casada com um Vampiro - Livro 01 (Série Universo Ulric) [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora