[Música do capítulo: Starset - Telescope]
★Enrique Ulric★
Dois dias se passaram e eu pude ver de perto o estrago e a recuperação da Amelie. Era realmente assustador o que o sangue de vampiro poderia fazer com o objetivo medicinal no corpo humano.
Ela pôde se salvar graças a esse sangue amaldiçoado que carregaremos por toda eternidade, e que agora corre nas veias dessa pobre garota.
Eu não faço o gênero de mocinho, bondoso e carinhoso, mas, eu realmente tenho pena da confusão que ela se meteu. Mas por um lado ela teve sorte. Se não fosse o sangue de vampiro, ela provavelmente ficaria paraplégica, isso sendo otimista.
— Como ela está? — entrou Isabel com uma bacia de água morna e toalhas brancas.
— Está melhorando. Relaxa, não a deixarei morrer. — disse e então ela se retirou do quarto.
Daryl finge que não se importa, como sempre. Finge estar alheio a tudo, e finge não ligar para nada. Ele é meu irmão e eu o conheço muito bem.
O tormento está voltando e com ele toda a dor do passado.
Há dois dias ele está no telhado sentindo o frio da neve adentrar os poros da sua pele fria e pálida, como se não fizesse nenhum efeito, e na real, não faz. Está remoendo tudo que um dia lhe fez mau. E eu faço o mesmo. Esse é o nosso inferno pessoal.
★Daryl Ulric★
Maldita seja!
Eu jurei a mim mesmo que isso não me abalaria, mas seu jeito, seu olhar, como fala e até mesmo como respira me lembra aquela desgraçada. Séculos se passaram e isso ainda me afeta. Lembranças de uma morta, isso é patético.
Resolvo sair do meu confinamento e me decido ver como aquela idiota está. Eu a avisei para não sair, e isso é o que eu ganho em troca.
Encontro a janela da varanda aberta e resolvo entrar por lá e me deparo com um Enrique com uma toalha úmida entre as mãos, passando gentilmente pelo dorso da mão pálida da ratinha.
- O que pensa que está fazendo? – eu digo o assustando.
- Você é cego por acaso? – ele responde ríspido.
- Não, por isso estou perguntando o que quer com isso. Ela não é seu bichinho de estimação.
- Infelizmente é o seu, mas lembre-se que eu sou o médico aqui.
- Mas foi eu quem salvou a vida dela – eu retruco.
- Sabendo das consequências... Se odeia tanto assim que eu a toque, então venha cuidar da sua esposa e fazer o seu papel como marido dela. Eu não tenho obrigação. – ele diz jogando a toalha no chão e se dirigindo a porta.
- Você pensa que eu não sei o que se passa nessa sua cabeça? – eu digo entre dentes.
- Eu tenho total consciência disso, assim como não preciso do seu dom idiota para saber o que se passa na sua. Amelie não é ela, não desconte seu desprezo nessa pobre mulher. – e então ele sai andando me deixando atônito em frente a porta.
Eu relaxo meus músculos tencionados pela raiva e respiro fundo massageando as têmporas. Como esse desgraçado ousa?
- Da-Daryl? – eu ouço uma voz baixa me chamar e imediatamente me direciono para a cama aonde a ratinha estava deitada.
- Finalmente acordou imbecil. Vou chamar o seu amiguinho otário para ver você. – digo e saio do quarto.
Desço para a sala de estar e encontro o Enrique namorando com os olhos uma das minhas garrafas de uísque.
- A ratinha acordou. Ops, sua amiguinha acordou. - digo indo em direção a porta – E não ouse tocar em minhas bebidas.
Elas eram o meu consolo quando as lembranças eram fortes e vívidas demais. De certo jeito me anestesiavam, mesmo que fossem por pouco meros minutos, mas eram os minutos mais relaxantes da minha vida.
Quero encontrar Victória, preciso descarregar a minha raiva e aquela mulher sabe muito bem como relaxar um homem.
★Amelie Cooper★
- Você se lembra de alguma coisa? – saio do transe com o Enrique me chamando.
Eu não me lembrava de muita coisa. Um resquício de muita dor e de ver o Daryl o que era claro demais pra mim que eu estava delirando.
- Acho que estou delirando. Eu vi o Daryl me ajudar enquanto terra e pedras caiam por suas costas e, ele me encarava com aqueles olhos verdes que pareciam... Preocupados. – eu digo um pouco embolado.
- Talvez não delirou em tudo. É verdade que o Daryl te ajudou, foi ele quem te trouxe, mas foi eu quem te salvei. – ele diz convicto com um sorrisinho de lado – Eu sou o melhor médico do mundo!
Eu estava estranhando o Enrique. Esses irmãos Ulric são estranhos, isso sim. Um é mau humorado faça sol ou faça chuva, outro é bipolar, isso porque eu os conheço a pouco tempo.
- Obrigada por me salvar mais uma vez. – eu disse enquanto ele enfiava a agulha no meu braço.
- Só tente não fazer besteiras e nem ser um incomodo. – ele diz, voltando a ser sério de novo.
Eu já estava cansada disso e então eu senti meus olhos pesarem, e uma eterna escuridão tomar conta das minhas pálpebras e enfim o sono me tomar por completo.
"Escolhida, você foi escolhida. Você carrega o sangue, e ele está se ativando em suas células. Acorde! Acorde! Não há tempo. A destruição está chegando e uma grande guerra se aproxima."
E então eu acordei desesperada. "Um sonho, foi somente um sonho." Eu tento mentir para mim mesma, com uma voz horrorosa estrondando dentro da minha cabeça. "Você sabe que não é um sonho, pequena Amelie. Talvez esteja louca, mas isso você sempre foi." E então eu grito, grito para os quatro ventos para quem puder escutar perceber que estou assustada.
— Eu sou louca!
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Casada com um Vampiro - Livro 01 (Série Universo Ulric) [HIATUS]
VampireAmelie Cooper foi oferecida como pagamento de uma grande dívida que seu pai tinha com vampiros. Daryl Ulric, filho mais novo dos Ulric's tem seu destino traçado por sua família, onde ele será obrigado a se casar com a jovem Amelie. Ela não sabe que...