13 - Uma dose de uísque e loucura

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[Música do capítulo: Starset - Telescope]

Enrique Ulric★

Dois dias se passaram e eu pude ver de perto o estrago e a recuperação da Amelie. Era realmente assustador o que o sangue de vampiro poderia fazer com o objetivo medicinal no corpo humano.

Ela pôde se salvar graças a esse sangue amaldiçoado que carregaremos por toda eternidade, e que agora corre nas veias dessa pobre garota.

Eu não faço o gênero de mocinho, bondoso e carinhoso, mas, eu realmente tenho pena da confusão que ela se meteu. Mas por um lado ela teve sorte. Se não fosse o sangue de vampiro, ela provavelmente ficaria paraplégica, isso sendo otimista.

— Como ela está? — entrou Isabel com uma bacia de água morna e toalhas brancas.

— Está melhorando. Relaxa, não a deixarei morrer. — disse e então ela se retirou do quarto.

Daryl finge que não se importa, como sempre. Finge estar alheio a tudo, e finge não ligar para nada. Ele é meu irmão e eu o conheço muito bem.

O tormento está voltando e com ele toda a dor do passado.

Há dois dias ele está no telhado sentindo o frio da neve adentrar os poros da sua pele fria e pálida, como se não fizesse nenhum efeito, e na real, não faz. Está remoendo tudo que um dia lhe fez mau. E eu faço o mesmo. Esse é o nosso inferno pessoal.

Daryl Ulric★

Maldita seja!

Eu jurei a mim mesmo que isso não me abalaria, mas seu jeito, seu olhar, como fala e até mesmo como respira me lembra aquela desgraçada. Séculos se passaram e isso ainda me afeta. Lembranças de uma morta, isso é patético.

Resolvo sair do meu confinamento e me decido ver como aquela idiota está. Eu a avisei para não sair, e isso é o que eu ganho em troca.

Encontro a janela da varanda aberta e resolvo entrar por lá e me deparo com um Enrique com uma toalha úmida entre as mãos, passando gentilmente pelo dorso da mão pálida da ratinha.

- O que pensa que está fazendo? – eu digo o assustando.

- Você é cego por acaso? – ele responde ríspido.

- Não, por isso estou perguntando o que quer com isso. Ela não é seu bichinho de estimação.

- Infelizmente é o seu, mas lembre-se que eu sou o médico aqui.

- Mas foi eu quem salvou a vida dela – eu retruco.

- Sabendo das consequências... Se odeia tanto assim que eu a toque, então venha cuidar da sua esposa e fazer o seu papel como marido dela. Eu não tenho obrigação. – ele diz jogando a toalha no chão e se dirigindo a porta.

- Você pensa que eu não sei o que se passa nessa sua cabeça? – eu digo entre dentes.

- Eu tenho total consciência disso, assim como não preciso do seu dom idiota para saber o que se passa na sua. Amelie não é ela, não desconte seu desprezo nessa pobre mulher. – e então ele sai andando me deixando atônito em frente a porta.

Eu relaxo meus músculos tencionados pela raiva e respiro fundo massageando as têmporas. Como esse desgraçado ousa?

- Da-Daryl? – eu ouço uma voz baixa me chamar e imediatamente me direciono para a cama aonde a ratinha estava deitada.

- Finalmente acordou imbecil. Vou chamar o seu amiguinho otário para ver você. – digo e saio do quarto.

Desço para a sala de estar e encontro o Enrique namorando com os olhos uma das minhas garrafas de uísque.

- A ratinha acordou. Ops, sua amiguinha acordou. - digo indo em direção a porta – E não ouse tocar em minhas bebidas.

Elas eram o meu consolo quando as lembranças eram fortes e vívidas demais. De certo jeito me anestesiavam, mesmo que fossem por pouco meros minutos, mas eram os minutos mais relaxantes da minha vida.

Quero encontrar Victória, preciso descarregar a minha raiva e aquela mulher sabe muito bem como relaxar um homem.

Amelie Cooper★

- Você se lembra de alguma coisa? – saio do transe com o Enrique me chamando.

Eu não me lembrava de muita coisa. Um resquício de muita dor e de ver o Daryl o que era claro demais pra mim que eu estava delirando.

- Acho que estou delirando. Eu vi o Daryl me ajudar enquanto terra e pedras caiam por suas costas e, ele me encarava com aqueles olhos verdes que pareciam... Preocupados. – eu digo um pouco embolado.

- Talvez não delirou em tudo. É verdade que o Daryl te ajudou, foi ele quem te trouxe, mas foi eu quem te salvei. – ele diz convicto com um sorrisinho de lado – Eu sou o melhor médico do mundo!

Eu estava estranhando o Enrique. Esses irmãos Ulric são estranhos, isso sim. Um é mau humorado faça sol ou faça chuva, outro é bipolar, isso porque eu os conheço a pouco tempo.

- Obrigada por me salvar mais uma vez. – eu disse enquanto ele enfiava a agulha no meu braço.

- Só tente não fazer besteiras e nem ser um incomodo. – ele diz, voltando a ser sério de novo.

Eu já estava cansada disso e então eu senti meus olhos pesarem, e uma eterna escuridão tomar conta das minhas pálpebras e enfim o sono me tomar por completo.

"Escolhida, você foi escolhida. Você carrega o sangue, e ele está se ativando em suas células. Acorde! Acorde! Não há tempo. A destruição está chegando e uma grande guerra se aproxima."

E então eu acordei desesperada. "Um sonho, foi somente um sonho." Eu tento mentir para mim mesma, com uma voz horrorosa estrondando dentro da minha cabeça. "Você sabe que não é um sonho, pequena Amelie. Talvez esteja louca, mas isso você sempre foi." E então eu grito, grito para os quatro ventos para quem puder escutar perceber que estou assustada.

— Eu sou louca!

Casada com um Vampiro - Livro 01 (Série Universo Ulric) [HIATUS]Where stories live. Discover now