14 - Possessão? Efeito colateral um

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Oi gente! Tudo bem? Eu queria me desculpar pela falta de capítulos, mas é que tá difícil. Tentarei postar de dois a três caps por semana. Bem é isso.

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[Música do capítulo: Jacob Lee: Demons]

Daryl Ulric

Uma semana havia se passado. Uma semana louca eu diria.

Ela dormia e parecia ter pesadelos a todo instante, sussurrava coisas sem nexo algum, acordava só para comer e depois dormia de novo.

O Enrique disse que isso parecia ser algum tipo de efeito colateral do sangue de vampiro nas veias dela, mas que efeito seria esse? Ela parecia estar enlouquecendo dentro de seu próprio mundo em sua cabeça.

Tentar acordá-la era a mesma coisa que pedir para apanhar. Mesmo dormindo em sono pesado, a ratinha ficava violenta e me agredia, noite após noite e foi então que resolvi dormir no sofá perto da janela.

Aquilo não era uma transformação. O que estava acontecendo?

Eu lia um livro enquanto a Amelie dormia serenamente. Nenhum empregado chegava perto dela pois temíamos que ela ficasse violenta perto deles e os agredissem sem mais nem menos. E foi então que ela se sentou na cama e virou sua cabeça em minha direção, permanecendo de olhos fechados.

— Amelie? — eu a chamei. — Você está acordada?

— Daryl... — meu nome saiu rouco e arrastado nos lábios dela, mas a voz não assemelhava-se à sua. — Por que fez isso comigo? Meu amor, eu te amei com todo o meu coração.

Não. Não era ela.

— ENRIQUE! — eu gritei e no mesmo instante meu irmão apareceu.

— Agora você quer a ajuda do seu irmão? Eu quero que você me responda: Por que me deixou para morrer? Não é o mesmo que me matar? Eu te amei Daryl, eu te amo ainda... Sabe...

— Efeito colateral. Isso seria possível? Enrique me explica o que está acontecendo! — eu peço ao meu irmão.

— Ela não é a Amelie que conhecemos nesse momento. É uma possessão?

E então a voz de rouca e arrastada ficou sinistra e uma gargalhada tomou conta de todo o quarto.

— Ela é minha Daryl, MINHA! Você pensou que se livrou de mim? Logo eu que você considerava sua vida.

— Nina? — e foi então que o corpo de Amelie caiu em cima da cama.

Eu não obtive minha resposta e nem sabia do que se tratava.

Nina... Dizer esse nome em voz alta depois de tanto tempo me causou arrepios.

— O que aconteceu? — então uma ratinha perdida abre os olhos. Ela estava com uma expressão assustada estampada na face. — Minha cabeça! Ai que dor.

Eu simplesmente escolhi virar meu corpo e sair em direção a janela.

Não era possível, não tinha como isso acontecer! O que esse maldito sangue fez com ela? E por que a Nina estava falando comigo nesse exato momento?

Sinto um toque gelado em meus ombros e vejo que era o Enrique.

— Você não pode fugir Daryl! Não é culpa dela, mas é unicamente nossa!

— O que eu dar meu sangue para salvar aquela idiota tem haver com isso? Me explica, que porra tá acontecendo! O que aquela desgraçada fazia no corpo da Amelie?

— Nós ainda não sabemos, mas esperávamos. Parece que abriu um tipo de portal com o mundo dos mortos talvez? — Parecia ridículo, mas nada no nosso mundo é impossível...

... Mas a ressurreição ainda era uma coisa misteriosa.

— Portal é? Parecia mais uma possessão causada por um tipo de feitiço. Droga.

Tudo que eu evitava lembrar estava vindo de uma vez. todas as palavras ditas, carinhos trocados, olhares dados, cada virgula de carta trocada. Tudo. Era com se mil adagas perfurassem meu peito e a sensação corria como eletricidade pelo meu corpo.

Dor.

Vampiros não sentem isso, dor física. Nos enfiem uma estaca no coração e lhe daremos um sorriso sarcástico, afinal, não precisamos de um coração para nada e nem de outros órgãos. Tudo era questão de estética, nem as células eram vivas. Então como eu senti essa dor dilacerante? Alma.

Somos compostos de corpo, alma e espírito, mas quando somos vampiros, só nos resta o corpo e a alma. A alma é a responsável por nossos sentimentos e isso ainda não responde como eu senti essa dor terrível.

— Isso pode ser uma das faces do que o seu sangue despertou na Amelie, meu querido irmão. Mas o que você acabou de sentir agora foi dor?

— Nem eu sei o que é isso... Eu não lembro mais como é.

- Deixaremos esse papo melancólico de "como sentíamos dor quando éramos humanos" para outra ocasião. Agora, nosso foco é a Amelie.

Eu tinha que concordar. Retornei pela mesma janela que havia passado encontrando a ratinha com os olhos esbugalhados. Ela encarava seu reflexo no espero e tinha se assustado de o quanto estava magra e arranhada.

Ela mesma havia feito os ferimentos, mas, preferimos dizer que ela havia se arranhado no acidente.

— Quanto tempo se passou? — ela perguntou se virando para Enrique enquanto fechava o roupão.

— Uma semana. — ele disse.

— Como foi que eu saí de lá? Achei que estava alucinando e pensei ter visto o Daryl me ajudando. — eu dei uma risada. Eu não queria que ela soubesse que tive compaixão por alguma pessoa, especialmente por ela. — Do que está rindo imbecil?

— Foi o Enrique que salvou você. — ele me olhou com os olhos quase saindo do crânio. — Ou você estava realmente alucinando em ter me visto, ou queria muito que fosse eu a te salvar. Seu Super Maridinho. — eu gargalhei com meu próprio trocadilho sem graça, enquanto ela avançava sobre mim me desferindo tapas e socos. —  Vamos com calma ou você quer acabar mais machucada? Depois vão dizer que eu te maltrato!

— Você é um babaca.

— O que? Está realmente decepcionada que não fui eu quem te salvei? Ainda não chegamos nessa fase do nosso relacionamento.

— Você tem razão. Esperei de mais de alguém frio e sem coração. Um verdadeiro monstro! — e então ela corre chorando em direção ao banheiro.

— Por quê? Por que mentiu?

— Vai ser melhor se você sair como o herói dessa história querido irmão. Quem sabe não ganha um belo agradecimento dessa idiota e me conta depois todos os detalhes sórdidos só para eu me arrepender de não ter ficado com ela? — ergo as sobrancelhas e solto um risinho de lado.

— Você está falando sério? Você tem certeza? Eu não irei parar, nem se você me pedir de joelhos.

— Eu tenho. Você ama brincar com meus brinquedinhos quebrados, mas dessa vez estou te dando um inteiro... Ou quase? Eu mordi ela, é mesmo.

Ele mexeu a cabeça negativamente e saiu andando.

Eu não era de dividir e estava louco.

Essa história toda da Nina me deixou mais atordoado que uma dose tripla de LSD. Eu não queria ver a ratinha com o Enrique, mas, eu também não queria fazer o mínimo de esforço para tê-la para mim. Era como uma pintura: imóvel, mas presente e companheira. Suas cores e formatos me confortavam, e seu sorriso estampado me acolhia calorosamente, logo eu que não sentia calor. Então resolvi desistir de ver esta bela pintura e encarar somente o papel de parede sem graça do quarto.

Ela seria dele e ele faria bem para ela. Eu, mais uma vez procuraria um modo em todas as outras bebidas que não pude experimentar para anestesiar esse novo incomodo que por fim poderia virar uma enorme dor, uma que talvez supere até a dor que a Nina me causou.

Casada com um Vampiro - Livro 01 (Série Universo Ulric) [HIATUS]जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें