Um

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O dia começou colorido e, mais uma vez, eu estava atrasada. Típico de Flora Martina Conte. Meu nome era sinônimo de atraso, e sempre fora. Será que algum dia eu tomaria jeito na vida?

Meu relógio despertou e eu fiquei de preguiça por mais 15 minutos, acordando em um pulo. Coloquei a primeira roupa que parecia combinar e enfiei meus pés nas minhas fiéis escudeiras sapatilhas pretas, pegando minha bolsa e pendurando no ombro, enquanto amarrava o cabelo.

Eu descia as escadas apressada e sem paciência nem tempo pra esperar o elevador e cumprimentava o porteiro enquanto pedia um UBER quando meu celular apontou uma mensagem.

Marco: Bom dia, flor do dia! Acordou no horário hoje? (07:58)

Sorri ao ler a mensagem e o apelido. Marco sempre inventava um novo, e o dessa semana era “flor do dia”.

Flora: Seria eu se acordasse no horário? (07:58)

Flora: Queria tanto uma carona... (08:00)

Eu fiz uma careta, esperando que meu melhor amigo de infância entendesse o recado.

Marco Asensio e eu nos conhecemos aos treze anos de ambos, quando eu me mudei pra casa ao lado da dele, em Palma de Mallorca, um pequeno paraíso perdido no litoral espanhol e local que eu mais amava nesse mundo. Palma me trouxe pequenas alegrias, e vivi minhas maiores conquistas lá.

Além disso, ela me trouxe Marco.

Marco: Óbvio que não. (08:04)

Marco: Espero que isso não seja uma indireta. (08:04)

Flora: Estou cancelando meu UBER agora mesmo. (08:06)

Marco: Você confia demais em mim. (08:07)

Flora: E você gosta. Te vejo em cinco minutos. (08:07)

Suspirei fundo sorrindo e observando, agora mais calma, a rua em que eu morava na maravilhosa Madrid, local para onde eu tinha me mudado há cinco meses. A capital agora acolhera a mim e a Marco, que seguia seu grande sonho de se tornar um jogador. Ele era oficialmente um jogador do Real Madrid, que era, atualmente, um dos melhores times da Europa. De volta ao time em depois de um empréstimo da temporada 2015-2016 ao Espanyol, Marco ainda era reserva na maioria dos jogos, fato que eu achava muito injusto. Mas ele estava feliz fazendo seu papel da forma como podia, sempre cercado por seus colegas de elenco e amigos, e realizando o sonho da sua vida.

Uma buzina familiar me fez perder a linha de raciocínio e eu voltei ao mundo real, encarando o carro de Marco a minha frente.

- Você só me dá trabalho, Flori. – ele disse enquanto eu me acomodava no banco do carona.

- Pare de reclamar. Além de que você passa por aqui e pela UCM todo dia a caminho de Valdebebas. Eu economizo no UBER quando você me dá carona, e posso ir assistir a mais jogos.

- Eu já disse que pagaria seus ingressos.

- Mas eu não quero. Não preciso.

- Você sempre foi cabeça dura.

- E você sempre passou a mão na minha cabeça.

Ele revirou os olhos e eu fiz o mesmo.

- Quais são suas aulas hoje?

Marco não tinha passado por toda a experiência de faculdade, e sempre gostava de saber quais eram as minhas aulas, meus interesses e simpósios. Fazia o papel de irmão mais velho, mesmo tendo apenas um mês a mais do que eu.

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