Sete

2.7K 170 97
                                    

Em todos os anos em que fui amiga de Marco, eu nunca nem sequer imaginei como seria beija-lo. Eu achava estranho cogitar essa possibilidade. Era estranho.
Mas quando ele me beijou, não teve nada de estranho.

Foi, de certa forma, perfeito.

Nenhum beijo é perfeito, claro. Mas quando Marco colou nossos lábios, eles pareceram se encaixar perfeitamente. Nossa sincronia foi quase perfeita, e o gosto dele se misturava ao meu numa mistura no mínimo interessante. Eu senti tudo ao nosso redor parar e todos os olhares virem em nossa direção. Pareceu... certo.

Marco tinha os lábios doces e leves, mas mantinha as mãos fortes firmando meu corpo contra o seu. Sua língua quente se enroscava com a minha e era quase como se elas dançassem junto conosco.

Foi bom.
Foi envolvente.
Foi incrível.

Partimos o beijo ofegantes e sem entender de onde tinha surgido aquele ímpeto. Marco tinha um quê de confusão no olhar, que eu tinha certeza que eu também poderia ver no meu. Nenhum de nós sabia muito bem o que dizer, mas sentíamos todos os olhares caírem sobre nós. Identifiquei longe o de Lucas e Francisco, e congelei por um segundo.

Todos tinham visto aquilo?

- Acho que precisamos conversar. – Marco finalmente verbalizou e eu assenti apressada, enquanto sua mão se enroscava à minha e voltávamos ao jardim, bem mais vazio agora.

- Eu, o que, eu não sei. Eu estou confusa. Por que fizemos aquilo?

- Eu não sei. - ele soltou nossas mãos, desviando o olhar do meu e suspirando fundo.

- Você sentia alguma coisa por mim nesse tempo todo? Alguma coisa assim? – eu passava as mãos pelo cabelo, enrolando as pontas nos meus dedos nervosa.

- Não. Você?

- Também não.

- Será que a gente não pode só... – Marco começou com a voz insegura.

- Esquecer o que aconteceu e nunca mais falar sobre isso nem contar pra ninguém? – eu arrisquei, soltando uma risadinha pelo nariz.

- Exatamente.

- Acho que é o melhor a fazer no momento. – conclui, suspirando.

- Isso nunca aconteceu. Certo. Essa noite tem que sair da nossa memória. - ele passou as mãos pelos cabelos escuros. - Flori?

- Marco?

- Ainda somos amigos, certo?

Eu sorri.

- Ainda somos amigos, jogador.

🍀

Saímos da casa de Luka pouco antes das cinco da manhã. O dia seguinte era domingo, então ninguém ali trabalhava, estudava ou treinava pela manhã, o que fez com que as pessoas aproveitassem a festa por mais tempo.

Depois do ocorrido com Marco, nós nos separamos. Ele se juntou à Isco, Lucas e Modrić, enquanto eu me reuni com James e Morata, que conversavam com um ou outro participante da equipe técnica da equipe. Alicia tinha desaparecido do meu campo de visão, bem como Mateo, então presumi que as coisas tinham dado certo para os dois.
Minha melhor amiga voltou a aparecer um pouco antes de decidirmos ir pra casa. Ela sorria mais do que normalmente, o que me deixou feliz.

Chegamos de volta ao nosso prédio e não pensamos duas vezes: nos jogamos na minha cama de casal e dormimos por um bom tempo.

Tentei não pensar em Marco ou no beijo durante todo esse tempo, mas parecia simplesmente impossível. Além disso, uma sensação boa preenchia meu peito e gelava minha espinha e minha barriga ao recordar a cena.

LuckyWhere stories live. Discover now