O dia estava ensolarado e parecia sorrir para nós dois.
Tínhamos dado sorte. Durante toda a semana anterior, uma chuva ininterrupta e absurda tinha assolado Madrid de uma forma devastadora.
Mas no sábado fez sol.
No dia 13 de fevereiro, a chuva pareceu parar para o nosso dia.
O nosso casamento.
O dia em que, perante a igreja e as pessoas que amávamos, nos tornaríamos oficialmente uma família.
O sorriso mais aberto que eu podia dar permanecia no meu rosto desde a hora em que eu acordara, às oito da manhã, surpreendendo a todos, já que eu tinha hábitos pouco matutinos, mesmo depois de ser mãe.
- Você já acordou! - disse minha mãe sorridente. - Como se sente?
- Não consigo dormir mais. - peguei Aurora que estava na cadeirinha e fiz um carinho na minha filha, sorrindo ainda mais quando a pequena soltou uma risadinha.
- Eu também não consegui no dia do meu casamento. Levei uma bronca da sua avó, disse que eu ficaria com olheiras e dormiria no meio dos votos. Fiquei aterrorizada e fui forçada a tirar um cochilo.
- Está tudo bem, mamãe. - eu disse em meio a uma risada. - Pra onde o Marco foi?
- Casa do Mateo, eu acho. Acordou tão cedo quanto você. Estava elétrico. Queria acordar a Aurora, levá-la para passear e tudo mais.
A campainha tocou e minha mãe se apressou em atender, enquanto eu terminei de dar o café da manhã à bebê a minha frente, que a cada dia mais ficava mais parecida com o pai.
- Seu noivo não dorme em serviço. - ela disse trazendo um buquê das flores coloridas como as escolhidas para a decoração do casamento, que começava a aparecer lá fora.
A nossa casa seria palco da nossa união perante nossa família e amigos, e não podíamos ter escolhido um lugar melhor. Ainda era inverno, e fazia um tanto frio em Madrid, mas as recomendações tinham sido enviadas aos convidados. Era um sonho, e nem o tempo mais frio, que não era o caso naquele dia, tornaria aquele sonho impossível pra nós dois.
- Ele não existe. - o sorriso bobo que praticamente pertencia a Marco surgiu instantaneamente no meu rosto, e eu peguei as flores da mão da minha mãe, fazendo um leve carinho nelas. Ao colocá-las em um vaso, encontrei um envelope pequeno, com um cartão.
"Feliz nosso dia, meu amor. 13 é nosso número de sorte. Espero que nos traga sorte também. Te vejo no altar. Eu te amo. Marco."
Sorri. 13 era mesmo nosso número de sorte.
🍀
- Não acredito que esse dia finalmente chegou! - Lavinia surtava ao meu lado e eu caia na gargalhada.
- Você parece mais ansiosa que eu.
- Você é que está calma demais, Flori. - Alina disse, servindo a última taça de champagne e entregando-a à minha cunhada, que recusou com um sorriso leve no rosto. Certinha, assim como Tomás, Serena não aceitaria bebida sendo menor de idade. Sorri para ela e ela me devolveu o gesto.
- Alicia, você está chorando? - eu perguntei vendo minha melhor amiga fungar e limpar o rosto.
- É claro que estou! Minha melhor amiga está se casando! Eu devo chorar, não devo?
- Quanta sensibilidade, gente! Devemos comemorar. Flora não aceitou nossas ideias de despedida de solteira, precisamos aproveitar agora. - Jade gritou animada.
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Lucky
Romancesor.te (s.f.): acaso ou coincidência feliz. Flora é uma pessoa sortuda: tem uma família fantástica, o futuro trabalho de seus sonhos, mora em uma das cidades mais incríveis do mundo e é melhor amiga de um dos mais promissores jogadores do Real Madri...