Vinte e Um

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O dia estava ensolarado e parecia sorrir para nós dois.

Tínhamos dado sorte. Durante toda a semana anterior, uma chuva ininterrupta e absurda tinha assolado Madrid de uma forma devastadora.

Mas no sábado fez sol.

No dia 13 de fevereiro, a chuva pareceu parar para o nosso dia.

O nosso casamento.

O dia em que, perante a igreja e as pessoas que amávamos, nos tornaríamos oficialmente uma família.

O sorriso mais aberto que eu podia dar permanecia no meu rosto desde a hora em que eu acordara, às oito da manhã, surpreendendo a todos, já que eu tinha hábitos pouco matutinos, mesmo depois de ser mãe.

- Você já acordou! - disse minha mãe sorridente. - Como se sente?

- Não consigo dormir mais. - peguei Aurora que estava na cadeirinha e fiz um carinho na minha filha, sorrindo ainda mais quando a pequena soltou uma risadinha.

- Eu também não consegui no dia do meu casamento. Levei uma bronca da sua avó, disse que eu ficaria com olheiras e dormiria no meio dos votos. Fiquei aterrorizada e fui forçada a tirar um cochilo.

- Está tudo bem, mamãe. - eu disse em meio a uma risada. - Pra onde o Marco foi?

- Casa do Mateo, eu acho. Acordou tão cedo quanto você. Estava elétrico. Queria acordar a Aurora, levá-la para passear e tudo mais.

A campainha tocou e minha mãe se apressou em atender, enquanto eu terminei de dar o café da manhã à bebê a minha frente, que a cada dia mais ficava mais parecida com o pai.

- Seu noivo não dorme em serviço. - ela disse trazendo um buquê das flores coloridas como as escolhidas para a decoração do casamento, que começava a aparecer lá fora.

A nossa casa seria palco da nossa união perante nossa família e amigos, e não podíamos ter escolhido um lugar melhor. Ainda era inverno, e fazia um tanto frio em Madrid, mas as recomendações tinham sido enviadas aos convidados. Era um sonho, e nem o tempo mais frio, que não era o caso naquele dia, tornaria aquele sonho impossível pra nós dois.

- Ele não existe. - o sorriso bobo que praticamente pertencia a Marco surgiu instantaneamente no meu rosto, e eu peguei as flores da mão da minha mãe, fazendo um leve carinho nelas. Ao colocá-las em um vaso, encontrei um envelope pequeno, com um cartão.

"Feliz nosso dia, meu amor. 13 é nosso número de sorte. Espero que nos traga sorte também. Te vejo no altar. Eu te amo. Marco."

Sorri. 13 era mesmo nosso número de sorte.

🍀

- Não acredito que esse dia finalmente chegou! - Lavinia surtava ao meu lado e eu caia na gargalhada.

- Você parece mais ansiosa que eu.

- Você é que está calma demais, Flori. - Alina disse, servindo a última taça de champagne e entregando-a à minha cunhada, que recusou com um sorriso leve no rosto. Certinha, assim como Tomás, Serena não aceitaria bebida sendo menor de idade. Sorri para ela e ela me devolveu o gesto.

- Alicia, você está chorando? - eu perguntei vendo minha melhor amiga fungar e limpar o rosto.

- É claro que estou! Minha melhor amiga está se casando! Eu devo chorar, não devo?

- Quanta sensibilidade, gente! Devemos comemorar. Flora não aceitou nossas ideias de despedida de solteira, precisamos aproveitar agora. - Jade gritou animada.

LuckyWhere stories live. Discover now