Doze

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- Estava pensando em ir pra Palma no próximo fim de semana. – eu soltei no meio do episódio de FRIENDS que eu e Marco assistíamos juntos, com uma caixa de donuts e leite morno depois do jantar. Ele tinha acabado de chegar de Dortmund, onde o Real Madrid tinha empatado em 2 a 2 com o time da casa, e tinha ido direto para o meu apartamento, onde ele passava mais tempo desde que tínhamos começado a namorar. – Quando é o próximo jogo?

A volta de Las Palmas para Madrid foi um misto de diversão e brincadeiras. Quando o time ficou sabendo pela boca de Mateo (que por motivos óbvios foi a única pessoa que fizemos questão de contar sobre a na mesma hora) que estávamos oficialmente juntos, as piadas e comentários não demoraram a aparecer. James foi o primeiro a me mandar mensagens, dramatizando e me acusando de tê-lo trocado por Marco e que agora ele tinha perdido a sua chance comigo.

Ele nunca teve uma.

Francisco pareceu sentido por não ser o primeiro a saber, mas no final da viagem já estava sorridente e fazendo brincadeiras sobre um futuro casamento e como ele queria ser nosso padrinho, o que abriu brecha para Luka lembrar várias e várias vezes o fato de que nós deveríamos ser gratos a ele, já que tudo aconteceu na festa dele e na casa dele, e que por isso ele deveria ser o padrinho.

- Parece uma boa ideia, mas aproveitaríamos mais se fossemos no próximo. Jogamos contra o Eibar no dia 02, e depois no dia 15 com o Betis. Acho que teremos uma boa folga nessa semana.

- Parece excelente. Posso perder uns dias de aula, é por uma boa causa. – eu me joguei no sofá ao seu lado, logo me aninhando em seu peito, ouvindo seu coração bater acelerado. – Vai ser estranho estar de volta com você. Namorando. Juntos.

- Eu estava pensando justamente nisso.

Sorri surpresa. Eu sempre subestimava a conexão poderosa que nós tínhamos. Que sempre tivemos, e que pareceu se fortalecer agora que estávamos juntos.

- Eu imagino qual vai ser a reação dos meus pais.

- Não muito diferente da reação do meu, eu acho.

Tio Gilberto, assim como Alicia e Mateo, acabou descobrindo sobre nosso relacionamento quando chegou em casa um dia e nos flagrou trocando um beijo longo. Ele na mesma hora caiu na gargalhada e levou na esportiva, dizendo que sempre me quis como nora e que se surpreendeu que nós não tivéssemos nos “encontrado” antes. Eu fiquei feliz por receber o apoio dele, mas ainda estava muito envergonhada pela forma como ele tinha descoberto.

- Não sei. Você conhece senhor Jaime Conte. Ele sempre encontra algo que não está bom pra ele.

- Aposto que eu consigo encantar tio Jaime.

- Você sabe que ele adora você.

- Então qual o medo, cariño? – dei de ombros. – Você se preocupa demais. Além do mais, você é adulta. Pode escolher com quem sair, certo?

- Eu sei. Sei disso tudo, mas o apoio deles é importante pra mim. Em tudo.

Ele passou de leve os dedos sobre minha bochecha e beijou minha testa, me fazendo cafuné em seguida.

- Eu te amo. Está tudo bem. Estou ao seu lado, independente do que acontecer.

“Eu te amo”. Três pequenas palavras que traziam paz ao meu coração toda vez que eu as ouvia na voz de Marco. Mais do que apenas ouvir, eu podia sentir. Em cada palavra, em cada gesto doce, Marco tentava, da sua forma, mostrar seu amor por mim. Eu amava a sensação de ser amada por ele, e eu não queria jamais que aquele sentimento morresse.

Eu queria ser amada por ele pra sempre.

*

Palma naquela época do ano tinha sido uma ótima pedida.

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