Capítulo 4

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Plante o amor e colherá frutos bons.

É isso que pretendo, colher o fruto chamado Gabriel.

Faltando uma hora para o jantar, eu estava confiante, de certo modo.  Realmente esse vestido ficou maravilhoso em mim, talvez adote se vez o estilo longo.

Peguei minha bolsa e sai. Gabriel mora em Guaratiba, a distância até minha casa é de aproximadamente uma hora.

Durante o trajeto, coloquei minha música preferida: Guns N' Roses, Patiente. Me sinto tranquila ouvindo ela.

Apesar do trajeto longo, estava feliz em ir, era um tempo a mais com o Gabriel, mesmo não sendo como eu gostaria.
Chegando em seu bairro, comecei a ficar tensa e ansiosa, mãos soando e o coração dando uma pequena acelerada.
A realidade começou a bater de frente, as chances de sair frustrada de lá são máximas, mas não tem como voltar atrás agora. 

Enfim cheguei no endereço descrito no papel, espero um pouco dentro do carro até me encorajar a descer, dou uma retocada básica na make e tomo uma dose de calmante, infelizmente dependo disso nos momentos de tensão.

Desci e fiquei por algum tempo,  observando umas crianças brincarem, estavam jogando bola felizes da vida, percebi que o dinheiro não é tudo, existem coisas e momentos mais valiosos. A fachada de sua casa era simples, um pequeno portão branco e muro não muito alto da mesma cor.

Toquei a campainha e aguardei calmante, depois de alguns segundos, vejo vindo aquele que se tornou tudo para mim, ele está tão lindo usando uma regata branca justa e calça moletom, impossível não cobiçar esse homem.

Ele abre o portão e sorri, fazendo suas covinhas ficarem em evidência. Não esperava um elogio.

— Morgana, está linda!

— Obrigada! Gostou do meu vestido? — Dou uma rodadinha básica e o vejo vidrado em minhas curvas, mas rapidamente ele desviou o olhar.

— Ficou ótima! Estou feliz que veio, minha mãe está ansiosa para conhecê-la. Vamos entrar? — Ele pergunta, me dando passagem.

Entro e seguimos em um pequeno corredor até a entrada principal, ele estava lindo com essa roupa, é a primeira vez que vejo seu corpo com mais detalhes. Minha vontade era de puxá-lo pela mão e lhe dar um beijo.

Quando entramos pela porta da sala, dei uma tremida na base, acabo de descobrir que odeio situações não controladas totalmente por mim.

Haviam quatro pessoas sentadas no sofá, queria muito confirmar se uma delas se tratava de quem eu imagino, mesmo estando na cara.

— Morgana, conheça minha família. Essa é minha mãe Dagmar, meu pai Josué, minha irmã Lorena e a Débora, minha namorada. — Ele gagueja me olhando, acho que já conhece meus sentimentos de alguma forma. — Sua mãe se levanta e vem ao meu encontro.

— É um prazer conhecê-la, filha! — Nos abraçamos. — Fiquei feliz quando o Gabriel disse que queria aprender sobre o nosso Senhor. 

— Pois é, conhecimento sempre é bem vindo. Gabriel fala muito bem de vocês, disse que são os melhores exemplos da vida dele. — Olho para ele e o mesmo sorri.

— Também temos muito orgulho desse rapaz, sempre foi esforçado e temente a Deus. Venha, sente-se. — Nos sentamos no sofá.

A namorada dele é bonita, loira, alta, corpo definido... Já a irmã, parece uma nerd, cabelos cor de mel sem vida, precisa de um banho de loja e salão, ela é tímida, ficou o tempo todo de cabeça baixa. O pai dele ainda estava todo sujo de graxa, analisei bem todo mundo, são bem diferentes da amada do Gabriel, essa mulher não me engana, de santa não tem nada e vou provar!

Dona Dagmar pegou sua bíblia e começou a ler um versículo para mim.  Salmos 27: O Senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida, de quem me recearei?

— Está vendo, minha filha? O Senhor é tudo que precisamos. — Dagmar segura minhas mãos com ânimo.

O verso foi um tanto inspirador, eu realmente gostei muito dela, mas estava me sentindo desconfortável.
Débora deve ter percebido meu interesse além de patroa e funcionário e fazia questão de mostrar quem é que manda. Não a culpo, se tratando dele também faria isso. Essa situação só confirma o que eu mais temia, gosto desse homem mais do que pensava, não sabia que essas coisas de sentimento dói tanto.

— Tudo bem, Morgana? Ficou pálida...  Suas mãos estão suando. — Dagmar se preocupa, droga, isso não é bom! Não estou conseguindo controlar meus nervos. 

— Bom... Na verdade não. — Gaguejo. — Me perdoe, não me sinto bem, preciso ir para casa.

— Mas você não jantou querida, come um pouco, talvez passe. Quer um remédio.

— Não é necessário, obrigada. — Noto que ela fez uma expressão como se tivesse fracassado em algo, não posso decepcionar essa gente assim. — Tudo bem, eu vou comer um pouco e depois vou embora me cuidar, está bem assim? — Sorri e ela se alegrou.

Só Deus sabe o sacrifício que está sendo para mim ficar aqui, cada vez que olho o dois juntos, me dá nojo, talvez esse seja o primeiro sintoma do famoso ciúme. Gabriel me olhava confuso tentando entender a situação e espero que não tenho dado na cara que esse alvoroço todo, é por ele.

Dagmar é um amor, preparou tudo com muita perfeição. Fez galinhada, vinagrete e maionese. O máximo que consegui, foi dar umas duas colheradas na comida, estava no meu extremo da minha paciência e, para piorar, a ratazana loira resolve tagarelar.

— Minha sogrinha cozinha muito bem, que sortuda eu sou. — Débora a elogia olhando para Gabriel mandando um beijo.

Isso foi a gota dágua, para mim já deu!

— Me desculpe, realmente preciso ir, não me sinto bem. — Olho para Dagmar desesperada para que ela me compreenda.

— Tudo bem, filha. Se sente bem para dirigir? Está muito pálida.

— Não se preocupe, eu vou chegar bem. De verdade, muito obrigada pelo jantar, quero recebê-la em minha casa também. Foi um prazer conhecer todos vocês. — Me levanto e rapidamente saio.

Finalmente ar puro, não vejo a hora de chegar em casa, mais um minuto ali e eu explodia. Pode parecer exagero, mas o Gabriel se tornou importante em muito pouco tempo, por falar nele, veio atrás de mim na mesma hora.

— Morgana, espere. — Quer que eu vá com você?

— Não, obrigada! Eu consigo ir sozinha. — Solto um sorriso sem graça não convincente. 

— O que aconteceu? Fala pra mim. — Ele se aproxima, consigo ouvir seus batimentos, queria que esse coração batesse por mim.

— A questão, é que você me interessa, Gabriel. Não me pergunte como aconteceu, nem mesmo eu sei.

— Te interesso, como? Como... Homem? — Ele me olha surpreso.

— Sim! Não precisa ficar com vergonha, está vermelho. Prometo que vou respeitar seu espaço, agora preciso ir, te vejo amanhã.

— Tem certeza que quer ir sozinha?

— Tenho. — O abraço inesperadamente. Seu aconchego parece bom. — Tchau, Gabriel.

Entro no carro desconsolada, não sabia que machucaria tanto assim vê-lo com outra. Poxa, nem demos o primeiro beijo, imagina quando isso acontecer, definitivamente cairei de quatro.

Estava a toda velocidade, isso irá me render algumas multinhas, felizmente não atropelei ninguém, não suportaria mais essa culpa.

Não demorei tanto a chegar em casa e fui diretamente para meu quarto, precisava desabafar a dor com meu diário, ele é o único que pode me ouvir sem julgamentos.

Querido diário, o jantar não foi como imaginei, nunca me senti tão impotente feito hoje. Como fui me apaixonar tão depressa, e pior, por um cara comprometido, gostaria de voltar a ser a Morgana incapaz de produzir sentimentos por um homem, mas infelizmente, o coração está ditando as regras, por hora não sei o que fazer, preciso colocar a cabeça em ordem, talvez seja melhor me afastar do Gabriel.

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