Capítulo 6

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Uma semana depois

Faz uma semana que o Gabriel se mandou, não apareceu para trabalhar, não ligou, enfim... Sumiu.

Ainda lembro daquela noite como se fosse hoje. Preciso procurá-lo e fazer algumas perguntas, mesmo sabendo que as respostas podem não ser o que quero ouvir.

Passei a semana trabalhando na filial da empresa da minha mãe aqui no Brasil, foi uma ótima distração, mas agora vou focar no meu alvo de sempre: Conquistar o Gabriel de vez! Não sei o que vi nele, posso ter qualquer um do meu nível social, mas eu só penso no meu adorado motorista. Esse cara deve ter um feromônio diferenciado .

Me vesti com um look discreto, caso a família dele esteja lá, não quero que vejam minha versão devassa. Não ainda.

— Filha, não vai almoçar com a gente? – Minha mãe e Sabrina estão na mesa se servindo.

— Tenho um assunto para resolver, não demoro. Tchau, vejo vocês mais tarde. – Beijo minha mãe na testa e noto minha irmã abatida. — Sabrina, deveria ir ao médico. Está horrível!

— É, mamãe irá me levar. Obrigada pelo elogio, vindo de você não é nenhuma surpresa.

— Haha. Engraçadinha. Fui.

Pego meu carro e sigo em direção a casa dele. Ligo o som e coloco uma de minhas músicas preferidas. Dust in the wind.

Não vou negar, estou apreensiva. Não faço idéia de como ele irá reagir ao me ver. Seja como for, não irei voltar atrás.

Depois de um tempo, finalmente chego. Paro em frente a casa dele e vejo várias crianças jogando bola. Desço do carro e fico parada criando coragem para ir até lá.

— Está perdida, tia? – Pergunta uma das crianças com um enorme sorriso.

— Na verdade, não. Você conhece o Gabriel? – Me ajoelho para ficar a sua altura.

— Sim, tia. Ele mora alí, se quiser vou chamar ele.

— Quero sim, diga que é a Morgana. Por favor. Qual é seu nome?

— Pedro. Pode me chamar de Pedrinho.

— Certo, Pedrinho. Vai lá pra tia.

Garotinho apaixonante esse, se eu não fosse tão amarga, teria vários bebês.

Estava encostada no meu carro e sinto uma mão me puxar.

— O que faz aqui? – Débora puxa meu braço com sangue nos olhos.

— Se encostar essa mão imunda mais uma vez em mim, juro que te mando para o inferno antes da hora. Me solta, garota. – Puxo meu braço e ficamos nos encarando.

— O Gabriel me contou o que aconteceu, você é uma descarada, sem vergonha.

— Ah, não diga! E você, é quem? Madre Teresa de Calcutá? Ah, se manca!

— Você quem deve se mancar! Ele tem namorada, estúpida. Respeite nossa relação.

— Não te devo respeito algum, não é comigo que você namora. Aliás, some da minha frente. Não tenho tempo a perder com gente da sua laia.

— Eu estou avisando, fique longe dele, se não quiser que algo ruim lhe aconteça.

— Nossa, estou morrendo de medo. O que uma Zé ninguém feito você, pode fazer contra mim? Absolutamente, nada! – Gargalho debochando.

— O que está acontecendo aqui? – Gabriel chega e fica com cara de besta. 

— Não está nítido pra você? Sua adorada amante, veio te procurar. – Ela aponta para mim e reviro os olhos, mulherzinha nojenta essa.

— Para com isso, Débora. Por que veio Morgana?

— Porquê acha que eu vim? Você deu no pé e não me deu nenhuma satisfação, estou sem motorista. Não pode fazer isso comigo ás vésperas do meu aniversário.

— Vamos conversar lá dentro, vem.

— Eu vou também. – Débora vem atrás de nós, mas Pedrinho a puxa pelo braço. Adoro esse menino.

— Vem jogar bola com a gente, tia Débora.

— É, Débora. Vai jogar bola com eles. – Alfineto sorrindo.

Gabriel e eu entramos e eu estava saltitante em revê-lo.

— Senta, por favor. – Ele senta em um sofá e eu no outro.

— Então, você não vai voltar? — Pergunto encarando ele e noto seu nervosismo.

— Você sabe que não dá, me perdoe por não ter dado nenhum parecer, mas isso é o melhor para nós. Eu abri o jogo com a Débora e ela me desculpou com a condição de eu não voltar.

— Entendi. Meu aniversário é daqui quatro dias, continue até passar essa data e eu juro que nunca mais te procuro, será como se nunca tivesse existido.

— Não fala assim. Sinto muito, Morgana. 

— Esquece isso, você vai ou não?

— Estarei lá amanhã.

— Tudo bem, até lá. – Digo friamente e saio.

— Morgana... – Ele me chama, mas fica cabisbaixo.

— Não diga nada, apenas cumpra com sua palavra.

Vou saindo e aquela mocreia vem em minha direção, se ela encher o saco, juro que arrebento a cara dela.

— Vejo que as coisas não saíram muito bem para você. — Ela solta um riso debochado. 

— Engano seu, as coisas sempre saem bem para mim! Te vejo em breve, cretina.

Maldita nojenta! Se acha que vai se dar bem nessa, está um tanto equivocada.  Seja por amor ou despeito, vou tomar o Gabriel dela e fazê-la sofrer amargamente.
 

Cheguei em casa e fui logo tomando um porre, um bom whisky sempre é bem vindo nos momentos de tensão.

— Bebendo uma hora dessa? – Meu pai coloca a mão em meu ombro.

— Oi! Pai. Pois é, whisky é bom pra relaxar um pouco.

— Nisso concordamos. Aconteceu alguma coisa?

— Não, tudo nos conformes. E a mamãe, Sabrina...

— Estão lá em cima conversando faz tempo. E sua festa de aniversário, ainda vai fazer?

— Claro! mamãe cuidou de tudo. Vou subir, até mais tarde. – Beijo em seu rosto. Te amo, pai.

— Eu vivi para ouvir isso. Também te amo, filha. – Nos abraçamos.

Subo devagar e ouço minha mãe discutir com a Sabrina.

— Como pode fazer isso, Sabrina. Trair o namorado e ainda engravidar, o que você tem na cabeça, garota!

— Mãe, foi um deslize. Me perdoa, não sei o que fazer agora.

— Quem é o pai?

— O Malik.

— O que? Meu Deus! Só pode ser um pesadelo. Depois a gente conversa sobre isso e com certeza o senhor Malik vai arcar com essa pendência e você também. Só faltava!

Eu não acredito nisso, minha irmã metida a certinha, está sacaneando o namorado, com o imbecil do Malik. Puta merda! Mais um segredinho pra minha coleção.

Enchi minha banheira e me preparei para um delicioso banho, adoro colocar pétalas de rosa vermelha na água. Sei lá, tenho paixão por flores.

Enquanto aprecio a água tomando champanhe, penso em como vou tirar aquele estorvo da vida do meu Gabriel. Ainda não sei bem o que farei, mas garanto que será uma rasteira que ela jamais será capaz de se levantar.

Morgana Where stories live. Discover now