Capítulo 18

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A dor de perder alguém, é aquela que dilacera a alma, te machuca sem lhe ferir carnalmente, e causa um enlouquecimento tremendo na mente.

É como se o mundo todo estivesse girando sobre sua cabeça e você não faz idéia de onde ir ou o que fazer, você sente que esta perdido e sozinho.

A ficha demora a cair, e quando cai, você se dá conta que jamais voltará a ser o que era, pois alguma coisa se quebrou lá dentro, se repente sente saudades ate dos piores momentos que teve ao lado daquela pessoa, remorso por não ter feito ou sido algo melhor para aquela pessoa, enfim, é um misto de sentimentos inexplicáveis.

O que dizer da dor de perder uma mãe, simplesmente foi arrancada a minha essência, a força de vontade de viver e fez nascer uma tremenda mágoa, revolta de não entender o porque de algo tão trágico, justo quando tudo se acertou, o que me conforta, é saber que ela partiu orgulhosa de mim e que nos perdoamos de todo mal do passado.

Não demorou para a ambulância e a policia chegarem, não havia nada a se fazer, a não ser prender o desgraçado que arruinou a minha vida. Fomos para o hospital e já haviam repórteres por toda parte, nos estados unidos não se comentava outra coisa a não ser, a morte de Erin Knight. Quanto mais pediam meu pronunciamento, mais vontade eu sentia de ignorar todo mundo.

— Augusto, por favor. Poderia nos dar algumas palavras? — Diz um repórter insistente.

— Eu só quero que respeitem a dor da minha família, estamos passando por um mal momento e tudo que queremos, é enterrar a minha mulher em paz.  — Meu pai manteve a calma, mas posso ver seus pedaços quebrados por dentro, através de seu olhos sofridos.

Depois de depor aos policias, ficamos aguardando a liberação do corpo, vamos fazer o que ela sempre desejou, jogar suas cinzas no mar da Califórnia. A vida é umas das coisas a quais não temos controle, em um minuto você está sorrindo ao lado da pessoa que mais ama, e em outro planejando seu funeral.  Estamos muito abalados, Sabrina precisou ser medicada pois sua pressão subiu muito, Gabriel está sendo um bom companheiro, a todo momento me ofereceu seu abraço cheio de amor e compaixão.

As horas pareciam não passar nunca, é como se o tempo tivesse parado. Por volta de três da manhã, o legista nos informou, que poderíamos realizar a cremação após vinte e quatro horas e que iria liberar o corpo em breve para o velório. Gabriel e eu fomos até a casa de minha mãe preparar suas vestes e avisar parentes próximos. Ao entrar em seu quarto e ver sua cama, suas roupas, penteadeira... Tudo em mim desaba. Me jogo em sua cama, abraçando seu travesseiro na esperança de ser ela, e que me abrace de volta.

— Pode chorar a vontade, desabafa sua dor, minha querid. Nenhuma palavra que eu disser, lhe dará o conforto necessário.  — Gabriel senta comigo e choro feito criança em seu colo.

Nunca passou por minha cabeça, que um dia eu iria preparar as roupas para o funeral da minha mãe. Eu sempre achei que ela seria eterna, que sempre estaria ali para me dar broncas, ou cuidando com esmero da sua empresa. Embora passasse mais tempo viajando do que em casa, ela sempre garantiu que ficassemos bem. Escolhi seu vestido de seda rosa preferido, ficará feliz em partir com ele, espero que onde quer que esteja, seja um lugar melhor que esse mundo, sem dorea ou sofrimento.

Dagmar me ajudou em tudo, pela manhã fomos a melhor funerária da cidade, queria que sua partida fosse algo bonito e aliviar um pouco a dor de alguma forma. Vamos fazer o velório na nossa casa, ela amava muito sua opulenta sala de estar. Com o passar das horas, a funerária chegou e deu início aos arranjos, seu enorme quadro ficou centralizado ao lado de grandes arranjos de flores do campo, tudo ficou em seu devido lugar.

Naquele dia mais tarde, trouxeram o corpo, este foi um dos piores momentos, a hora do adeus. Seu caixão ficou entre coroas de rosas brancas e lírios que eram seus preferidos.
O pastor da igreja de Dagmar, proferiu algumas palavras, dando início a despedida.

Não há nenhuma dor que se compare à perda de um ente querido. Não há nada que repare o sofrimento de ver alguém que amamos partir. Para quem fica, resta a saudade, a tristeza e a inconformidade. O tempo não irá apagar a dor e a saudade, mas certamente irá amenizar tamanho sofrimento.

Diante da morte não há nada que possamos fazer a não ser rezar. É preciso rezar por aquele que amamos e que partiu, para que descanse em paz e encontre a luz para continuar crescendo espiritualmente. Mas é preciso rezar também por aqueles que ficam, para que encontrem conforto.

Embora seja difícil não se entregar ao sofrimento, é preciso seguir em frente e lembrar que a jornada da vida ainda continua para os que ficaram. Que levemos conosco as lembranças de quem perdemos e acreditarmos que não é um adeus, mas um até logo. Que permaneça em vossas memórias, os momentos bons, os sorrisos alegres e a esperança de um dia nos encontrarmos na casa do pai altíssimo. Descanse em paz, Erin.

A vida nem sempre é justa, mas como se diz, não há nada que possamos fazer diante da morte. Tudo acontece por algum motivo e eu espero, um dia compreender a razão de tudo isso.

Morgana Where stories live. Discover now