Capítulo 20

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O Vanderlei morreu! Essa é a melhor noticia que eu poderia receber, não fiz a menor vontade de esconder o meu sorriso e felicidade. Não devemos pagar o mal com o mal, mas neste caso, ele mereceu e muito, esse verme trouxe a pior dor do mundo a minha família.

— Como ele morreu? — Meu pai me olha surpreso e eu estou sorrindo com o fato.

— Estávamos perseguindo ele, depois de descobrir que ele estava envolvido com o tráfico internacional de drogas, estelionato, além de possuir porte de arma ilegal. – Fomos ao seu “ local de trabalho” e encontramos grande quantia em dinheiro, entorpecentes e outras drogas. — Depois de abrir fogo contra nossos militares, ele foi baleado na cabeça por um dos nossos.

— Aqui se faz, aqui se paga. Ele teve o que mereceu.  — Expresso meu total rancor e repúdio por esse desprezível, espero que queime no inferno.

— Compreendemos a dor de vocês, só viemos dar a notícia pessoalmente na intenção de aliviar o sofrimento.  – Ele está onde merece agora, tenham uma boa noite. — Com isso eles se retiram.

Eu estou feliz e a morte da minha mãe não ficou em puni, de certa forma, isso trouxe um grande conforto para todos nós. Eu sei que não se deve desejar a morte para ninguém, mas não consigo evitar me sentir assim, afinal é o assassino da minha mãe.
Meu pai disfarça a alegria para manter a ética, mas para seu azar, eu sei interpretar seu olhar e linguagem corporal. 

Depois dessa notícia, dormi tranquila, a justiça foi feita. No outro dia, providenciamos nossa ida para Califórnia, felizmente Gabriel possui passaporte e visto, eu odiaria ter que deixá -lo. Meu pai foi até uma agencia de viagens providenciar as passagens e Gabriel e eu fomos almoçar com seus país, no momento, preciso manter a mente distraída para não enlouquecer de desespero ao andar por essa casa, e não ver ou ouvir minha mãe, não receber ligações suas, enfim...

Passado um tempo, chegamos até a casa de Dagmar, ela se porta tão bem comigo, é como uma segunda mãe pode se dizer.

— Como você está, filha? — Ela me abraça com muito amor e trás um certo conforto.

— Sobrevivendo...  — Respondo desanimada.

— Vamos entrar! — Ela pega minha mão, me conduzindo para dentro.

Alguns membros da igreja que eles frequentam, se fazem presentes e estão lendo um versículo da bíblia: Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus.
Salmo 42:5

De alguma forma, este verso falou comigo, talvez o conforto necessário para minha alma, é me apegar naquele que me criou.

Dagmar preparou uma ótima galinhada com vinagrete, mas eu não estou com fome, minha cabeça está a milhão, ainda perturbada por tamanha dor.

— Come um pouco, amor.  — Gabriel está com um olhar suplicante e certamente preocupado com o meu estado.

— Não quero. Podemos ir?

— Tudo bem, vamos.

Nos despedimos de todos e fomos embora para nossa casa, há dias não aparecemos por lá, na saída da casa de Gabriel, eis que o demônio resolve dar o ar da graça.

— Como vai nossa órfã preferida? — Débora está digna da prostituta da babilônia, batom extremamente vermelho e um vestido capaz de mostrar até o oculto.

— Débora, você não cansa de infenizar? Tenha um pouco de dignidade! — É a primeira vez que vejo Gabriel irritado.

— Não estou falando com você e sim com essa vaca, quer saber, bem feito! – Você merece sofrer até o último...

Sem deixá-la completar o que iria dizer,  fecho a mão, impulsiono o braço e soco seu rosto. Débora coloca a mão no rosto que instantaneamente ficou vermelho, ela então revida com um tapa e nos atracamos no chão. Estou de saco cheio dessa cretina, esse foi o ápice da minha ira, foram incontáveis os puxões de cabelos e murros que dei naquela vaca, o mínimo que ela conseguiu, foi me arranhar com essas patas de viúva negra. Gabriel e alguns vizinhos separaram nossa briga.

— Isso não vai ficar assim. — Débora ameaça com a boca sangrando.

— Vai chorar em outro lugar a perda do seu falecido amante, e digo mais!  – É  melhor se conformar pois em pouco tempo, Gabriel e eu vamos nos casar e você, não vai passar de uma lembrança ruim.

— Veremos! — Débora sai e ninguém vai atrás dela.

— Você está bem? — Gabriel me abraça de uma forma protetor.

— Estou! Me desculpe, mas ela pediu por isso. Vamos embora!

O que eu mais desejo no momento, é sair dessa cidade, este lugar está me sufocando. Fomos em casa e preparamos nossas malas para a viagem, vou sentir falta deste lugar, já estava me acostumando com a ideia de dona de casa. Depois de trancar tudo, fomos para casa do meu pai.

Chegando lá, estava tudo preparado, passagens compradas e as cinzas da minha mãe prontas para serem jogadas no imenso mar. Estamos feito um grupo de estranhos, não há muitos diálogos e cada um prefere ficar em seu quarto, este lar parece mais um poço de amargura.

Antes de dormir, comi algumas frutas, mal me aguento em pé, essa dor agonizante está acabando comigo, espero que com o passar do tempo, tudo isso melhore.
Tomei um bom banho com meu futuro marido e fomos para cama, resolvi fazer uma oração o que nunca havia feito antes.

Resolvi pedir conforto e que todo ódio e rancor possam ser retirados do meu coração, também pedi que minha mãe tenha um bom lugar e que olhe por nós, e o mais importante, agradecer pelo dom da vida e por Deus ter colocado em meu caminho, uma pessoa maravilhosa como o Gabriel. Espero que possamos alcançar a felicidade que tanto desejamos e que nada nesse mundo, venha nos separar.  Adormeci com a certeza de que o amanhã, será melhor do que foi hoje.

Morgana Où les histoires vivent. Découvrez maintenant