CAPÍTULO 20

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Quando Yixing acordou, já eram sete horas da noite.

Ele esfregou os olhos antes de olhar a contagem regressiva na parede, que apontava para a indicação de três horas e disse languidamente. "Já é tarde."

Me deitando de lado no sofá, eu olhei em seus olhos.

"Onde estão o resto?"

"Eles estão todos mortos." Eu disse. Yixing piscou e olhou para cima, encarando sem pensar.

Ele não me perguntou como Luhan morreu, provavelmente não precisando saber da resposta, de todo jeito.

Levantando-se, ele silenciosamente subiu as escadas. Abriu a porta do segundo quarto do segundo andar, e viu a cena bagunçada. Ele sorriu quietamente e olhou janela a fora.

Chuva estava caindo do lado de fora, gotas de chuva tamborilando enquanto elas caiam na folhas, e na barra da janela. Eu não tinha muita certeza do que tinha na atmosfera daquela noite em particular que substituiu nossa conversa.

Aquelas coisas que eu nunca disse, aquelas línguas que eu não tinha certeza...

"Olá, meu nome é Zhang Yixing." Ele sorriu timidamente enquanto coçava sua orelha. "Você é a primeira pessoa chinesa que eu conheci aqui."
"Wu Yi Fan." Eu estendi minha mão, batendo na dele. Essa foi a nossa primeira conversa.

Tarde da noite em fevereiro de 2012, eu sentei no dormitório, olhando para minha conta bancária em desespero. Ele abaixou sua cabeça e mostrou um sorriso, antes de colocar seu braço no meu ombro, "Talvez se eu virasse um gigolô, eu conseguiria ganhar mais dinheiro do que uma estrela como você."

Numa noite chuvosa no inverno de 2012, ele fumou o primeiro cigarro da sua vida. Decidindo se recompensar, ele andou em direção a uma loja chique, onde sempre ia para olhar as vitrines. Entrou na loja e foi até um relógio estilizado em preto e branco. Olhando para o preço alto, ele pegou todos os seus cartões e dinheiro, olhando para o funcionário timidamente. "Eu não trouxe dinheiro o suficiente, você pode reservar ele pra mim?"

E na noite passada, um meteoro voou pelo céu. Ele sentou ao lado da janela com sua boca um pouco curvada. "Se acontecer de eu acordar amanhã, eu não iria gostar de viver sozinho." Ele olhou para mim com um sorriso.

Algumas coisas são melhores não ser mencionadas.

Nós ficamos consecutivamente no quarto. Eu fui em frente e o abracei devagar por trás. Ele não me olhou, e tão pouco falou algo.

"Quando que você vai me matar..?" Ele perguntou desdenhosamente, seus olhos ainda fixados fora da janela.

Eu fechei meus olhos, e afundei minha cabeça no seu ombro.

Eu sou enganoso e duas caras. Tenho sido assim por toda minha vida, mas justamente durante o exato ponto da minha vida, quando eu tive que ser o mais duas caras, eu de algum jeito perdi o poder de usar tal virtude.

"Agora." Eu sussurrei, minha voz se mostrando trêmula e rouca, enquanto eu gentilmente levei meus lábios até o lado do seu rosto. Tremendo enquanto eu o virei, dando um beijo em sua boca.

Ele abriu seus olhos esperançosamente e me olhou com aquele olhar. Era uma expressão longe de ser descrita por uma linguagem.

"Eu te perdôo." Aqueles olhos pareciam dizer.

A tempestade do lado de fora parecia ter me molhado da cabeça aos pés, dos meus braços as minhas pernas, me encharcando com o líquido muito profundamente. Ele me olhou, do mesmo jeito que a árvore do lado de fora estava pingando com água, seus olhos parecendo dizer: não fique chateado, isso não é sua culpa.

Minhas lágrimas começaram a cair descontroladamente; eu beijei gentilmente suas sobrancelhas, seu nariz, seus lábios, permitindo o líquido salgado passar pelas pontas de nossas línguas... Ele se apoiou contra a parede, respondendo aos meus beijos gentilmente, com toda gentileza que ele poderia ter. Eu não conseguia ver seu rosto, e nem conseguia ver o meu próprio; esse era o ponto cego na minha memória - ser incapaz de achar qualquer tipo de concordância na linguagem, meu cérebro queimando em cinzas, o pó voando. Alguma coisa parecia ter caído da beira do meu coração.

Nós tropeçamos no caminho enquanto nos espremíamos no banheiro. O segurando forte contra a parede, eu acariciei e penteei seu cabelo gentilmente para baixo. Nós estávamos em silêncio; apenas nossa respiração era escutada. Ele fechou os olhos e manteve sua testa contra a minha.

Quebrando o espelho contra a pia forçadamente, eu peguei um dos cacos. Eu segurei suas mãos atrás das suas costas, sua cabeça inclinada para o lado. Nós respirávamos pesadamente na orelha do outro, eu abaixei minha cabeça e comecei a beijá-lo com muita paixão, ele fechou seus olhos e me respondeu com todo seu esforço, bem naquele instante eu rasguei seu pulso.

Tudo continuou em silêncio. Ele levantou sua mão esquerda para enxugar minhas lágrimas, e então caiu no chão debilmente; seu sangue morno escorrendo por todo piso. Subconscientemente, eu queria parar o sangramento com algumas roupas, mas eu havia me esquecido que aquele corte foi aberto por mim.

Enquanto uma lágrima caia, ele disse, "Eu quero ir pra casa."

Eu o levantei e o levei para dentro do quarto; lá, um brilho de luz passava pelas janelas francesas, coincidentemente olhando para o leste. Eu peguei uma cadeira e o sentei nela, ajeitando seus cabelos e roupas, ele mostrou um sorriso, e com um pouco de exaustão imbatível, ele disse, "Eu vou dormir um pouco."

Então, ele fechou os olhos.
Eu continuei olhando para aquele par de olhos, mas eles nunca abriram de novo.

Me sentando em frente a janela, eu congelei por um longo tempo, sem saber se minutos ou horas haviam passado.

Naquele leste distante, não tinha nenhum lugar que eu poderia chamar de lar, mas se ele fosse chegar lá no futuro, eu gostaria de acompanhá-lo.  

48 HOURSWhere stories live. Discover now