Cap. 26

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Hauana

— Boa noite Ruan. — minha mãe desce do carro e eu desço junto na calçada do tio barata.

— Vai ficar por aqui até quando mãe? — pergunto.

— Era sobre isso que queria falar com você, então filha eu vou me mudar para cá. — ela diz me deixando surpresa.

— Quando? — pergunto.

— Amanhã, um grande amigo me conseguiu emprego e sugeriu uma ótima casa. Já está tudo certo. — minha mãe diz empolgada e eu não vou esconder minha raiva.

— Grande amigo é? Qual é mãe, se precisasse de alguma coisa devia vim falar comigo primeiro, eu que devia te ajudar, não esse grande amigo aí, você mal conhece ele, nem sabe as intenções.. quem é esse cara? — minha mãe ainda acha graça.

— O pai da sua amiga, o Alexandre, ele é o dono do restaurante que você destruiu alguns copos mês passado. Ele é um homem incrível. — minha mãe sorri como uma tonta apaixonada, vou acabar com essa palhaçada.

— Ela não é minha amiga. E eu não quero saber da senhora com esse marmanjo não. — reclamo mais uma vez mas a minha mãe adora ignorar meus problemas.

— Vai me ajudar com a mudança? — ela segura minhas mãos e olho para os lados para conferir se ninguém está vendo cena.

— Não. — nego mas eu vou, ela sabe que vou.

— Amanhã às 7 seu tio vai levar minhas coisas, a casa fica em frente a casa da sua amiga, te aguardo lá meu amor. Tem certeza que não quer dormir comigo aqui? — ela pede uma coisa impossível. Eu não vou dormir na casa do meu tio nunca mais. Se bem que a Natalie é uma uva, mas eu não ligo.

— Não, já sabe que não. Vai descansar, nem quero saber como me encontraram. Tchau. — minha mãe beija minha bochecha antes de entrar.

— Eu te amo tanto filha. Juízo. — ela alisa meu ombro me deixando com mais raiva ainda.

— Tchau. — saio andando, um peso foi tirado de mim, não posso e nem vou ter raiva da Ohana, ela foi a mulher que cuidou de mim, me deu o mundo, a verdade é que esse cara não presta, posso estar me precipitando, mas minha intuição é das boas e nunca me trai.

Kiara

Chego exausta em casa, são duas da manhã e meu pai ainda está acordado ao telefone com alguém que me parece ser uma mulher, fico feliz por isso, depois da minha mãe meu pai não se relacionou com ninguém, ele precisa se dar outra chance de ser feliz, com outra mulher.

— Às 7? Okay... por mim você se vira sozinha... brincadeira... mas bem que eu podia.. tudo bem.. que ótimo.. sim, vai ser incrível.. boa noite.. beijos? Ok.. — ele desliga o celular sorrindo e comemorando algo.

— Posso saber o motivo de tanta felicidade seu Alexandre? — pergunto e vejo seus olhos brilharem.

— Uma grande amiga filha, ela vai se mudar para cá, vai ser nossa vizinha, é uma mulher incrível, inclusive uma ótima cozinheira. Eu acho que.. estou.. você sabe. — ele diz empolgado e meu coração salta, corro para abraçá-lo e ele me levanta.

— Me conta mais sobre ela, qual o nome dela? Quantos anos ela tem? — pergunto.

— Ohana, ela tem 38 anos. Ela é alta filha, cheia de curvas, cabelos longos e muito simpática, inteligente, cheia de vida, sabe? — meu pai está tão animado, não tem preço vê-lo assim, apesar da minha noite ter sido uma merda. Busco esse nome na mente e lembro de um detalhe, essa não é a mãe da Hauana? Sinto uma pontada leve, será mesmo?

— Pai se permita ser feliz mais uma vez, mas vai com calma, quando tiver certeza de que essa é a mulher, nesse momento você deve ir.

— Amanhã ela vai fazer a mudança, às 7, inclusive vou dar uma força a ela filha, seria uma boa oportunidade pra eu te apresentar para ela, se quiser aparecer lá mais tarde.. — ele oferece e não nego que quero conhecer essa mulher, ainda acho que é a mãe da Hauana.

— Eu posso ajudar vocês numa boa. — encosto minha cabeça em seu ombro e ele alisa meu cabelo.

— Minha garota. — ele diz beijando minha testa.

— Apaixonado. — ele ri.

Hauana

Acordo às 6:30 preocupada, preciso ajudar minha mãe. Tomo um banho e saio da casa, coloco uma roupa velha e uma calça rasgada, é uma mudança, na verdade eu nem vou de camisa, apenas a calça velha e um cinto pra segurar a onda. Faço um coque e já era.

Subo na moto e vou em direção a casa da Kia, ela disse que ficava logo em frente, mas que loucura, logo o bairro da garota que mais me intriga, com a ajuda do pai dela.

Vejo uma casa vermelha grande, com garagem, e o carro da minha mãe parado na frente. Grande demais para uma pessoa, mas não para Ohana, mulher exagerada.

Desço da moto e encontro os três conversando e rindo de algo em frente a casa vermelha, minha mãe, um homem e claro, o destino não poderia ser menos cruel, a Kia, no vestido florido do nosso primeiro beijo, descalça e com uma flor atrás da orelha, ela é sempre linda assim?

— Essa é a minha filha Ale! Eu sugiro que a mantenha calada, ela não tem muito controle das palavrinhas que sai da boca. — minha mãe brinca e todos riem, menos eu claro que ignoro eles e me sento no fundo do carro da minha mãe.

Kiara

Acordamos cedo, prometi ao meu pai que iria ajudar e vou. Visto meu vestido florido, o mesmo que usei no dia em que beijei aquela traste pela primeira vez, me faz lembrar ela, infelizmente.

Descemos e quando atravessamos a rua a mulher já está lá. É a mãe da Hauana, mesmo que não pareça nem um pouco eu lembro dela da vez do hospital. É uma mulher alta, linda como meu pai descreveu e seus cabelos são escuros.

— Ohana! — meu pai chama e eles se abraçam, é fofura demais.

— Ale! Já te disse que sua filha é um amor. Sou muito grata por você aquela noite, a Hauana nunca teve uma companhia tão agradável antes! — ela solta meu pai e me abraça, ela acredita mesmo que eu e a filha dela somos amigas.

— Não nos damos tão bem assim, mas ela é uma garota boa, me ajudou bastante. — a Ohana arqueia a sobrancelha.

— A Hauana te ajudou? — ela pergunta surpresa.

— Algumas vezes. — digo e ela fica mais surpresa ainda.

— Precisamos mesmo ter uma conversa. — rimos. Ela é cheia de vida.

A Hauana aparece, ela também está descalça, sem camisa, seu cabelo em um coque, e claro, seu mau humor.

— Essa é a minha filha Ale! Não tem lá um bom temperamento mas é uma boa pessoa, vem aqui filha cumprimentar as pessoas. — a Ohana é ótima.

A Hauana finge que não ouve.

"Pela manhã é pior." ela explica e acabo rindo junto com eles.

"Tudo bem, deixa ela à vontade.." meu pai tranquiliza a Ohana.

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